A Casa das Lembranças Perdidas - Kate Morton (resenha)

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A Casa das Lembranças Perdidas traz uma trama curiosa e instigante que nos faz começar a leitura e não querer mais parar!

Saudações Leitores!

Ano passado li A Prisioneira do Tempo de Kate Morton e fiquei impressionada com a história, de tal modo que prometi a mim mesma que leria outros livros da escritora, portanto, cumpri a promessa fazendo a leitura de A Casa das Lembranças Perdidas (The House at Riverton, 2006), relançado no Brasil pela Editora Arqueiro, o interessante é que descobri que esse foi o romance de estreia da escritora e essa informação faz total sentido, pois mesmo sendo um livro muito bom, não conseguiu superar os sentimentos que nutri por A Prisioneira do Tempo. 

Será que A Casa das Lembranças Perdidas é um livro bom? Absolutamente!!! Eu gostei demais dessa leitura, tem os elementos que mais gosto: uma espécie de romance histórico, narrativas em retrospecto, personagens impactantes e um cenário que conseguimos "entrar dentro".

Em A Casa das Lembranças Perdidas vamos acompanhar Grace Bradley em seus 98 anos narrando a história que viveu enquanto trabalhava, desde sua adolescência, na Mansão Riverton como criada. No entanto, vale ressaltar que algumas passagens desse romance narram sua história no momento atual (com seus 98 anos de idade), contudo, a maior parte do enredo se passa no passado, entre os anos de 1914 e 1924. Outro ponto interessante é que essa história do passado por vezes se trata de uma lembrança de Grace e por vezes de um registro de gravação que ela faz.

De forma breve, posso dizer que nesse livro vamos acompanhar não apenas a vida de Grace, mas os mistérios e segredos que ela presenciou enquanto trabalhava em Riverton, sobretudo porque a personagens estava muito ligada a Hannah e Emmeline, filhas da família Hartford. Essa história passa a ser revelada aos poucos a partir do momento que uma cineasta procura Grace para lhe falar um pouco sobre a morte de um jovem poeta que se suicidou na propriedade, e é nesse momento que as lembranças voltam com força a mente de Grace, pois além dela apenas Hannah e Emmeline sabem o que realmente aconteceu e os motivos que levaram o poeta ao suicídio.

Desse modo, A Casa das Lembranças Perdidas tem uma atmosfera um tanto gótica e soturna, porque sabemos que uma tragédia aconteceu, mas vamos desvendando-a em doses homeopáticas pelas introspecções de Grace que magistralmente. vai nos revelando aquilo que presenciou.

Kate Morton, já em seu primeiro romance mostrou com maestria seu cuidado com a escrita ao desenvolver personagens e enredo de forma primorosa e com uma cuidadosa reconstrução histórica da primeira metade do século XX, tornando o livro e a história fictícia em algo completamente coerente e  crível. Sua narrativa sensível, rica em detalhes, uma atmosfera sensível e mítica, demarcam a passagem dos anos, as transformações ocorridas na sociedade britânica durante o pré e o pós guerra, mostra também o contexto sócio-político da época com contornos ricos e profundos, permitindo que esse cenário influencie as escolhas dos personagens e possamos compreender o peso dessas escolhas para o futuro. 

A revelação de todos os segredos e mistérios por trás da Mansão Riverton e de todos os personagens é feita de forma metódica, sem pontos soltos e isso só demonstra o brilhantismo de Kate Morton como narradora e, apesar de ser uma história que tem um ritmo próprio, faz-nos querer devorar e virar cada página freneticamente para saber onde cada uma das peças se encaixam e como será a conclusão que, devo dizer, deixa um verdadeiro sentimento agridoce e esse sentimento não se refere apenas a boa condução e conclusão do enredo, mas por finalizarmos um livro que proporcionou uma experiência literária tão boa.

Só posso concluir dizendo que não se deixe assustar pelo volume do livro, pois as páginas passam rapidamente quando nos deparamos envolvidos com a história. Boas leituras e até breve!

FICHA TÉCNICA
A Casa das Lembranças Perdidas
Autor: Kate Morton
Tradutor: Léa Viveiros de Castro
São Paulo: Arqueiro
Ano: 2021 | 480 págs.

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