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Saudações Leitores!
Li A Menina Submersa: Memórias mês passado (junho) e foi uma leitura bem louca. Esse livro foi o primeiro que comprei da Editora Darkside Books e comprei em pré-venda, mas fui adiando a leitura até o mês passado. Esse foi um dos livros que comprei pela capa e por essas folhas rosas (sim, sou dessas) e apesar de ter sido bem confusa, foi uma leitura boa, desse modo, segue abaixo a minha péssima tentativa de resenhar um livro tão complexo:


A Menina Submersa: Memórias, Caitlín R. Kiernan, São Paulo: Darkside Books, 2014, 320 pág.
Traduzido por Ana Resende

The Drowning Girl: a memoir (2012) foi escrito pela irlandesa Caitlín R. Kiernan, autora de ficção científica e fantasia dark. Kiernan já escreveu dez romances, dezenas de quadrinhos, mais de 200 contos e novelas.

Nenhuma história tem começo e nenhuma história tem fim. Começos e fins podem ser entendidos como algo que serve a um propósito, a uma intenção momentânea e provisória, mas são, em sua natureza fundamental, arbitrários e existem apenas como uma ideia conveniente na mente humana. As vidas são confusas e, quando começamos a relacioná-las, ou relacionar partes delas, não podemos mais discernir os momentos precisos e objetivos de quando certo evento começou. Todos os começos são arbitrários. (p.17)


Simplesmente não sei como começar a escrever a resenha de A Menina Submersa: Memórias, porque, definitivamente, esse foi o livro mais louco que já li na minha vida. Isso é um ponto positivo. Mas a sensação que ficou quando virei a última página foi de que ia precisar de um bom tempo para assimilar a história, pois seria necessário refletir muito antes de conseguir falar sobre este livro.


Ainda estou pensando sobre o que li, mas decidi que precisava desabafar, então lá vamos nós: India Morgan Phelps (Imp) é esquizofrênica e decidiu escrever suas memórias (o que faz desse livro um livro dentro do livro)  que é como se fosse esse livro que temos nas mãos. Ela se propõe a contar uma história sofre fantasmas. E que história louca!

Essa é outra forma de ser assombrada: começar algo e nunca terminar. Não deixo pinturas inacabadas. Se começo a ler um livro, tenho de terminar, mesmo que eu o odeie. Não desperdiço comida. Quando decido dar uma volta e planejo que caminho seguir, insisto em caminhar até o fim, mesmo se começar a nevar ou chover. Caso contrário, tendo a brigar com a coisa inacabada que fica me assombrando. (p.38)


Como Imp é esquizofrênica e a narrativa de A Menina Submersa: Memórias é feita em primeira pessoa isso vai gerar uma terrível falta de linearidade e coerência pois a esquizofrenia é uma doença mental bastante perturbadora em que pode alterar completamente a percepção da realidade do indivíduo e muitas vezes o indivíduo com essa doença se vê em terceira pessoa, como alguém fora de si mesmo. Dito isso, acredito que vocês já podem ter uma ideia sobre como é perturbadora e confusa a narrativa de uma personagem esquizofrênica. 

O fato é que o leitor começa a acompanhar uma história que é contada através de várias histórias, porque Imp costuma começar uma coisa e terminar com outras, mas no final tudo está ligado de uma forma confusa mais coerente até determinado ponto. No entanto, o leitor, se vê em contante desespero por não saber se pode ou não confiar em Imp, pois sua doença a torna uma narradora não confiável e você, de fato, não sabe se tudo o que ela está contando realmente aconteceu, se são ilusões mentais ou mesmo um surto psicótico.

A própria Imp confessa que não sabe se o que ela está escrevendo é real ou ficção, mas a prática da escrita é uma forma de exorcizar os fantasmas, uma tentativa, fugaz, de tentar separar o real do imaginário.


Fantasmas são essas lembranças fortes demais para serem esquecida, ecoando ao longo dos anos e se recusando a serem apagadas pelo tempo. (p.23)

Sem dúvida alguma esse foi o livro mais doido, incrível, confuso, perturbador, curioso, assustador que já li. Conseguir entrar na cabeça de Imp, ou seja, de um "serumaninho" esquizofrênico é assustador e fantástico ao mesmo tempo.

Outro ponto bastante interessante é que esse foi o primeiro livro que li que tem uma personagem transexual e que é homossexual (Abalyn e Imp) que foi trabalhado de uma forma livre de preconceito e bem real, sem dar uma atenção exacerbada ao fato da transexualidade e homossexualidade, foi tudo trabalhado de uma maneira bem natural. 


Para finalizar gostaria de dizer que A Menina Submersa: Memórias é um livro extremamente original e diferente, tão diferente do que estamos acostumados que pode ser que não agrade a todos os leitores, mas fica a dica para quem vai lê-lo: procure conhecer e pesquisar sobre esquizofrenia, pois só assim se é capaz de compreender melhor o livro e a narrativa confusa.

Também vale frisar que A Menina Submersa: Memórias, além de ser um pouco confuso, tem uma narrativa lenta e em alguns pontos maçante, no entanto, se observarmos bem, isso tudo tem um sentido dentro da história e vale a pena o leitor insistir e se desafiar a lê-lo completamente. Um livro bem escrito já vale o mérito da leitura e A Menina Submersa: Memórias é merecedor. 


Sempre há um canto de uma sereia que te seduz para o naufrágio. Alguns de nós podem ser mais suscetíveis que outros, mas sempre há uma sereia. Ela pode estar conosco durante toda a vida ou pode estar aí há muitos anos ou décadas antes de nós a encontrarmos ou de ela nos encontrar. (p.107)

Resenha: A Menina Submersa: Memórias - Caitlín R. Kiernan

quinta-feira, 7 de julho de 2016

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