A Mulher em Mim, livro da "princesa" do pop, Britney Spears, é um relato emocionante e impactante sobre uma mulher que foi silenciada e viveu vários tipos de relações tóxicas por anos
Saudações Leitores!
A Mulher em Mim, trata-se de um livro de memórias e autobiografia da cantora pop Britney Spears que foi lançado este ano (2023) e acabou se tornando um fenômeno de vendas.
De antemão quero ressaltar que nunca me considerei fã da Britney na minha adolescência, mas gostava e escutava várias de suas músicas e creio que todo mundo (millenials ou não) já escutou alguma das músicas dela ou assistiu a algum de seus videoclipes, mas confesso que não estava com esse livro no radar e nem sequer tinha a pretensão de ler, até porque o livro - tanto físico quanto digital - estavam muto caro, no entanto, o audiolivro ficou disponível pela assinatura da Audible e ao ver vários comentários e impressões de outros leitores resolvi "ler".
Pra início de conversa A Mulher em Mim é um daqueles livros que vai ter um sentido mais especial para quem é superfã da Britney Spears e acompanhou sua história de vida, pois irá registrar e saber o que havia por trás de muitos desses momentos, contudo, mesmo quem não é superfã vai conseguir registrar alguns acontecimentos, pois foram vários momentos da vida da artista que saíram nos jornais/revistas - tais como a curatela, que em que ela, judicialmente, ficou "refém" de seu pai por 13 anos!
Pois bem, vamos lá: A Mulher em Mim vai trazer a história de Britney desde sua infância até sua vida adulta, mostrando de perto algumas de suas relações amorosas, as cobranças, difamações e perseguições que passava em decorrência da fama, mostra os sacrifícios que teve que fazer, bem como sua relação familiar que sempre foi estremecida, principalmente com o pai. Desse modo alerto, de antemão, esse livro traz alguns tópicos da vida da artista bem polêmicos e que podem se tornar gatilhos para o leitor.
Britney inicia A Mulher em Mim nos contando sobre sua infância em que teve que passar por testes, fazer apresentações difíceis, escutar "nãos" e como teve vontade de desistir algumas vezes antes de conseguir "acertar" o caminho para a escalada da fama. Britney começou cedo e sempre teve muito talento, mas precisou trabalhar muito para chegar a ser uma cantora famosa e bem sucedida.
Além disso ela conta como sua infância foi rígida, por conta da própria criação que seu pai teve e isso repercutiu quando ele foi criar os filhos dele, de modo que toda a cobrança que Britney e seus irmãos sofreram foi resquício dessa criação, mas também conta como algumas de suas relações familiares eram até boas.
Já conquistando um espaço no mercado da música em decorrência de seu grande talento para cantar e dançar, além das conexões certas, a artista acabou se apaixonando pelo queridinho da América: Justin Timberlake. A então jovem, Britney era extremamente apaixonada pelo jovem e tiveram um relacionamento bastante intenso, inclusive tinha toda uma especulação sobre se foi Justin quem tirou a virgindade dela, sendo que ela alega que já a tinha perdido na adolescência, mas que a mídia fazia todo um alvoroço pela princesinha do pop ser virgem e estar em um relacionamento com o queridinho da América.
No entanto, com o passar de algum tempo, ela engravidou e Justin alegou que uma criança atrapalharia a carreira dos dois, Britney teve que fazer um aborto em casa e esse relato é dolorido, porque ela praticamente o fez sozinha, sentindo muitas dores para que a impressa e ninguém ficasse sabendo.
Depois desse evento traumático, a cantora ainda queria seguir com sua relação, mesmo sabendo das inúmeras traições do namorado, mas Justin, preferiu se afastar e a deixou no momento em que ela mais precisava dele e o pior: lançou um álbum novo contando nas músicas toda uma história como se Britney fosse a verdadeira vilã e ele estivesse sofrendo. Por esse relato, Justin se mostrou um ser humano bem ordinário e irresponsável (espero que ele, de alguma forma, tenha evoluído e seja uma pessoa melhor agora).
A história dessa relação terrível com Justin, vem apenas mostrar o quanto as mulheres sofrem com o machismo, o quanto Britney teve que ser vilanizada em um momento que estava vulnerável e sofrendo pela separação. Após este término a jovem passou por um depressão que a deixou reclusa e devastada, enquanto Justin estava sendo aplaudido em shows e transando por aí com várias garotas.
Outro episódio triste que Britney fala em seu livro é sobre a grande exploração que sofreu de sua família e dos maridos, sobretudo após se tornar mãe e ter se visto separada de seus filhos sendo alegado episódios de "surtos". Relata também a forma como era assediada pelos paparazzi e tudo o que queria era proteger e ficar com seus filhos, mas o que ela ganhou foi a curatela: ser colocada como incapaz pela sua família, sociedade e judicialmente sem poder fazer nada e apenas trabalhar sendo que seu dinheiro e todos seus bens eram administrados/controlados pelo pai.
Britney vivia em intensa ansiedade e obrigada a fazer tudo o que o pai mandava, pois se não fizesse ele a ameaçava tirar o direito dela ver os filhos. Isto foi cruel e desumano, como pode ela ser incapaz para administrar sua fortuna e bens, cuidar de seus filhos e ainda ser considerada capaz para trabalhar arduamente? Além disso, como puderam colocar o pai dela como administrador de seu patrimônio sendo que todos os empreendimentos dele foram ineficazes e ele nunca soube administrar os próprios negócios, imagina os negócios da artista. A popstar, inclusive, teve que ir várias vezes para clinicas psiquiátricas por supostamente, segundo a família, não obedecer a curatela.
Ah, meu amigos, qualquer pessoa "normal" teria surtado sendo submetida a situações como essas que Britney viveu e que teve que viver em total silêncio, sendo abusada emocionalmente, vendo seu patrimônio ser usufruído por pessoas que deveriam amá-la, mas demonstravam o contrário, enquanto ela não tinha dinheiro nem para pagar um jantar para os amigos ou outros profissionais que trabalhavam para ela.
A Mulher em Mim é um livro cheio de gatilhos, mas também é cheio de esperança porque mostra uma artista extremamente forte e que fez o que podia diante da situação a qual era submetida, sobretudo no período de curatela (2008 a novembro de 2021), sendo que após esse período ela tem aprendido a como ser ela mesma, a se redescobrir e se curar de tantos traumas e ingratidão. Ela reforça que o apoio dos fã a tem mantido de pé, e é lindo ver esse reconhecimento.
Cheguei ao final de A Mulher em Mim percebendo o quão a jornada de Britney é dura, crua e essencial para que todos nós possamos entender que por trás de uma superestrela existe um ser humano que deveria ser respeitado, que também tem suas batalhas para vencer, que nem sempre é 100% e que nunca podemos saber tudo o que uma pessoa passa e por isso não deveríamos julgar suas ações, apontar seus erros, como se nós fôssemos os donos da verdade absoluta. Precisamos tirar os ídolos desse pedestal, é algo cruel os colocar lá e achar, que pela fama deles, temos o direito de julgar, criticar e apontar os comportamentos deles de acordo com nossa moral e ética particulares. Um ídolo é um ser humano, não devemos esquecer.
Sei que esse veredito já ficou extenso demais, porém ainda quero ressaltar dois pontos; sendo o primeiro o fato da mídia ter pintado Britney como alguém completamente desequilibrada e que vivia em surtos psicóticos, também especulando que ela era uma pessoa violenta, drogada (ela diz que nunca se interessou por drogas) e irresponsável, quando na verdade ela era apenas uma jovem agindo como jovem, uma mulher agindo como mulher e uma mãe agindo como mãe, mas tendo suas ações deturpadas.
Essa informação é extremamente importante para que pensemos no peso da responsabilidade do que consumimos, pois quanto mais dermos vasão a coisas assim, artistas, celebridades etc., serão explorados e terão suas imagens sendo deturpadas. Todo jornalista e paparazzi tem um ponto de vista feito de recortes de situações expostas e aquilo que ele produz irá mostrar isso se o público quiser consumir, então também somos corresponsáveis.
O segundo ponto que queria comentar é que ao finalizar A Mulher em Mim achei que o livro poderia ter se aprofundado mais em vários pontos em que tratou de forma superficial, acredito que a cantora deveria ter falado muito mais sobre a convivência dela com outras pessoas, mas Britney só quis ser polêmica com sua própria historia e não expôs tantas outras celebridades, de modo que a achei até "recatada".
Pra finalizar, achei a narrativa agradável e "fisgante", pois quando se inicia a leitura de A Mulher em Mim é impossível soltá-la, é quase como se Britney estivesse em uma conversa com a gente; o que me leva a pensar se foi a própria artista ou um ghostwriter quem o escreveu o livro. Não estou dizendo que o livro é super bem escrito, mas achei que, para um livro de autobiografia, tem uma narrativa bastante envolvente, coisa que não encontrei em outros livros de autobiografia que li (inclusive o de Michele Obama, que gostei, mas tem uma narrativa bem menos fluida, mais minuciosa e uma linguagem mais culta).
Espero que me desculpem pelo tamanho do veredito e que tenham gostado, fiquei bem empolgada! Até a próxima postagem!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: The Woman in Me Autor: Britney Spears Tradutor: Cristiane Maruyama Gênero: Memórias. Autobiografia. Editora: Buzz Ano: 2023 | 280 págs. País de Origem: Estados Unidos Classificação: +16 Aviso de Conteúdo: Saúde Mental. Depressão. Aborto. Abuso familiar. Minha avaliação:⭐⭐⭐(3/5) |
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