Saudações Leitores!
Quando eu vi esse lançamento eu realmente fiquei com muita vontade de ler, pois a sinopse é bem atrativa e não sei se sou apenas eu, mas acho que minha casa vive bagunçada, aqui, tem dois homens bagunceiros e, embora, tenha três mulheres para 'arrumar' parece não ser o suficiente, sabe? É como se a gente precisasse de um pelotão para arrumar a casa toda e ainda ter que seguir os passos dos homens e ir arrumando à medida que eles tiram as coisas do lugar ou sujam #Desabafo. Então, solicitei para a parceira Editora Record o livro e assim que chegou eu o li. Quero agradecer a editora pela delicadeza de ter me enviado o livro, diverti-me bastante acompanhando as loucuras da Mary, confiram a resenha e comentem!!!!!!
O Lugar
da Bagunça, Christina Hopkinson, Rio de Janeiro: Record, 2013, 352
pág.
Traduzido por Yedda Araújo da Silva
O Lugar da Bagunça, cujo título original é “The Pile of Stuff at the Botton of the
Stairs” (2011), foi escrito pela londrina Christina Hopkinson. A autora tem
outro livro publicado Izobel Brannigan.com (2004).
Sabe o que vem no final de um belo conto de fadas? Sim,
aquela expressão “... e foram felizes para sempre”, mas e depois do “felizes
para sempre” o que vem? Isso mesmo: o lugar da bagunça!
Christina Hopkinson escreveu um livro divertido,
inteligente e com críticas verdadeiras ao casamento moderno sob a perspectiva
feminina de Mary, a narradora personagem mais hilária, estressada e engraçada
que já encontrei nos últimos tempos!
"Não é fácil ser fria quando estou pegando fogo por dentro. Hoje em dia eu não me importo se sou convidada ou não para festas, embora eu fique furiosa pelos meus filhos. Semana passada, o Rufus não foi convidado para a festa de 6 anos do Flynn, apesar de eles sentarem juntos. Ainda tenho sonhos de empurrar aquele pivete do patinete para ele cair." (p.189)
O enredo é simples e a narrativa em primeira pessoa
enriqueceu a personagem Mary que é muito, muito honesta em seus pensamentos [honesta
até demais]. Mary tem 35 anos é casada com Joel e tem dois filhos: Rufus e
Gabe. Trabalha meio expediente fora e o resto do dia fica cuidando dos filhos e
tentando por ordem, ou melhor, arrumar a bagunça em sua casa, que nunca está
arrumada afinal, ela é a única para arrumar enquanto há três homens para sujar
e um em particular parece que dá mais trabalho: o seu marido.
Joel é um homem bagunçado, relaxado e despreocupado com
tudo, sente-se feliz pelas pequenas coisas e não se importa em largar o casaco
no sofá, deixar a xícara de chá por dias e dias na mesa ou tirar as loucas da
máquina. Joel é um cara estupendamente bagunçado, mas um ótimo pai.
Constantemente no livro os demais personagens ficavam repetindo para Mary o
quanto ela tem sorte de ter casado com o Joel, pois ele é maravilhoso. Mas Mary
não pensa assim!
"Eu costumava olhar para ele e me perguntar como eu tinha dado tanta sorte. Eu pensava, ‘Não mereço você.’ Agora penso, ‘Não mereço isso.’" (p.63-64)
Mary, já completamente fora de si, com a autoestima
baixa e altamente pressionada por ver que as casas de suas amigas estão sempre
limpas e arrumadas decide criar A Lista para colocar todos os defeitos de seu
marido Joel na ponta do lápis, ou melhor, planilha do Excel, e A Lista é imensa
e todos os dias cresce as infrações e Joel perde pontos, no final de um
determinado prazo ela decidiria se continuaria com o casamento ou não.
"Eu nunca me mataria. Embora talvez mate Joel. A lista é minha tentativa de não arruinar a vida dos meus filhos com um pai morto e uma mãe destruída por seu assassinato." (p.14)
Desde o começo do livro eu fiquei encantada com a
narrativa e apesar de ter considerado a Mary muito rabugenta eu gostei dela,
realmente gostei dela! Ela é o tipo de personagem imperfeita, cujas
imperfeições são altamente identificáveis com imperfeições de todos nós. Quem
em um momento de stress não descontou a raiva no marido, nos filhos ou amigos?
O Lugar da Bagunça é uma das narrativas a respeito do relacionamento em casal mais fieis
que já encontrei na literatura. Aponta defeitos [muitos], mas também
qualidades e faz-nos refletir sobre um casamento e as relações cotidianas. Às
vezes, as aparências enganam muito, ou melhor, não enganam: nós é que nos
deixamos enganar.
Durante a leitura um personagem que me chamou bastante
atenção foi Becky, a melhor amiga lésbica de Mary, que vive um relacionamento
também complicado com sua mulher Cara. Entretanto, ao contrário de Mary, Becky
tenta agir com racionalidade, mas as coisas não são fáceis e isso prova que não
importa se a relação é heterossexual ou homossexual, todo relacionamento tem seus
problemas, seus altos e baixos.
"Mas do que tudo, tenho raiva de você, Joel. E se eu pudesse destilar essa raiva em sua essência mais pura, ela seria uma água de lavar pratos infestada de germes, com partículas de gordura de costela de carneiro boiando para representar sua incapacidade de ajudar em casa. Não muito pura na realidade, mais parecida com um óleo escorregadio de tanta sujeira poluindo meu lar e meu coração do que um óleo essencial." (p.12)
Este livro tem ironia, cenas picantes [homo e hétero],
segredos e mistério, tudo na medida certa. É encantador pegar uma narrativa
como essa que além de entreter, faz refletir e tentar por ordem na bagunça
maior que, literalmente, não é a da casa, mas a do interior de cada um dos
personagens/nós. Não é autoajuda, mas é um livro que pode servir de exemplo
para salvar muita relação ou para que as pessoas encarem uma relação com uma
visão real e não romanceada. Viver com outra pessoa não é fácil e cada um tem
sua bagunça particular, imagina quando as bagunças se juntam?
É impossível chegar ao final desta leitura e não
indicá-la, ela é simplesmente fantástica e mostra que a realidade pode não ser
um conto de fadas, mas pode chegar bem próximo a um, ou se tornar um verdadeiro
inferno! Porém, não indico esse livro para pessoas com menos de 15 anos, tem cenas beeeeeem exóticas em suas páginas.
Camila Márcia