Saudações Leitores!
Primeiramente quero agradecer a Editora Record por ter me enviado o exemplar para ser resenhado aqui no DLL. Assim que li a sinopse de O Ladrão de Cadáveres fiquei tomada pela possessão da necessidade de ler, mas o livro não correspondeu as minhas expectativas, entenda o porquê:
O Ladrão de Cadáveres, James Bradley, Rio de Janeiro: Recorde, 2013, 304 pág.
Traduzido por Beatriz Horta
The
Resurrectionist foi publicado no
Brasil como O Ladrão de Cadáveres escrito
pelo romancista James Bradley, que é autor também de Warck e The Deep Field. O Ladrão de Cadáveres foi indicado ao The Age Fiction Book of the Year Award e
ao Christina Stead Award for Fiction.
Neste livro, o narrador personagem Gabriel Swift nos
conta sua história, que se passa na Londres de 1826. Gabriel é órfão e seu
tutor o manda estudar com o Sr. Poll. O Sr. Poll ensina para alguns alunos
anatomia, isto é, dissecado, cortando e fatiando corpos. Os corpos são
conseguidos através de ladrões de cadáveres que os vendem para os
professores.
“Nossas vidas são tão frágeis; vêm e vão por um nada, meros bruxuleios na escuridão eterna, sombras que passam num muro. Essa vida é tão consistente quanto o ato de respirar, é uma luz que ilumina o interior de nossos corpos e logo se apaga.” (p.22)
Prosseguindo a narrativa percebemos que Gabriel não
tem nenhuma vocação para a anatomia e medicina e após algumas intrigas acaba
abandonando os estudos. Na rua, apaixonado por uma prostituta (Arabella) e
viciado em ópio o narrador personagem acaba envolvendo-se com Lucan, um famoso
e temido ladrão de cadáveres, desse modo, acaba seguindo esta ‘profissão’ e
assim consegue seus trocados para manter seus vícios. Mas tanta
descaracterização o torna outra pessoa: mesquinha, egoísta e cruel. Ladrões de
Cadáveres que acabam agindo de forma insana e ao invés de saquear os túmulos
matam pessoas e vendem seus corpos frescos.
"Que coisa simples, tirar a vida de alguém. No final, é tão simples quanto arrancar um dente ou cortar um pedaço de carne." (p.209)
Em O Ladrão de
Cadáveres não temos um mocinho ou um romance que nos faça suspirar e muito menos
se trata de um livro de terror, como erroneamente supus ao ler a sinopse. Mas
sem dúvida, apesar da narrativa lenta, com diálogos escassos e em vários
momentos maçantes, o livro nos faz refletir sobre a efemeridade da vida e o
quanto existem pessoas sem escrúpulos, que para conseguirem o que querem –
mesmo quando não sabem o que querem – são capazes de fazer tudo.
John Bradley escreveu um livro que pode até retratar
bem a década de 1820 em Londres, que faz uma ótima descrição da anatomia humana
e faz os leitores refletirem sobre vida X morte, integridade X corruptibilidade,
companhia X solidão entre outras dicotomias e até mesmo paradoxos. Entretanto, O Ladrão de Cadáveres, torna-se uma
leitura um tanto monótona por conta da falta de diálogos e pela fragmentação da
história, que por diversas vezes apresenta características de um diário pessoal
do personagem Gabriel Swift que simplesmente só escreve quando quer e nos
coloca a par das partes que acha importante.
"Em algum lugar não muito distante, músicos tocavam e homens cantavam alto. Dentro de mim, entretanto, havia só um vazio enorme e impossível de ser preenchido. Até que finalmente levantei, abri a mala e peguei o frasco de ópio que tinha escondido lá." (p.154)
Particularmente, quando li a sinopse e vi o título do
livro eu fiquei imensamente curiosa, pensei que se tratava de um livro de
terror, desde “O Monstrologista” [resenha aqui] não lia algo de terror
realmente bom então fiquei toda animada com O Ladrão de Cadáveres, mas infelizmente a leitura deixou a desejar.
Em suma, o livro não é de todo ruim, mas fiquei com a sensação de que ele
poderia ter sido bem melhor.
Camila Márcia