Desculpa, Quero Me Casar Contigo é um livro que encanta e irrita ao mesmo tempo. É romântico e contraditório, belo e problemático. Revela-nos que o amor verdadeiro está longe de ser perfeito, mas fará de tudo para acontecer
Saudações, Leitores!
No final do ano passado li Desculpa Se Te Chamo de Amor - que gostei bastante, apesar de tê-lo considerado controverso - então, foi algo natural ter vindo conferir sua continuação direta: Desculpa, Quero Me Casar Contigo (Scusa ma ti voglio sposare, 2009), ambos do escritor italiano Federico Moccia. Aliás, aqui no site tem veredito de outros livros do autor: Três Metros Acima do Céu e Sou Louco Por Você.
Em Desculpa, Quero Me Casar Contigo, como já era de se esperar, segue o mesmo tom romântico, sensível e cheio de frases de efeito que marcaram o primeiro livro. Moccia, que já conquistou o coração de muitos leitores jovens ao redor do mundo, especialmente com Três Metros Acima do Céu, tem uma escrita bastante fluida, repleta de citações poéticas, cenários encantadores da Itália e personagens que transitam entre o amor idealizado e os dilemas da vida real. Seus livros são um verdadeiro clichê.
Neste volume acompanhamos novamente Alex, um publicitário de quase quarenta anos, que continua seu relacionamento com Niki, uma jovem de apenas vinte anos, ainda imersa no mundo da faculdade, das amizades adolescentes e de uma fase de descobertas. O grande dilema da narrativa gira em torno do amadurecimento (ou da falta dele) de ambos e da proposta de casamento que Alex decide fazer à namorada, o que acaba desencadeando diversos conflitos, inseguranças e situações um tanto quanto problemáticas, mesmo que o pedido tenha sido do tipo cinematográfico gerou muitas incertezas.
De fato, o enredo é carregado de dramas amorosos que são facilmente reconhecíveis por muitos leitores: traições, crises de identidade, medo do futuro, incertezas sobre o amor verdadeiro. São essas situações que tornam o livro envolvente, ainda que previsível em muitos momentos. Federico Moccia sabe como conduzir seus personagens por lugares bonitos, cafés charmosos e paisagens italianas de tirar o fôlego — o que torna a ambientação um dos pontos altos do livro, ao lado de algumas reflexões sobre o amor, o tempo e os compromissos.
Entretanto, é importante ressaltar que Desculpa, Quero Me Casar Contigo, apesar de cativante em sua proposta romântica, levanta várias problemáticas que não podem ser ignoradas. O comportamento de alguns dos personagens em diversos momentos flerta com o machismo, especialmente quando se trata do comportamento com as mulheres presentes no volume. Além disso, vale ressaltar que os o relacionamento dos protagonistas entre um homem de quase quarenta anos e uma jovem de vinte, que ainda está se formando enquanto pessoa, carrega um desequilíbrio de poder que é romantizado de forma perigosa, ainda mais quando sabemos que ambos começaram a namorar quando ele já era um homem maduro e ela ainda era menor de idade.
Outro ponto que merece atenção são os comportamentos moralmente questionáveis de alguns personagens, que vão desde traições normalizadas até falas e atitudes com um teor pervertido, especialmente em relação a garotas mais novas e em relação a filha bebê de um deles (fiquei tão chateada nessa parte, mesmo tendo visto que aconteceu como uma brincadeira, mas incomodou... não se brinca com isso). Isso gera um certo desconforto, pois há momentos em que o texto parece querer suavizar situações que, na vida real, seriam motivo de grande preocupação. Mesmo que o livro se proponha a retratar a juventude e seus impulsos, é preciso observar como essas escolhas são tratadas sem a devida crítica.
Além disso teve outro detalhe que me incomodou um pouco, mas pode ser que agrade aos leitores, mas foi que neste volume todos os personagens secundários foram dado destaques, capítulos e mais capítulos só deles... deixou o livro extremamente volumoso, mas ao mesmo tempo entregou camadas a mais sobre os personagens, tanto o grupo de amigos de Alex quando as amigas de Niki, neste volume nós acompanhamos a vida pessoal de cada um deles!
Ainda assim, não se pode negar que Federico Moccia tem domínio sobre a linguagem do amor juvenil e idealizado. Sua escrita é gostosa de acompanhar e, provavelmente, um leitor romântico que embarca nessa leitura tende a se envolver com os personagens, torcer, se irritar, se emocionar e até suspirar com algumas declarações. O livro fala sobre crescer, assumir responsabilidades, perder e ganhar, sobre o medo de amadurecer e o desejo de permanecer num amor que parece perfeito, mesmo que ele não seja, nos fazendo refletir que um amor real é cheio de altos e baixos, mas é nessa relação que você escolhe estar todo os dias porque você acredita que os dois juntos podem vencer e superar tudo.
Desculpa, Quero Me Casar Contigo é um livro que encanta e irrita ao mesmo tempo. É romântico e contraditório, belo e problemático. Revela-nos que o amor verdadeiro está longe de ser perfeito, mas fará tudo para acontecer. E talvez seja exatamente isso que o torne tão interessante: ele provoca sentimentos ambíguos, levanta questionamentos e nos faz pensar sobre as relações humanas, mesmo quando estas nos desconcertam.
Leitura indicada para quem busca um romance com drama, mas que também esteja disposto a refletir criticamente sobre as mensagens que se escondem por trás das declarações apaixonadas. Obrigada por lerem até aqui e até a próxima postagem!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: Scusa ma ti voglio sposare Autor: Federico Moccia Tradutor: Sandra Martha Dolinsky Gênero: Ficção. Romance. Editora: Planeta Ano: 2009/2010 | 413 págs. País de Origem: Itália Classificação: +15 Aviso de Conteúdo: Traição Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐ (4/5) |
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