Saudações Leitores!
Quem acompanha o blog sabe que faço parte de um Clube do Livro na minha cidade e todos os meses nos reunimos para discutir um determinado livro e, claro, falar de outras leituras que por ventura fizemos. Em suma, o livro desse mês foi Deslembrança e não posso negar que foi uma leitura agradável e que eu já desejava fazer há algum tempo, mas fiquei um pouco decepcionada e vou explicar tudo da resenha, mas antes devo dizer que acho que soltei alguns spoillers, entretanto nada que seja muiiiiiito revelador, se isso é possivel... Confiram e comentem, sim?
Deslembrança. Cat Patrick, Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, 256 pág.
Tradução de Livia
de Almeida
Forgotten é o título original de Deslembrança, que apesar de não ser a tradução literal do título
original, considero bastante boa, pois o livro não fala de lembrança, mas de previsão
do futuro, isto é uma deslembrança? [falarei sobre isso daqui a pouco]. Este é o primeiro livro
publicado pela americana Cat Patrick.
A premissa do livro é bem interessante: uma adolescente
de 16 anos, chamada London Lane, perde suas lembranças todos os dias às 4:33h
da manhã, mas para ter uma vida parcialmente normal ela faz alguns bilhetes com
coisas importantes que precisam ser lembradas no dia seguinte e assim vai levando a
vida [com uma certa normalidade que até me surpreende]. O problema é que
todas as manhãs ela lê basicamente todos os bilhetes acumulados e ainda tem que
ir pra escola [que horas essa menina acorda mesmo?].
Ok. É uma ficção. Mas eu acho que até na ficção deve
haver uma lógica em tudo. Enfim, continuando: Certo dia, na escola, ela conhece
um rapaz chamado Luke Henry, um boy lindo, lindo, lindo, sabe? Romântico, bonito,
fofo, bonito, educado, bonito, corajoso, bonito. Tá, pronto, parei. Isso
tá ficando confuso...
Então, London, não consegue lembrar do passado, mas
consegue saber o que vai acontecer no futuro, saber quem estará na sua vida e o
que acontecerá na vida não só dela, mas de todos a sua volta [Deslembrança
pode estar associada a duas coisas: a impossibilidade de London se lembrar do
passado, e a capacidade dela de prever o futuro, já que não se trata de uma lembrança].
Automaticamente, quando London conhece Luke se apaixona por ele, o problema é que
ela não o vê em seu futuro. Mas contra todas as expectativas ela insiste no
relacionamento, já que incrivelmente ela consegue se apaixonar por ele TODOS os dias.
"Eu me lembro do que ainda vai acontecer.Lembro o futuro, mas esqueço o que já passou." (p.33)
London e Luke eram um casal fofo, sem grandes
problemas, brigas e mimimis, nessa parte eu achei o relacionamento deles bem
maduro para a idade. Mas não eram um casal perfeito, ambos escondiam segredos.
Quem não os esconde? London vivia
rodeada de segredos: sua mãe lhe escondia algo, ela escondia seu problema de
Luke, Jamie (sua melhor amiga: um tipo linda e meio piriguete) escondia da
escola um relacionamento proibido, o qual London não aceitava. Sabe essa
melhor amiga? Ela foi outro ponto que me irritou: elas não pareciam nada
melhores amigas, mesmo antes da briga que tiveram. Ops, falei de mais? Não creio.
Todos têm segredos, certo? Mas esses segredos tem uma importância
muito grande na história, principalmente quando são revelados, pois finalmente
conseguimos ligar os fios soltos da narrativa, mas mesmo após isso a história é
vaga demais, não há uma explicação densa sobre fatos e sobre o problema de
London. Tudo é muito superficial e isso é irritante, porque o livro tinha tudo
para ser perfeito, mas não foi, não para mim.
Desse modo, não posso evitar minha frustração ao
perceber que London escrevia bilhetes para si mesma na perspectiva de lembrar
coisas. Bilhetes? Bilhetes? É tão vago. Guardar suas lembranças em bilhetes e
notas, que a qualquer momento poderiam ser roubadas ou modificadas. Ai não sei, isso não colou.
"De alguma forma, em meio a tantas emoções conflitantes, o sono segura minha mão e me puxa.E tudo o que não foi escrito desaparece." (p. 39)
Frustração ainda maior foi a que eu senti
pela mãe da garota, ela praticamente é muito conformada e aceita numa boa o problema da filha,
não tem aqueles ataques de fúria do tipo: por que isso aconteceu com a minha
filha? Ou aquele lado protetor de mãe, na real, eu pensei que London fosse
adotada, tamanho o descaso de sua mãe.
Outro ponto já citado foi Jamie, a
melhor amiga, mesmo sabendo do ‘problema/dom’ da amiga preferia não saber do
futuro e nem seguir seus conselhos. Putz, qual pessoa, na face dessa terra, sabendo
que alguém poderia prever seu futuro não iria querer saber? Não cola, tem algo errado aí.
O final do livro também deixou muito a desejar, ficou
muito aberto, já li pela blogosfera algo sobre a autora escrever uma continuação,
mas não tenho certeza. Entretanto se tiver uma continuação pensarei duas vezes
antes de ler, mas como não sou a Jamie, acho que acabaria lendo pra saber o
desenrolar disso tudo.
Ao terminar a leitura só me veio o pensamento: Uma
leitura muito fofa, uma história que poderia ser muito atraente, mas por que
tão vaga? Faltou algo. Qual foi o propósito desse livro, mesmo? Senti como se a
autora tivesse começado a escrever uma história de amor e depois da metade do
livro mudou de ideia e começou a colocar um suspense policial que prejudicou um
pouco o enredo.
Agora tenho que admitir uma coisa, a capa é uma beleza
e passa a mensagem de que no sono as coisas vão ficando fora de foco até serem
esquecidas. No mais, classifico a história e a leitura agradáveis e fofas. Uma boa
distração para quem não espera demais desse livro.
Camila Márcia