A narrativa envolvente de "As Aventuras de Pi" nos leva a questionar a realidade e a explorar a incrível capacidade do ser humano de se adaptar às circunstâncias mais adversas.
Saudações Leitores!
Acredito que muita gente conheceu esse livro através do filme e, esse foi meu caso, porém, na época de seu lançamento no Brasil (em 2012) o livro ficou muito hypado e, automaticamente, travei e não consegui ler porque acabei ficando com altas expectativas e fiquei com medo de me frustrar, então esperei até agora e o momento VEIO AÌ. As Aventuras de Pi, publicado originalmente em 2001, foi escrito pelo autor canadense Yann Martel que é um autor bem premiado por suas obras de ficção.
As Aventuras de Pi tem uma narrativa bem interessante que fez muita gente pensar se tratar de uma história real, porém, já vou elencar que toda essa história é ficção, ok?
No livro, vamos acompanhar a trajetória do jovem Piscine Patel (Pi), que tem a vida virada de cabeça para baixo quando seu pai, dono de um zoológico na Índia, decide se mudar para o Canadá e, para isso, precisa se desfazer de todos os animais selvagens que tinha. A família Patel vende alguns dos animais e para levá-los ao novo dono viajam em um navio, porém durante a viagem, acontece um naufrágio e Pi consegue entrar em um bote salva-vidas ficando à deriva no mar por vários meses, o problema é que no mesmo bote ele terá a companhia de um tigre-de-bengala, um orangotango, uma zebra e uma hiena.
Veja que caos: Pi salvou-se de morrer afogado, porém não está completamente a salvo, pois manter a sobrevivência ao lado de animais selvagens em que de todos os lados tem o oceano e nenhuma possibilidade de fuga é desafiar a própria natureza e acreditar na sorte ou em uma força divina, inclusive logo nas primeiras páginas o autor anuncia que essa história nos fará acreditar em Deus.
É interessante fazer uma observação agora, o autor revela que não quer ser tendencioso para nenhuma religião e que Pi segue três religiões distintas, mesmo tendo um pai ateu, ele acredita em Deus e, assim, tenta encontrá-lo em todos os lugares e situações. Assim, várias particularidades de cada religião são apresentadas no volume de maneira bastante respeitosa.
O livro As Aventuras de Pi é dividido em três partes bem distintas. A primeira parte temos a vida de Pi antes do naufrágio, ou seja como foi sua infância na cidade natal Pondicherry (Índia), como era sua escola, as aulas de natação, as tardes no zoológico do pai e outras curiosidades que nos faz criar uma intimidade com o personagem, além do mais, começamos a ver as dificuldades de manter os animais no zoológico e como o autor vai nos falando mais sobre cada animal, seus instinto e relações. Essa parte foi uma das minhas favoritas!
Na segunda parte temos a narração do naufrágio que irá testar a fé de Pi, quando ao sobreviver do acidente em um bote salva-vidas descobre que tem no mesmo bote a companhia de vários animais selvagens, inclusive um tigre-de-bengala chamado Richard Parker. Pi e Richard Parker ficaram à deriva por sete meses e durante esse tempo teremos os pensamentos e reflexões mais íntimas do personagem, perceberemos que a sobrevivência e a resistência para superar o sol escaldante, a falta de comida, água e o perigo iminente de ser comido por um tigre é aterrorizador e deixa, o psicológico fragilizado, com delírios e o corpo fraco. Devo admitir que, mesmo havendo um tigre de bengala que causa uma grande tensão, essa parte é extensa e em diversos momentos bastante cansativa, meu ritmo de leitura oscilou bastante.
Já na terceira parte, temos o desfecho de As Aventuras de Pi, ou seja, o relato de Pi sobre sua aventura no mar, fazendo com que não saibamos se sua história é verdadeira ou não, levantando a questão de que ele estava delirando por conta da fome e do sol, afinal, não havia quem atestasse sobre sua história. Ele realmente viveu o que disse viver? Visitou os lugares que disse visitar? Havia um tigre, um orangotango, uma hiena e uma zebra no bote? O autor, Yan Martel escreve mais de 400 páginas nos relando uma história de grandes aventuras, cheia de elementos surreais de forma tão vivida e coerente que ao final do volume, ao ser colocado contra a parede sobre o que nos foi narrado e ter que de tirar as próprias conclusões sobre a veracidade dos fatos é bem desnorteante, ao passo que envolve bastante.
De fato As Aventuras de Pi é um livro complexo no sentido de trazer várias alegorias da vida, possibilitando reflexões e lições acerca de diferentes formas de se entender e pensar a vida, a morte, a espiritualidade, a fé e a esperança. Isso é fantástico: sair de uma leitura com uma potência tão grande de reflexões e interpretações, senti-me impactada pelo livro. Agora só me falta conferir o longa-metragem.
Espero que tenham gostado de conhecer minha opinião e sintam-se encorajados a lê-lo, até o próximo post!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: The Life of Pi Autor: Yann Martel Tradutor: Maria Helena Rouanet Gênero: Ficção. Romance. Editora: Nova Fronteira Ano: 2001/2012 | 424 págs. País de Origem: Canadá Classificação: +14 Aviso de Conteúdo: Morte animal. Canibalismo. Luto. Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐(4/5) |
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