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Resenha: Caixa de Pássaros - Josh Malerman

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Caixa de Pássaros, Josh Malerman, Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015, 276 pág.
Tradução: Carolina Selvatici
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Saudações Leitores!
Quando Caixa de Pássaros (Bird Box) foi publicado no Brasil, em 2015, não tive vontade de ler, nem sequer cheguei a pesquisar do que se tratava, até que, com o lançamento do filme pela Netflix e o grande frisson que este gerou, vi minha curiosidade totalmente despertada. O autor, Josh Malerman, não é apenas um romancista americano, mas também escritor de contos e cantor de uma banda de rock chamada The High Strung, também vale ressaltar que o mesmo tem outros livros já publicados no Brasil como: Piano Vermelho e Uma Casa no Fundo de um Lago.

A premissa do livro parece um tanto quanto inusitada e até palco de uma ficção científica, já que, aqui, vamos nos deparar com o mundo sofrendo uma grande transformação, em que os seres humanos passam a ver algo - no livro é chamado de criatura -  e no momento em que veem essa Criatura as pessoas passam a terem instintos assassinos e/ou suicidas.

"Ninguém tem respostas. Ninguém sabe o que está acontecendo. As pessoas estão vendo alguma coisa que as leva a machucar os outros. A machucar a si mesmas."
A partir dessa nova situação que se espalhou pelo mundo todo, uma nova forma de se viver ou se esconder surge e, para manter a sanidade, os sobreviventes passam a usar vendas e/ou se esconderem em suas casas tapando janelas, venezianas e portas para não verem a Criatura.

É nessa nova perspectivas que vamos acompanhar Malorie, uma mulher grávida que de início está muito cética diante das notícias desastrosas, mas após a perda da irmã ela começa a acreditar que algo está muito errado com o mundo e com as pessoas. É nesse meio tempo que Malorie passa a viver com um grupo de sobreviventes em uma casa, ao passo que o restante da humanidade entra em colapso.

Além de acompanharmos a narrativa em primeira pessoa, contada por Malorie, relatando todas as dificuldades e desesperanças que o "fim dos tempos" está proporcionando para seu grupo de sobreviventes, também vemos uma "luz no fim do túnel" quando avaliamos a gestação e esperança da personagem em relação ao seu bebê, em mantê-lo vivo, etc.
"Como pode esperar que seus filhos sonhem em chegar às estrelas se não podem erguer a cabeça e olhar para elas?"
A narrativa presente em Caixa de Pássaros não é algo completamente linear, mas um recorte de fashbacks, em que estamos presenciando fatos do presente que se tratam da "fuga" de Malorie com seu casal de filhos através de um rio com os olhos vendados e expostos a todos os perigos e desafios desse novo mundo inóspito, a fim de, encontrar um local seguro e autossustentável que, supostamente está ao final do rio. E também vamos acompanhar as lembranças de Malorie, sobre como toda essa loucura começou, sobre as pessoas com quem ela conviveu na casa, sobre o nascimento dos filhos, sobre as teorias criadas.

Posso afirmar, categoricamente, que toda a narrativa de Caixa de Pássaros  é cheia de tensão do começo ao fim, além de trazer muitas reflexões sobre comportamentos humanos, nos faz refletir sobre o que seria essa Criatura, sobre o fato das pessoas terem olhos e não poderem mais usá-los. É extremamente agoniante acompanhar todos os perigos e perdas que foram acontecendo no decorrer da narrativa e o que me deu mais angústia foi não saber e nem fazer ideia de onde tudo aquilo iria levar.
"Será que o lugar para onde estão indo é mais seguro? Como poderia ser? Num mundo onde não podemos abrir os olhos, uma venda não é tudo que temos para nos defender?"
Absolutamente tudo neste livro me pegou desprevenida, nunca sabia o que iria acontecer, no entanto, toda a atmosfera impressa durante a leitura só me fazia crer que algo muito ruim poderia acontecer a cada página.

Acredito que o fato de o mundo ter entrado em colapso e uma mulher estar grávida, quase a ponto de ter o filho fez toda a diferença nessa narrativa: o mundo desmoronando e o fio de esperança que toda a vida traz, mas ao mesmo tempo: que tipo de vida seria essa em que Malorie teria que manter os olhos dos filhos fechados? Sério, é muito reflexivo, só consigo pensar que este livro daria um excelente estudo, com análises sob diversas perspectivas.
"Que tipo de homem se covardia quando o fim do mundo chega? Quando seus irmãos estão se matando, quando as ruas residenciais dos Estados Unidos estão infestadas de assassinatos... Que tipo de homem se esconde atrás de cobertores e vendas? A resposta é A MAIORIA dos homens. Disseram a eles que poderiam enlouquecer. Então eles enlouquecem."
Achei incrível, cruel, angustiante, aterrorizador, esperançoso, forte. Só consigo recomendar este livro. É surpreendente e, com certeza, poderia falar bem mais e tocar em pontos bem impactante para vocês, mas se eu fizesse isso acabaria soltando spoilers, então só vou pedir um favor: se você leu, ou quando o ler, poderíamos conversar e discutir sobre este volume? Acho importantíssimo discutirmos e refletirmos sobre temas e potencialidades presentes em leituras como essa. Vamos conversar?
"O HOMEM É A CRIATURA QUE ELE TEME"

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