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A Estrangeira - Cláudia Durastanti (resenha)

sexta-feira, 23 de maio de 2025

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A Estrangeira não foi um livro que me marcou, ainda que reconheça sua importância dentro da literatura contemporânea e sua qualidade literária

Saudações, Leitores!

A Estrangeira (La Straniera, 2019), escrito pela americana-italiana Cláudia Durastanti, foi um livro que me chamou atenção pelo título e, especialmente, pela proposta: uma autobiografia com nuances de ensaio e uma escrita fragmentada, que se apresenta quase como um quebra-cabeça de identidades, lugares, idiomas, silêncios e deslocamentos. A autora, Cláudia Durastanti, filha de pais surdos e imigrantes italianos, parte de sua própria história para abordar questões universais como pertencimento, língua, família e marginalidade. E, antes de mais nada, é importante dizer que a estrutura fragmentada pode ser um ponto muito atrativo para alguns leitores — mas, no meu caso, foi o início do distanciamento com o livro, ademais essa é uma autobiografia romanceada, portanto não sabemos de fato o que é real e o que é uma versão particular de narrar.

Em A Estrangeira , especificamente, temos capítulos curtos e desconectados linearmente, o que traz certa agilidade à leitura e permite que o leitor navegue entre temas sem a obrigação de seguir uma linha narrativa contínua. A fragmentação é deliberada e, em muitos momentos, carrega um tom poético e filosófico que traz grandes reflexões sobre ser estrangeiro, não só em um país, mas dentro da própria família, da linguagem, da sociedade e de si mesma. Há, sem dúvida, trechos lindíssimos, daqueles dignos de muitos post-its e marcações — e talvez esse seja o ponto mais forte do livro: sua capacidade de capturar em frases soltas algumas verdades complexas sobre identidade, afeto e deslocamento.

No entanto, apesar de reconhecer o valor das reflexões que Durastanti propõe, A Estrangeira não conseguiu me cativar de verdade. Talvez pela natureza autobiográfica e pelo tom intimista, o livro exige uma conexão muito específica com a autora e sua vivência, e, como eu desconhecia Cláudia Durastanti até então — e como sua história não me tocou de forma pessoal —, senti que faltou um elo para que a leitura se tornasse mais envolvente, por outro lado, já li outras autobiografias de pessoas que até então não conhecia e gostei da narrativa e das suas vidas, eram interessantes e me prenderam mais.

É possível perceber que Durastanti escreve com honestidade, sensibilidade e inteligência, e que ela pensa o mundo com uma lente muito própria. Porém, por mais que a escrita flerte com o ensaio literário e traga um toque filosófico, não consegui me emocionar ou me envolver com os relatos. A sensação que tive foi de estar diante de um livro com muitas camadas, mas que permaneceu, para mim, hermético, frio e distante — como se eu estivesse lendo um diário interessante, mas de alguém que me era totalmente indiferente.

A leitura de A Estrangeira pode ser transformadora para quem busca um retrato sensível e intelectualizado das múltiplas formas de exclusão e deslocamento — sobretudo para quem se reconhece em histórias de imigração, em famílias com deficiências ou em experiências de marginalidade cultural. Porém, para mim, foi uma leitura que, apesar dos momentos de brilho e das frases reflexivas, não tocou. Fiquei na superfície da narrativa, mesmo tentando mergulhar.

Definitivamente, não foi um livro que me marcou, ainda que reconheça sua importância dentro da literatura contemporânea e a qualidade literária do que Durastanti constrói, inclusive antes de ler o livro vi alguns comentários positivos e fiquei empolgada, mas pessoalmente, não rolou. Talvez em outro momento, com outra bagagem e outras necessidades como leitora, eu conseguisse ter uma nova relação com a obra — mas, por enquanto, A Estrangeira permanece para mim como uma leitura que admirei de longe, sem conseguir me aproximar verdadeiramente.

Para quem gosta de leituras introspectivas, com tom ensaístico e linguagem reflexiva, pode ser uma excelente experiência. Mas se você, assim como eu, espera uma conexão emocional mais imediata com narrativas de vida, talvez este não seja o livro ideal — e tudo bem também. Nem toda literatura nos abraça, algumas apenas nos observam de longe.

Espero que tenham gostado do veredito, até a próxima postagem!

Espero que tenham gostado da resenha, e caso vá ler esse livro boa leitura e prepare-se, pois em Rosewood, o pior ainda está por vir. Até o próximo post!

FICHA TÉCNICA
Título Original: La Straniera
Autor: Cláudia Durastanti
Tradutor: Francesca Cricelli
Gênero: Autobiografia. Memórias.
Editora: Todavia
Ano: 2019/2021 | 256 págs.
País de Origem: Estados Unidos/Itália
Classificação: +15
Aviso de Conteúdo: Identidade. Cultura. Preconceito. Abuso de drogas. Saúde Mental.
Minha avaliação:⭐⭐(2/5)
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