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Resenha: Frank e o Amor - David Yoon

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Frank e o Amor, David Yoon, São Paulo: Editora Seguinte, 2019, 408 págs.
Tradução: Lígia Azevedo
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Saudações Leitores!
Frank e o Amor (Frankly in Love) é o livro de estreia de David Yoon, que não é ninguém menos do que o esposo de Nicola Yoon, famosa autora de Tudo e Todas as Coisa e O Sol Também é uma Estrela.

Confesso que não tinha grandes expectativas ao começar a ler Frank e o Amor e, francamente, comecei a leitura para tentar sair de uma fase ruim de livros que não me prendiam, então, a única coisa que esperava desse volume era que fosse uma história de amor, e, no seu âmago, é uma história de amor, porém é mais do que uma história de amor romântico, é uma livro sobre todos os tipos de amores: fraternos, familiares, amorosos, por si próprio, etc.

Aqui iremos acompanhar a história de um adolescente, o Frank, que é descendente de coreanos, porém, ele pouco sabe sobre o país em que seus pais viveram e decidiram trocar pelos Estados Unidos, inclusive ela não sabe muito falar coreano, por isso sua comunicação com seus pais beira aos monossílabos, já que os pais também não sabem falar muito bem inglês.


Acho que o tipo de gente que se dispõe a viver em um país completamente diferente também se dispõe a criar suas próprias tradições esquisitas. Esquisitice gera esquisitice.

Apesar de sua família ter deixado a Coreia do Sul, eles seguem os padrões bem tradicionalista de seu país e, inclusive, fazem encontros com outros coreanos que moram nos Estados Unidos, como uma forma de ainda terem uma conexão com a Coreia e despertar nos filhos o amor pelo país.
Para completar, praticamente todos os pais do grupo sonham que seus filhos se relacionem, pois querem manter a "raça", o que para Frank e os outros jovens do grupo, é um absurdo e uma mistura de preconceito racista.

Ainda no meio de todos esses detalhes, Frank e os amigos estão no último ano do ensino médio e estão lidando com as aplicações para as universidades e a busca por seus sonhos. Como se não bastasse todos esses contornos - que para os jovens é tudo muito complicado - Frank se apaixona por uma americana: Brit.

Vou te dizer uma coisa. Vivo para fazer as pessoas rirem. Pais, irmãos, amigos, amantes, não importa. Só preciso fazer isso. Se por algum motivo você não sabe fazer alguém rir, aprenda. Estude como se fosse pro vestibular. Se tiver a infelicidade de não haver ninguém na sua vida quem te faça rir, largue tudo e encontre essa pessoa. Atravesse o deserto se precisar. Porque a risada não tem só a ver com graça. É a música das profundezas do cosmo que conecta todos os seres humanos e que diz tudo o que as palavras não conseguem expressar.

Como lidar com tudo isso? Eu super entrei na pele de Frank e consegui me lembrar que na adolescência achamos tudo isso muito complicado e "becos sem saída", então eu consegui me envolver bastante. Entretanto, os dilemas amorosos de Frank nem chegaram perto de serem tão empolgantes como outras reflexões que o livro proporcionou.

Claramente, o romance amoroso em Frank e o Amor não é o foco total do livro, pois durante toda a narrativa somos confrontados com a situação de Frank se sentir um estrangeiro, por ter ascendência coreana, pela forma com os pais o tratam. É aí que também entramos em contato com o relacionamento de Frank e os pais, o tradicionalismo e a rigidez da cultura coreana, a falta de diálogo e ao mesmo tempo a forma como o amor entre eles é foi construído no meio de silêncios, em meio ao não dito.


Quero saber qual é a sensação de dizer "eu te amo". Mas tenho medo de aonde levaria. Tenho medo dos riscos que envolve. Me pego paralisado diante da possível ascensão do relacionamento para um nível completamente diferente.

Ainda dentro de Frank e o Amor o escritor nos colocou diante de outra forma genuína de amor: entre amigos, a forma como há um relacionamento tão profundo, troca de olhares e mutuo entendimento quando você tem um verdadeiro amigo, e como essa relação sobrevive mesmo diante dos problemas e descobertas da vida.


Algo oficial aconteceu entre nós. Dissemos três palavras que poucas pessoas dizem às outras. É difícil definir o que essa preciosa expressão significa. É um pacto, uma declaração. Também é uma espécie de renúncia. Dizer "eu te amo" é o grito dos desamparados. Tudo o que se pode fazer é confessar e torcer por misericórdia.

Definitivamente, Frank e o Amor é um livro que, de certa forma, mesmo sendo e tendo linguagem simples, aborda grandes e profundos temas, é um livro sensível, pulsante e "vivo". Para completar, um detalhe que realmente amo em livros jovens é os sarcasmos dos personagens, simplesmente Frank e seu melhor amigo Q são fabulosos nos diálogos.


Para finalizar, acredito que eu deva voltar a frisar que Frank e o Amor é mais do que um livro de romance entre um casal, por que estou frisando isso? Vi algumas pessoas que foram com sede demais ao livro shippando Frank e Brit e quando viram que o livro não se tratava apenas dos dois acharam "chato". 

Por favor, para um livro ser bom ele não precisa focar no romance romântico, tá? Achei genial os contornos que Yoon deu ao seu livro, só acredito que o leitor precise se preparar para não focar apenas no casal principal, mas focar em todos os personagens. Com certeza, você gostará ainda mais desse livro. Eu amei!

As pessoas que se permitem aprender são as melhores.

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