Saudações Leitores!
Nessa minha vibe de ler HQs eu tenho percebido que esse tipo de leitura não é nada simplória e tampouco isenta de sentimentalismo e profundidade, pelo contrário, as HQs que tenho lido tem abordado temas profundos de maneira singular e com personagens absolutamente reais, portanto, ler O Mundo de Aisha me trouxe esse sentimento e essa reflexão sobre o feminino, o papel da mulher em sociedades ainda tradicionalistas e absurdamente falocêntricas. Quero compartilhar um pouco da minha opinião sobre essa HQ com vocês.
O Mundo de Aisha: A Revolução Silenciosa das Mulheres do Iêmen, Ugo
Bertotti, São Paulo: Nemo, 2015, 144 pág.
Traduzido por Fernando Scheibe
Fotografias de Agnes Montanari
Il Mondo di Aisha ou na tradução brasileira O
Mundo de Aisha, do
quadrinista italiano Ugo Bertotti traz a história de várias mulheres
combatentes em uma revolução silenciosa no Iêmen, um pais localizado na
Península da Arábia. Essa HQ foi inspirada a partir de entrevistas e
fotografias feitas pela fotojornalista, também italiana, Agnes Montanari.
Com extrema sutileza e delicadeza, o
quadrinista vai delineando as principais características e mazelas vividas
pelas mulheres do Iêmen, o quanto são subjugadas, obrigadas a se casarem ainda
crianças, são escravizadas, violentadas e em muitos casos assassinadas.
As mulheres do Iêmen eram obrigadas a se
cobrir com o véu negro - chamado niqab - e agirem como sombras e sempre
passarem despercebidas. Vale salientar que, no decorrer, da HQ as mulheres vão
se tornando mais independentes, mesmo diante do preconceito e da tradição
rígida no Iêmen, mas estas mulheres sombras, fazem uma revolução silenciosa e
sutil, conquistam paulatinamente seu espaço como se não quisessem nada.
O traço dos desenhos de Ugo Bertotti são bem
pesados e densos, mostrando - provavelmente - todas as angústias, medos e
inseguranças de suas personagens. O interessante é que nesse quadrinho
acompanhamos a história de várias mulheres. É uma história real, que comove e
ao mesmo tempo abre a mente do leitor para novas culturas e o peso histórico de
toda uma tradição que marginaliza o sexo feminino.
Não me atrevo a dizer que O Mundo de
Aisha foi uma das melhores HQs que já li porque, sinceramente, eu
esperava outra coisa, mas foi adorável ler e mesmo não sendo o que eu esperava
o livro me ganhou incondicionalmente. Vale muito a pena se debruçar sobre essa
HQ.