Impostora foi uma leitura que me prendeu do início ao fim: viciante, marcante, impactante e extremamente relevante!
Saudações, Leitores!
Finalmente li a escritora chinesa e imigrante estadunidense R.F. Kuang, ou Rebecca F. Kuang, autora da Trilogia A Guerra da Papoula e Babel ou a Necessidade de Violência, no entanto, meu primeiro contato com a escritora foi com o seu livro mais recente: Impostora: Yellowface, que venho tecer comentários hoje.
Alguns livros nos fazem refletir sobre questões profundas da vida e do mundo ao nosso redor, e Impostora: Yellowface, de R.F. Kuang, é um desses casos. Com uma escrita afiada e um enredo envolvente, a autora nos leva a um mergulho nada confortável nos bastidores do mercado editorial, abordando temas como apropriação cultural, privilégio branco, racismo estrutural e a competitividade implacável do meio literário. É um livro que instiga, provoca e, acima de tudo, faz pensar. Eu simplesmente amei essa leitura!
A trama acompanha June Hayward (ou Juniper Song), uma escritora branca mediana que vê sua colega Athena Liu, uma autora asiática de enorme sucesso, morrer inesperadamente. Num impulso moralmente questionável, June rouba o manuscrito inacabado de Athena e decide publicá-lo como seu próprio, alterando apenas alguns detalhes. O que se segue é uma montanha-russa de tensão, manipulação e paranoia, conforme a protagonista tenta manter sua farsa enquanto lida com a crescente pressão da indústria e da internet, onde as redes sociais tanto se torna um aliado, quanto um vilão.
Kuang faz um trabalho brilhante ao criar uma narrativa que se lê como um thriller psicológico, mas que também funciona como uma análise crítica do racismo e da hipocrisia do mercado editorial. June é uma personagem fascinante - não porque seja admirável, mas porque é complexa, cheia de justificativas para seus atos duvidosos, e representa uma parcela real de pessoas que se aproveitam de estruturas de poder a seu favor. É impossível não se sentir dividido entre o desprezo e a curiosidade ao acompanhar sua trajetória. Além disso, é a personagem que nos coloca diante de valores morais e éticos que podem ser deturpados ou modificados a depender de cada pessoa, infelizmente isso é real demais, porque são conceitos que tem mudado com o tempo e dependem também de do contexto cultural.
O livro é viciante e traz diálogos cortantes e situações desconfortáveis que nos fazem questionar até que ponto a "autoria" e a "originalidade" são conceitos inquestionáveis. Além disso, a crítica à forma como as vozes marginalizadas são tratadas no meio literário é feita com maestria. Kuang não alivia em momento algum, expondo as contradições da indústria e até mesmo da militância performática das redes sociais e que na vida real não são de fato relevadas.
Entretanto, se há algo que não me agradou completamente em Impostora, foi um dos plots no final, apesar de que pode ser considerado algo real. Sem entrar em spoilers, achei as ações de um personagem específico fugiu um pouco do tom que a narrativa vinha construindo até então. Mas, apesar dessa pequena ressalva, isso não diminuiu em nada a força da obra. A potencialidade narrativa de Impostora segue intacta, e o livro permanece uma leitura poderosa e necessária.
Se você gosta de livros que misturam thriller, crítica social e uma protagonista moralmente ambígua, Impostora: Yellowface é uma leitura obrigatória. R.F. Kuang entrega uma história que instiga e incomoda na medida certam, amei cada página!
Já leu? Me conta o que achou nos comentários! Até a próxima leitura! 📖✨
FICHA TÉCNICA |
Título Original: Yellowface Autor: R.F. Kuang Tradutor: Yonghui Qio Gênero: Ficção. Romance. Suspense Psicológico. Editora: Intrínseca Ano: 2023-2024 | 353 págs. País de Origem: China. Classificação: +15 Aviso de Conteúdo: Cyberbullying. Chantagem. Plágio. Mentira. Inveja. Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐(4/5) |
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