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Resenha: Esperança - Lesley Pearse

sábado, 7 de dezembro de 2019

Esperança, Lesley Pearse, São Paulo: Arqueiro, 2019, 560 pág.
Tradução: Maria Silveira
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Saudações Leitores!
Esperança (Hope, 2006) escrito pela britânica Lesley Pearse, foi meu primeiro contato com essa escritora. Apesar de já ter outros dois livros dessa escritora na minha estante, nunca cheguei nem perto de lê-los. E quando o volume chegou aqui: imponente, com mais de 550 páginas, adiei um pouco a leitura, mas posteriormente me rendi.

Não deu em outra: fui arrebatada e Esperança se tornou um livro épico, visceral e com uma história do tipo que gosto: me fez falar palavrão, sofrer com os personagens, chorei, me apaixonei e teve inúmeras reviravoltas que me pegaram absurdamente desprevenida.

Vamos acompanhar alguns personagens por mais de 20 anos, iniciando ali pelo ano de 1832 e durante os anos que se seguem, o romance pega como plano de fundo a Guerra da Crimeia, que só mostra toda a pesquisa histórica que Lesley Pearse desenvolveu para dar mais coerência, personalidade e embasamento para seu livro Esperança.

Enfim, logo no começo do livro somos ambientados na história, onde no século XIX, haviam casarões onde os aristocratas moravam com suas famílias e rodeados de empregados fieis. É nessa casa, chamada Briargate, que boa parte da história acontece, quando lady Harvey, acaba de dar a luz a uma filha bastarda e duas de suas empregadas encobrem tanto a gravidez, quanto o parto.

"Mas Nell ficou chocada com tamanha insensibilidade e percebeu que a nobreza não tinha afeto de verdade por seus criados, eles os viam como meros burros de carga que iriam trabalhar até cair e então serem substituídos."

Uma das empregadas, chamada Nell, ainda uma adolescente na época do nascimento da criança, pega a menina e leva para sua mãe criar junto com seus vários irmãos, então lady Harvey acredita que sua filha bastarda morreu no parto.
Os anos passam, os segredos envolvem tanto a família de Briargate, quanto a família de Nell. A menina, que foi batizada de Hope, cresce rodeada de amor e carinho, mas desde cedo tem que trabalhar. Enquanto em Briargate, lady Harvey tem um filho (Rufus) de seu legítimo marido (Sir. William).

Uma série de acontecimentos, em sua maioria dramático e tristes acontecem e Hope se vê vítima de uma grande injustiça e tem que fugir de Briargate, completamente sozinha e sem dinheiro. A vida não foi muito fácil com Hope em nenhum sentido, mas todos seus infortúnios a moldaram e fizeram uma mulher resistente, forte, inteligente e muito a frente de seu tempo.

"Mas Hope não podia reivindicar a ignorância como desculpa para o que quer que fosse. Sabia a diferença entre certo e errado, tinha ido para a escola e possuía habilidades que nenhum de seus amigos tinha. É certo que caíra naquele poço sem ter culpa, mas precisava encontrar uma saída. Se não o fizesse, acabaria na prisão, ou vendendo o corpo até ficar tão doente que ninguém mais o desejaria."

Acredito que não posso falar mais do que isso sem dar spoilers, pois garanto que o bom desse livro são as reviravoltas e surpresas que não posso contar para não estragar sua experiência de leitura.
No entanto, preciso dizer o quanto fui enganada ler esse livro, julguei que seria apenas um romance de época cheio de clichês, de casais que se encontram e talvez se desencontrassem por algum mal entendido, mas me vi no meio de um drama digno de partir o coração e me levar às lágrimas, daqueles livros que conseguem judiar do leitor completamente, cheio de infortúnios e fatos históricos e inclusive uma guerra real-verídica-que aconteceu: a Guerra da Crimeia!

"É um triste estado de coisas homens e mulheres acharem que o sexo oposto é tão diferente. Somos doutrinados desde que nascemos para acreditar nisso, somos encorajados a esconder nossos verdadeiros sentimentos uns dos outros, e muitas vezes empurrados para casamentos sem amor. Não é de admirar que não saibamos nos comunicar livremente."

Não consigo nem encontrar palavras para dizer o quanto amei Esperança e, embora, reconheça que o livro não é de todo perfeito e tenha seus altos e baixos, afinal tem algumas soluções meio bobinhas e em alguns momentos o ritmo da narrativa perde mais o fôlego, para depois voltar a acelerar, ele me prendeu do começo ao fim e isso é um grande feito para um livro - um romance - com essa grande quantidade de páginas!
Preciso confessar uma coisa interessante foi que, durante a leitura, me lembrei bastante da série Downton Abbey, pois a gente acompanha tanto a vida dos senhores de uma casa aristocrata cheia de segredos, como também a vida dos empregados. Achei genial essa pegada e garanto que isso me empolgou bastante.

"Anne muitas vezes se enfureceu com a injustiça de uma sociedade que não só aceitava que o homem tivesse uma amante como quase o aplaudia, enquanto a mulher adúltera era vista como prostituta e condenada por todos. O mundo pertencia aos homens. Os homens podiam estuprar criadas, deitar-se com meretrizes e trazer doenças para casa e para a esposa; podiam até estuprar crianças e não serem punidos. Contudo, um homem não podia ter preferência por outro homem sem ser considerado um animal pervertido e, se fosse exposto, seria um pária na sociedade."

Enfim, acredito que os amantes de um bom romance de época associado com fatos históricos e cheios de drama e de situações de partir o coração iriam amar ler  Esperança, mas pelo seu volume e seu ritmo mais lento em alguns momentos, reconheço se tratar de um livro que pode não funcionar bem para todos os tipos de leitores.

Por fim, estou absolutamente decidida a ler tudo o que chegar em minhas mãos escritos por Lesley Pearse, mesmo que seja receita de bolo! Achei-a incrível!

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