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Resenha: A Filha Esquecida - Armando Lucas Correa

segunda-feira, 30 de março de 2020


A Filha Esquecida, Armando Lucas Correa, São Paulo: Jangada, 2019, 384 págs.
Tradução: Denise de Carvalho Rocha
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Saudações Leitores!
A Filha Esquecida (The Daughter's Tale, 2019) foi escrito pelo jornalista, autor e editor Armando Lucas Correa - vencedor de vários prêmios - que nasceu em Cuba, porém, desde 1997 mora em Nova York. Armando escreveu o best-seller internacional de A Garota Alemã.

De início já preciso dizer que esse livro vai nos apresentar uma história que se passa durante a Segunda Guerra Mundial, portanto, é mais um relato emocionante da tragédia que foi esse fato histórico, além disso A Filha Esquecida vai embasar a ficção de acordo com acontecimentos reais, então é a opção perfeita para quem gosta de romances históricos.

Dito isso, vamos ao livro A Filha Esquecida: a "cena" inicial pode ser um pouco confusa, afinal a narrativa tem início no pós-guerra, no ano de 2015, na cidade de Nova York, onde a personagem Elise Durval, já bastante idosa, irá se defrontar com seu passado e, a partir daí, irá "relembrar" sua história de sobrevivência e é essa a história que vamos acompanhar.

Aquele nome, aquele nome. Elise. Não era dela, pois ela não era ninguém. Não existia, nunca tinha existido. Ela viveu uma vida que não lhe pertencia, tinha formado uma família que havia enganado, falava um idioma que não era o dela. Tinha vivido todos aqueles anos fugindo de quem realmente era. E para quê? Ela era uma sobrevivente, e isso não era um erro, nem um equívoco.


É nesse momento que A Filha Esquecida irá nos apresentar, no ano de 1933, Amanda e seu marido Julius Sternberg que viviam em Berlim e começaram a sentir na pele os sofrimentos com as perseguições aos judeus. O casal está prestes a ter a primeira filha, Viera, que nasce em 1934, e  começam a temer pelo futuro da garota quando descobrem que estão esperando a segunda filha, Lina, que nasce em 1935.

Sempre que você tiver medo e seu coração estiver acelerado, comece a contar suas batidas. Conte-as e pense em cada uma delas, porque você é a única pessoa que pode controlá-las. À medida que aumentar o silêncio entre uma batida e outra, o medo vai começar a diminuir. Nós precisamos desses silêncios para existir, para pensar.

Tudo começa a desmoronar na família Sternberg e o casal precisa pensar não só em si, mas nas filhas, portanto antes de ser preso Julius consegue elaborar um plano de fuga para as filhas, onde as mandaria para Cuba, só que Amanda temerosa do destino, acaba enviando só a filha mais velha Viera, condenando assim Lina a uma vida em que iria presenciar os horrores da guerra.


Amanda e Lina fogem para a França e são abrigadas na casa de uma conhecida, porém a guerra também chega aquele país e novamente Amanda e Lina irão vivenciar muitos horrores, mortes, perdas, desilusões e tudo isso terá um peso muito grande na formação de Lina.

Agora ela estava vivendo outra de suas mortes. Só Deus sabia de quantas outras mortes teria que fugir.

Em época de guerra, todas as atrocidades podem ocorrer e alguns valores acabam se perdendo porque o que governa a situação é o medo e instinto de sobrevivência. Ler sobre isso é extremamente doloroso e angustiante, mas também é real, porque de alguma forma percebemos que esta história é bastante coerente e mesmo sendo ficção poderia de fato ter acontecido realmente, como de fato o autor utilizou-se de alguns eventos que realmente aconteceram para usar como plano de fundo para sua obra,

A guerra traz à tona o pior de nós. Isso é só uma maneira de sobreviver. Precisamos ter paciência, entender as outras pessoas. Ninguém quer morrer e o medo pode nos levar a fazer coisas horríveis.

A Filha Esquecida no geral fala das consequências desastrosas de uma guerra, de solidão, de medo, de sobrevivência, de chegar ao fundo do poço; no entanto, não é só de coisas tristes que o livro aborda, vemos - mesmo com dor -  o amor incondicional de uma mãe que tenta salvar suas filhas, o amor de um pai que mesmo morto fez o possível para salvar a família.


Todavia é impossível não observar o quanto uma guerra deixa marcas profundas em todos que viveram a situação, o quanto a dor e o sofrimento mudaram as pessoas e sociedade, mas a pior parte - a que mais dói - ao se acompanhar a história de A Filha Esquecida é ver a agonia e o sofrimento de milhares de crianças inocentes que simplesmente não entendiam porque eram perseguidas, porque estavam morrendo ou vendo morrer todos de sua família.

Essa não era a primeira família que ela estava abandonando e não seria a última. Não a interessava mais ver o que poderia acontecer no futuro. Fosse o que fosse, ela estava preparada. O que mais tinha a perder?

Em resumo, A Filha Esquecida, vai falar de sobrevivência e identidade, onde muitas vezes para sobreviver se terá que fazer coisas impensáveis ou se esquecer de quem se é, e isso não acontece apenas com adultos, mas com as próprias crianças tendo que tomar decisões cruciais para permanecerem vivas.

No final, somos sempre culpados, afinal guardamos na memória só o que convém, esse é um meio de sobrevivência.

Simplesmente amei a leitura de A Filha Esquecida, porém antes de finalizar minha considerações, acho válido fazer uma ressalva de algo que me incomodou no volume: achei que no final o autor perdeu um pouco o ritmo e, talvez, as 60 últimas páginas tenham sido mais lentas do que o aconselhado, mas nem isso faz com que o volume perda seu brilhantismo. Super recomendo!

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