Longe de Casa: minha jornada e histórias de refugiadas pelo mundo, Malala Yousafzai/ com Liz Welch, São Paulo: Seguinte, 2019, 222 pág.
Tradução: Lígia Azevedo
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Saudações Leitores!
Longe de Casa: minha jornada e histórias de refugiadas pelo mundo (título original: We are displaced: my journey and stories from Refugee Girls Around the World) é meu primeiro contato com a história de Malala Yousafzai e todo o seu trabalho humanitário e inspirador.
"Nunca deixa de me chocar que as pessoas considerem a paz algo garantido. Sou grata por ela todos os dias, Nem todo mundo tem essa sorte. Milhões de homens, mulheres e crianças testemunham guerras diariamente. A realidade dessas pessoas evolve violência, lares destruídos, vidas inocentes perdidas. A única escolha que têm para se manter seguras é ir embora. Então elas "escolhem" ficar longe de casa. Só que não é exatamente uma escolha."Não costumo ler muito livros desse tipo, mas sempre que leio acabo gostando bastante, então ler e gostar de Longe de Casa foi bem natural, já que sou mesmo emotiva e gosto de sair da minha zona de conforto, ler histórias de luta e superação que me façam olhar pra fora do meu próprio umbigo me deixam comovida.
Esse livro, em especial, vem mostrar uma faceta pouco conhecida sobre a vida de refugiados, de quem não perdeu apenas sua casa, seus parentes, seus amigos, seu País, mas que nesse deslocamento imprevisível acaba perdendo sua dignidade e muitas vezes sua humanidade.
"Muita gente acha que refugiados deveriam sentir apenas duas coisas: gratidão ao país que lhes ofereceu asilo e alívio por estarem a salvo. Acho que a maior parte das pessoas não compreende o emaranhado de emoções que surge ao deixar para trás tudo o que você conhece. Não se está apenas fugindo da violência - que é o motivo pelo qual tantos são forçados a ir embora e é aquilo que os jornais mostram -, mas também deixando seu país, sua amada casa. Isso parece se perder nas discussões sobre refugiados e deslocados internos. Há um foco exagerado em onde estão agora, em vez de no que perderam."Em Longe de Casa Malala vai nos apresentar um pouco sobre sua história de vida, sobre o que a levou ser ativista e mostra o lado de refugiados que saem da violência e vão para um futuro incerto, imprevisível e se deparam com muitos percalços desde uma trajetória perigosa rumo a "paz/liberdade" até todo um preconceito e racismo que vivem quando se refugiam em alguns países, sem contar nas dificuldades de manter seu sustento, sua família e a educação dos filhos.
Malala utiliza-se de sua voz para poder contar os relatos das histórias de meninas refugiadas como: Zaynab, Sabreen, Muzoon, Najla, Maria, Analisa, Marie Claire, Ajida e Farah, Como também conta a história de Jennifer, alguém que ajudou enormemente uma família de refugiados. É incrível todas as histórias das refugiadas de vários lugares e de como se separaram se suas famílias, perderam amigos, pais e parentes e como viram a morte de tão perto e conseguiram almejar um futuro. Futuro que só seria possível se saíssem de seus próprios países.
"Tudo que sei é que minha família fazia parte do fluxo constante de refugiados deixando o país em busca de segurança. Para sobreviver, tivemos que partir."Foi impressionante como me envolvi com cada história das refugiadas de tal modo que devorei o livro em um único dia. Fiquei completamente envolvida e emocionada com os relatos de superação das refugiadas (até chorar, chorei), mas ao passo que admirava suas lutas, esperanças e coragem, ficava com o coração partido por saber que elas tiveram sorte, contudo, milhares de outros seres humanos pereceram na tentativa de escapar da violência.
Ao finalizar a leitura de Longe de Casa me senti transformada e inspirada para tentar fazer algo por essas pessoas. Gostaria que muitos outros leitores pudessem ter contato com essa leitura e vivessem a experiência transformadora que vivi ao lê-lo, decidindo, também, encontrar uma forma de ajudar refugiados, fazer algum trabalho humanitário, solidário ou ajudar financeiramente a quem precisa.
"Aquele luto profundo é algo que as meninas sempre carregam consigo. A cada conquista importante, sua alegria é diminuída pelo trauma muito real que as trouxe aqui. Imagino que seja assim para todos os refugiados - o paradoxo de ser grato por uma vida que é resultado da dolorosa perda da vida antiga."Encanta-me ver o poder transformador dos livros e fico agradecida por estas leituras: por mais livros assim, que nos inspirem e nos mostrem que podemos ajudar a construir um mundo melhor. Super recomendo!
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