O Lado Mais Sombrio, A.G.
Howard, Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito, 2014, 368 pág.
Traduzido por Denise Tavares
Gonçalves
Splintered
(2013) essa é mais uma releitura de
um livro clássico, desta vez a releitura é de Alice
no País das Maravilhas (de Lewis Carrol). O Lado Mais Sombrio foi
escrito pela norte americana A.G.Howard, e trata-se do primeiro livro da
trilogia Splintered. O segundo volume Atrás do Espelho já foi
lançado no Brasil em Setembro, além dele, foi lançado também um conto A
Mariposa no Espelho que está disponível gratuitamente (aqui).
Quando li Alice
no País das Maravilhas, senti como se estivesse lendo a descrição de um
sonho (ou pesadelo) em que num momento está acontecendo uma coisa e no seguinte
outra, em que podemos nos deparar com as coisas mais bizarras possíveis. Não
foi outro o sentimento que me invadiu ao ler O Lado Mais Sombrio, devo
reconhecer que a escritora sou explorar muito bem as possibilidades de tornar a
história ainda mais bizarra que a de Carrol.
Alyssa Gardner é uma Liddell, ou seja, sua
tataravó é Alice – do País das Maravilhas – e tudo o que sabemos sobre esse “país”
é uma história que a própria Alice contou a Lewis e ele escreveu, mas o pior
não é isso, sobre a família dos Liddell recai uma maldição. Todas as mulheres
Liddell sofrem de loucura e alucinações, mas, não é de fato, alucinações, já
que todas realmente escutam e podem conversar com animais e plantas. Cedo ou
tarde as Liddells são internadas diagnosticadas como loucas. Isso é o que
aconteceu com a mãe de Alyssa: Alisson.
"Os insetos não morrem em
vão. Eu os uso em minha arte, dispondo seus cadáveres em formatos e desenhos.
Flores secas, folhas e cacos de vidro dão cor e textura aos desenhos feitos
sobre uma base de gesso. Essas são minhas obras de arte... Meus mórbidos mosaicos."
(p.7)
Quando Alyssa descobre que o que paira sobre
todas as mulheres de todas as gerações de sua família é uma maldição ela fica
determinada a quebrá-la, no entanto, para quebrá-la, ela terá que embarcar na
toca do coelho e ir parar no País das Maravilhas.
É exatamente isso o que acontece, só que no
momento de entrar no espelho Jeb, o garoto por quem Alyssa é apaixonada acaba
indo junto com ela e ambos vão viver a mais bizarra aventura no País mais Maluco
e intraterrano. Nesse momento muita – muiiiiiiita – coisa bizarra acontece e
Alyssa tem que colocar em ordem o País das Maravilhas, oi seja, consertar todos
os erros de Alice, nesse ínterim, Alyssa acaba descobrindo muito sobre seu
passado, coisas que sua própria mãe havia lhe escondido, a fim de lhe proteger.
Realmente muita coisa estranha e surreal acontece, mas tudo é possível neste
mundo novo e Alyssa percebe que está muito mais conectada ao mundo intraterrano
do que jamais supôs.
Em O Lado Mais Sombrio temos também
delineado muitas ‘cenas’ picantes entre Jeb e Alyssa, e um tradicional triângulo
amoroso acontece entre Jeb, Alyssa e Morfeu (que é uma peça fundamental em todo
o desenrolar da narrativa). Não sei se gostei desse triângulo amoroso, porque
os personagens – todos – me pareceram muito imaturos e com atitudes tão
infantis que me surpreendi bastante, afinal eu ficava me questionando se a
escritora não estava decidida sobre o publico que ela queria alcançar com o
livro: havia momentos que eu acreditava piamente que ela estava escrevendo para
crianças e em outros para adolescentes e em outros para adultos, mas ficou tudo
tão misturado que a confusão não me agradou.
"Uma fagulha, quente e
elétrica, pula entre nós. Surpresa e excitação me transpassam, iluminada pelo
calor e pelo sabor dele. Seis anos de desejos secretos. Seis anos negando que
ele é a órbita do meu mundo." (p. 191)
Para ser bem sincera, não gostei muito de O
Lado Mais Sombrio, não estou desconsiderando o livro, mas achei que a
história não foi bem contada e a narrativa se arrastou. Vejam bem: a história
não foi bem contada, mas isso não quer dizer que não seja boa, ela tinha
potencial, mas se perdeu. Só me resta torcer para que a continuação seja
melhor.
Após a leitura conferi várias resenhas nos
blogs e percebi que muita gente gostou do livro, fiquei até chocada e até
pensei que talvez eu tenha lido esse livro numa época errada, mas não creio,
pois eu estava ansiosa pela leitura e só posso afirmar que fiquei frustrada,
mas essa é minha opinião. Opiniões mudam, se o segundo volume e o conto forem
bons, pode ser que eu mude de ideia, afinal esse foi o primeiro livro da
escritora e para um primeiro livro ela teve uma brilhante ideia.
Acredito que o fato de eu não ser – mais – fã
de releituras tenha me influenciado a olhar para o livro com outros olhos, de
qualquer forma, ainda prefiro [por mais bizarra que seja] a versão tradicional
de Lewis Carrol.