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Resenha: Pequenos Incêndios Por Toda Parte - Celeste Ng

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Pequenos Incêndios Por Toda Parte, Celeste Ng. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018, 416 págs.
Tradução: Julia Sobral Campos
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Saudações Leitores!
Pequenos Incêndios Por Toda Parte (Little Fires Everywhere, 2017) se trata do segundo livro da escritora norte-americana Celeste Ng, cujo primeiro livro é Tudo o que Nunca Contei (2014), já publicado no Brasil.

Decididamente Pequenos Incêndios Por Toda Parte é um livro que divide opiniões, particularmente, fiquei em cima do muro após a leitura, pois ao passo que achei a narrativa maçante, reconheço as múltiplas reflexões que o volume traz à tona e toda a construção incrível dos personagens e até mesmo da narrativa, logo, essa narrativa, não tem nada de amadora.

De todo o modo, fiquei tão incomodada com essa leitura que fiz um vídeo-desabafo desse livro no canal, casos vocês queiram conferir, mas também resolvi trazer uma resenha escrita aqui para o blog.

Os bombeiros disseram que havia pequenos incêndios por toda parte. Vários pontos de origem. Possivelmente uso de combustível. Não foi um acidente.


No ponto de partida de Pequenos Incêndios Por Toda Parte, somos introduzidos a uma cena onde uma mansão em Shaker Heights está pegando fogo aos olhos de seus moradores, a família Richardson - família essa que é composta pela mãe, o pai e seus quatro filhos: Trip, Moddy, Lexie e Izzy (o modelo de família perfeita, vivendo o sonho americano).

No entanto, ao passo que o narrador nos situa nessa cena - vale ressaltar que o livro é narrado em terceira pessoa - também vai trazendo outros contornos e nos apresentando outras famílias, não tão tradicionais assim, como a do casal sem filhos McCullough e como a de Mia Warren e sua filha Pearl, que até então viviam se mudando, mas decidiram criar raízes em Shaker Heights, alugando a casa dos  Richardson. Todas essas famílias acabam criando laços muito profundos e que ao longo do livro, vamos percebendo o quão problemáticos são.

Fincar raízes tão profundas em um único lugar, estar tão imerso que o local se infiltrava em cada fibra do seu ser: ela nem conseguia imaginar como era.



Nesse cenário inicial acabamos percebendo que essa é, na verdade, uma das cenas finais do livro, o que faz com que fiquemos muito curiosos para entendermos o que aconteceu para chegar aquele estremo, e de fato é isso o que vamos descobrindo do segundo capítulos em diante.

Um dos pontos que realmente chamou minha atenção em  Pequenos Incêndios Por Toda Parte foi a narrativa, livros em terceira pessoal são de longe algo que adoro, porém, essa narrativa é tão densa que a gente realmente tem a sensação de que a leitura está se arrastando, em contrapartida é interessante como o narrador vai nos contando partes da história e inclusive fatos do passado dos personagens que nenhum deles conhecem, apenas nós.

Adorei essa sensação de ficar sabendo de tudo, de conectar os pontos, porém, mesmo amando esse aspecto, tive dificuldade com a falta de fluidez do livro, mas quero deixar claro que em momento algum senti vontade de desistir da leitura, porque realmente fiquei envolvida com o enredo. Eu precisava saber o que iria acontecer com essas famílias que acabaram se interligando de formas surpreendentes.

Claro que ela entendia por que aquilo estava acontecendo: as pessoas lutavam para corrigir injustiças. Por outro lado, as cenas na televisão faziam estremecer. Eram cenas granuladas, mas não menos aterrorizantes: supermercados em chamas, uma fumaça volumosa saindo dos telhados, as paredes lembravam caninos afiados à noite. Soldados marcavam com fuzis, passando por farmácias e lavanderias. Jipes bloqueavam cruzamentos sob sinais de trânsito apagados. Era mesmo necessário atear fogo ao velho para abrir espaço para o novo?


Posso dizer que  Pequenos Incêndios Por Toda Parte é um livro vai falar sobre relacionamentos, porque, a vida é sobre relacionamento que vão se desenvolvendo em situações emocionais e de crises, além do mais esse volume traz uma série de reflexões que tem o potencial de tocar cada leitor de uma forma diferente.

A forma como somos tocados, questionados e incomodados pelos temas abordados por Celeste Ng está relacionado, intimamente, com nossos valores morais, éticos, culturais, religiosos e até nosso conceito de justiça e injustiça, certo e errado.

Desse modo, entramos em contato com abordagens, argumentos e concepções que nunca paramos realmente para pensar e isso é o que torna  Pequenos Incêndios Por Toda Parte um livro que realmente vale a pena ler e "pelejar" para superar a barreira da narrativa pouco fluida.

Assim, aqui acabamos entrando em contado direto ou indiretamente com temas como valores familiares, sonhos, respeito, abordo, abandono, adoção, imigração, preconceito e muito, muito mais.



Acho que na maioria das vezes, todo mundo merece mais de uma chance. Todos nós fazemos coisa de que nos arrependemos de vez em quando. Você só tem que carregá-las consigo.

Outro ponto muito forte que Celeste Ng desenvolveu em seu livro foi a construção de seus personagens em camadas, pouco a pouco vamos conhecendo mais e mais desses personagens tão complexos e reais, vendo seus pensamentos, seus sentimentos, segredos e tudo de bom e ruim que fizeram ou pensam. É muito fácil se enxergar nesses personagens.

Para finalizar, não posso dizer que  Pequenos Incêndios Por Toda Parte foi uma das melhores leituras que já fiz, mas, com certeza, posso dizer que tem seus méritos e valeu muito a pena ler. Então, recomendo a leitura, porém, não vá esperando uma leitura fácil, fluida, ou um romance levinho, porque não é o que temos nessas páginas, se prepare para ficar impactado e boa leitura!

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