SOCIAL MEDIA

Mostrando postagens com marcador Quadrinhos na Cia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Quadrinhos na Cia. Mostrar todas as postagens
Saudações Leitores!
A minha intenção era resenhar Quadrinhos dos Anos 10 (Saiba mais sobre o livro AQUI), mas tem livro que fala por si mesmo e esse é um, portanto vou tecer comentários sobre minha particular experiência de leitura, mas mostro várias páginas (quadrinhos) desse livro, pois tenho certeza que só em ver já vão desejar mergulhar nesse livro, venham conferir...

Quadrinhos dos Anos 10, André Dahmer, São Paulo: Quadrinhos na Cia 
(Companhia das Letras), 2016, 320 pág.

Quadrinhos dos Anos 10 foi "escrito" pelo quadrinista carioca André Dahmer que é conhecido como autor das tirinhas dos Malvados. Dahmer é muito conhecido por suas tirinhas sempre com conteúdo crítico, ácido, irônico e engraçado.


Vou falar primeiramente da edição, pois achei-a primorosa, realmente a Companhia das Letras caprichou, porque os quadrinhos são coloridos e o tamanho do livro é diferenciado - ele é larguinho - e dá uma impressão gostosa para as tirinhas. Cada tirinha tem uma folha própria e não ocupa mais do que três quadros.


Sobre o conteúdo encontrado no livro (deixo várias fotos aqui na resenha para vocês terem uma noção do que esperar do livro), tratam-se de tirinhas bem irônicas, sarcásticas, críticas sobre assuntos e experiências cotidianas/ corriqueiras e todas os temas abordados nas tirinhas são desenvolvidos de forma a se tornarem engraçados - o típico jeitinho brasileiro: rir das coisas engraçadas da vida e fazer piada das desgraças para tornar tudo mais leve.


André Dahmer também faz uma abordagem muito ampla, pois passeia sobre diversos temas e situações, além de evidenciar fatos passados como coisas bastante atuais - como a tecnologia - de forma a fazer críticas/elogios etc. Sem dúvida, Quadrinhos dos Anos 10, tem todo um estilo humorístico, mas não deixa de falar de assuntos sérios.


Os quadrinhos são bem realistas e crus, do tipo que é impossível não se identificar, ou associar ao nosso passado ou situações políticas e histórias da humanidade e do nosso próprio país. O quadrinista não se segurou e alfinetou todo mundo - sim, isso inclui você e eu, leitor!


Achei Quadrinhos dos Anos 10 fascinante e uma leitura com bastante conteúdo, mas que fiz de maneira rápida e divertida. São mais de 300 páginas que podemos ler tranquilamente de um fôlego só, aliás, caí na "onda" de dar uma espiada "por cima" e quando me dei conta já estava virando a última página.


Para finalizar. quem gosta de quadrinhos e tirinhas criativas, cheia de humor, inteligência, ironia e criticas a nossa sociedade, país e humanidade definitivamente, Quadrinhos dos Anos 10 deve ser uma leitura de referência! De verdade, espero tê-los deixado curiosos em relação ao livro e não percam a oportunidade.

Resenha: Quadrinhos dos Anos 10 - André Dahmer

domingo, 17 de julho de 2016

Saudações Leitores!
Vamos lá para mais uma resenha? Trago a Graphic Novel Habibi que me foi concedido pela Editora Companhia das Letras e vocês podem conhecer mais sobre ele AQUI.


Habibi, Craig Thompson, São Paulo: Companhia das Letras (Quadrinhos na Cia), 2012, 672 pág.
Traduzido por Érico Assis

Habibi foi uma Graphic Novel que desejei ler assim que terminei a leitura de Retalhos, também do mesmo quadrinista: Craig Thompson. O interessante em Habibi é que ele tem sofrido diversas críticas, tanto positivas quanto negativas o que o torna aquele livro que você precisa ler para tirar suas próprias conclusões.


As críticas dizem mais respeito a questão como a cultura Oriental é abordada no livro, alguns acham que há uma sátira a religião, outros dizem que o autor está tentando humanizar os árabes para os norte-americanos, mas o próprio quadrinista refutou tudo e disse que Habibi deveria ser visto como um conto de fadas, pois foi com esta intenção que ele o escreveu.


Não quero entrar nesses detalhes profundos e acadêmicos, mas acho válida toda e qualquer crítica: positiva ou negativa. O que pretendo com esta resenha é falar sobre o enredo e o que senti ao ler, o que achei dessa Graphic Novel.


Bem, desde que comecei a ler quadrinhos percebi que eu estava completamente enganada na minha ideia de que esse tipo de literatura era rasa e vazia e, pois a cada GN ou HQ que leio me deparo com uma profundidade enorme que muitas vezes não encontro em romances. Sim, já achei que quadrinhos era coisa para criança. Ledo engano.


Habibi é mais uma Graphic Novel que tem profundidade e emociona o leitor. Trata-se da história de Dodola e Zam, dois escravos, que por destino se encontraram e cresceram juntos, se apaixonaram, mas que também por força do destino foram separados e viveram vidas completamente distintas.


Enquanto Dodola tornou-se prostituta, Zam tornou-se eunuco. Tinham que viver constantemente à margem da sociedade e tendo seus próprios sofrimentos, no entanto, mesmo com o passar de vários anos o sonho de cada um era voltar a se encontrar. Ficarem juntos.


De fato, em Habibi temos uma história de amor incrivelmente forte. Vejam bem, eu disse forte e não bonita. É uma historia imensamente triste, cheia de dor, sofrimento e perdas. É difícil e doloroso acompanhar certas partes da Graphic Novel, há cenas chocantes e tristes. Por vezes me deparava com sentimentos que não sabia descrever, que me envolviam e que me faziam parar a leitura e tomar fôlego.


É incrível o quanto Dodola e Zam tiveram que passar quando estiveram separados, o quanto mesmo se conhecendo e se amando eles tiveram que se começar o processo do zero, pois ambos estavam absolutamente mudados. O quanto eles tiveram que aprender a se amarem, para amarem mais completamente um ao outro.


Particularmente amei Habibi e recomendo a leitura, também quero dizer que o trabalho gráfico da Companhia das Letras está fabuloso, cada detalhe: na mudança de capítulos, nas páginas trazendo todo o sentimento que as ilustrações abordavam, capa, tradução, tudo está absolutamente enriquecendo mais e mais a obra. Dá gosto.


Habibi é uma das Graphic Novels que podem ser vistas como um conto de fadas, mas é mais que isso: é uma GN que transforma nossa visão de ver os sentimentos e os seres humanos. É bom pegar um livro que tem a capacidade de nos mudar.


Resenha: Habibi - Craig Thompson

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Saudações Leitores?
Umbigo Sem Fundo foi uma cortesia da Editora Companhia das Letras (mais sobre o livro AQUI) que solicitei por pura curiosidade ao ler coisas incríveis sobre o trabalho de Dash Shaw, então conferi e quero dizer para vocês o que achei dessa leitura diferentona de todos os Graphic Novels que já li. 


Umbigo sem Fundo, Dash Shaw, São Paulo: Companhia das Letras 
(Quadrinhos na Cia), 2009, 720 pág.
Traduzido por Érico Assis

Umbigo Sem Fundo (Bottomless Belly Button, título original) é uma Graphic Novel publicada pelo quadrinista norte americano Dash Shaw que é ganhador de diversos prêmios e bastante renomado no "mundo" dos comics.


A Graphic Novel é dividida em três partes e a proposta e recomendação do autor logo na primeira página do livro é que o leitor faça uma pausa entre cada parte. É uma proposta maravilhosa, pois proporcionaria uma reflexão ao que foi exposto na parte lida, no entanto, o difícil é conseguir pausar a leitura, pois cada quadrinho tem uma cadência tão fluída que lemos tudo num piscar de olhos sem ao menos sentir.


Li de um fôlego só, mas quando fui reler fiz como o autor sugeriu e li uma parte por dia. Foi bem interessante seguir a experiência. Vale a pena frisar que Umbigo Sem Fundo não é um quadrinho infantil, pelo contrário, é uma Graphic Novel cujo público alvo é o adulto.

Umbigo Sem Fundo tem como trama a reunião da família Loony após os patriarcas, Maggie e David, anunciarem o divórcio após 40 anos de casados. Todos estão numa casa de praia e vão lidar com o anúncio de separação das mais variadas formas, no entanto são formas individualistas e egocêntricas e não é possível em momento algum notar a união familiar, porque todos os membros da família se sentem deslocados ao conviverem juntos. Dash Shaw vem trabalhar muito bem a personalidade e os problemas familiares de cada um dos membros da família, sobre tudo dos três filhos do casal: Denis, Claire e Peter.


É impressionante poder ver como cada um dos filhos encarou a separação dos pais de forma bem diferente. O que mais entrou em choque foi Denis (o filho mais velho, que já tem uma família), ele começa a vasculhar baús antigos, cartas dos pais para tentar entender porque após 40 anos de casados seus pais decidiram se separar.

Para mim, Denis é o personagem mais paranoico em relação a situação e eu achei um pouco exagerado as ações e atitudes do personagem, sobretudo por ele já ser um homem maduro e ter a própria família. Confesso que isso me deixou um pouco chateada, mas depois eu fiquei imaginando: Denis tem o direito de sofrer com a situação e tem o direito de lidar com ela de sua forma. Foi isso que o personagem fez. Ele não entendia, apenas queria entender. Achei-o cheio de insegurança e talvez com medo de que o mesmo destino estivesse sondando sua família (esposa e filho).


Também temos a filha do meio, Claire, que não vê muito problema na separação dos pais - age de forma indiferente - até porque ela própria é separada do marido e está bem mais preocupada com sua filha adolescente, Jill, do que com os problemas de seus pais.

Por fim tem o filho caçula, Peter, que também já é um homem formado, mas age como um adolescente inseguro e isolado de tal forma que não se sente parte da família Loony, é como se ele vivesse em seu próprio mundo e não está nem aí para a separação de seus pais, de tal forma que a própria representação do personagem pelo quadrinista foi feita com um rosto de sapo, como Peter fosse de outra raça, outra espécie e não um Loony.


Na minha primeira leitura de Umbigo Sem Fundo fiquei mesmo incomodada com algumas das atitudes dos personagens, mas na leitura posterior - e pausada - pude visualizar que, como personalidades diferentes, independente da idade e do sexo, eles embora fazendo parte da mesma família tiveram uma vida e uma criação diferente e muito individual, sem muito carinho e aproximação, portanto cada um deles tem seus traumas e a notícia da separação dos pais foi o estopim para uma infinidade de sentimento.  


Sem dúvida alguma, Umbigo Sem Fundo, foi uma leitura impressionante e, diferente de outros quadrinhos que já li, ele só pode ser melhor compreendido numa segunda leitura, fazendo pausas e refletindo sobre cada parte. Na verdade, esta Graphic Novel é surpreendente não só pelo que está escrito/desenhado, mas muito pelo não dito e exposto.

Resenha: Umbigo sem Fundo - Dash Shaw

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Saudações Leitores!
Após ler Persépolis é claro que eu parti para a leitura de Bordados, comprei o exemplar pela internet e assim que ele chegou em minhas mãos devorei.


Bordados, Marjane Satrapi, São Paulo: Companhia das Letras (Quadrinhos na Cia), 2010, 136 pág.
Traduzido por Paulo Werneck

Broderies (2003) no Brasil Bordados foi escrito por Marjane Satrapi nascida no Teerã (Irã). Marjane é uma quadrinista muito conhecida por sua série de quadrinhos intitulada Persépolis que, inclusive, é ganhadora de alguns prêmios.
Após a leitura de Persépolis não hesitei em comprar meu exemplar de Bordados e posso dizer com toda a certeza do mundo: novamente me encantei com o trabalho da Marjane e com o que encontrei nas páginas desse livro.
Trata-se de uma Graphic Novel cujo título, Bordados, faz alusão a uma cirurgia de reconstituição do hímen e também poderíamos associar ao trabalho de Marjane ao traçar diálogos/conversas/fofocas (como se estivesse bordando o livro) até chegar ao ponto a que se propôs abordar.
Aqui, Marjane está na sala de chá de sua avó com sua mãe e várias outras amigas quando começam um diálogo envolvendo o universo feminino, os tabus de sua sociedade e os relacionamentos a que as mulheres estavam sujeitas ou se sujeitavam.
Pode parecer bem simples, mas Bordados tem uma carga ideológica, social e cultural bem grande (tal como em Persépolis) e trata de tabus como a sexualidade, homossexualidade, traição, virgindade, decisões, medos, casamentos arranjados, filhos e sexo. São assuntos bem polêmicos para a época e o lugar geográfico em que as "personagens" se encontravam, atrevo-me até a dizer que era um assunto tabu em boa parte do mundo até algumas décadas atrás.
O que me agradou bastante em Bordados foi a linguagem fácil e humorística, em diversos momentos me pegava rindo dos assuntos e histórias que as personagens iranianas falavam.
Sem sombra de dúvida, índico esse livro, foi bem interessante ver que muitos dos assuntos abordados são assuntos pertinentes e presentes em qualquer país, independente da posição religiosa ou geográfica, o certo é que as mulheres estão cada vez mais determinadas a escreverem sua própria história sem ter que seguir um padrão de certo ou errado importo pelos outros ou opiniões sexistas.
Sendo um pouco audaciosa atrevo-me a dizer que Marjane Satrapi cresceu com a mente aberta e se torna um exemplo de feminista autêntica e proficiente, ou seja, ela tem propriedade para sê-lo já que viveu numa sociedade e em um território tão limitado e restrito no que se refere ao comportamento das mulheres. 


Resenha: Bordados - Marjane Satrapi

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Saudações Leitores!
Gente, eu não consigo mais resistir a HQ's, então não pensei duas vezes em comprar Maus e foi um leitura incrivelmente fabulosa, cheia de emoções e confrontos sentimentais. Essa HQ foi uma das que li e que mais mexeram comigo, acredito que será difícil encontrar outra que me faça sentir o que senti lendo essa...


Maus: a história de um sobrevivente, Art Spiegelman, São Paulo: Companhia das Letras (Quadrinhos na Cia), 2009, 296 pág.
Traduzido por Antonio de Macedo Soares

Maus, a Survivor’s Tale foi escrito pelo ilustrador, cartunista e autor de histórias em quadrinhos Art Spielgeman, que é uma referência nos quadrinhos. Duas de suas obras mais conhecidas são as semi-biografias Maus (que inclusive ganhou o prêmio Pulitzer) e as tiras em quadrinhos In The Shadows of No Towers.
Na minha 'onda' de ler quadrinhos (um gênero que recentemente tem despertado muito do meu interesse) descobri o livro Maus e me encantei com a proposta, um misto de curiosidade, porque eu não entendia como uma HQ poderia passar tamanho conteúdo emocional e histórico do tempo do holocausto. 
Art Spielgeman não é apenas o autor do livro, mas ele fala da história de seu pai, o judeu Vladek Spielgeman na época da Segunda Guerra Mundial e tudo o que ele e sua família passaram para sobreviver a guerra, a fome, aos perigos e aos centros de concentração (Auschwitz).
Maus é uma HQ bem peculiar, pois mostra Art entrevistando seu pai Vladek, e a partir das memórias de seu pai ela vai compondo a HQ com uma fidelidade e emoção incríveis. Sem sombra de dúvida, tanto Art quanto Vladek são personagens peculiares e aos poucos vemos delineados suas principais características e seu relacionamento familiar.
O foco do livro é relatar um dos períodos mais negros da história da humanidade, quando uma 'raça' se considera melhor e superior a outras, gerando a dizimação de milhares de milhares de pessoas. A HQ reflete através do próprio traço do quadrinista o período negro: traços grossos em preto e branco, muito preto que nos leva a supor dor, perdas e desolação.
Além desse detalhe, outro ponto auge e impressionante na obra é a representação dos personagens em forma de animais, poe exemplo: Judeus são ratos, Nazitas são gatos, Franceses são Sapos, Poloneses são Porcos e Estadunidenses são cachorros. Outro detalhe que vale frisar é o título do livro Maus em alemão significa rato, tudo a ver, não é?
Maus realmente me impressionou, tanto que demorei vir aqui escrever a resenha, este livro me deixou sem palavras e com um aperto enorme no meu coração. Diferente de apenas ler e tentar imaginar as cenas do que estava lendo, na HQ tive a oportunidade de ver a cena pelos olhos de Art e foi assustador passar por diversas das páginas, me dava uma angústia e eu ficava refletindo sobre a vida das pessoas mortas, dos sobreviventes, das família... tamanha dor proporcionada pela falta de amor e pela ignorância do homem.
Vladek Spielgeman foi um sobrevivente, mas ele não saiu incólume: percebemos os traumas, medos e angústias que ele carregou até seu último dia de vida. É difícil sobreviver a tamanha dor e não ficar cheio de cicatrizes.
Tenho um medo do ser humano e das coisas que ele faz em nome de uma suposta 'paz', que no final não é nada mais do que a promoção de guerras em busca de mais poder e dinheiro. É assustador! Tenho o meu coração apertado após conhecer Maus, pois mesmo já tendo lido vários livros sobre essa temática, nenhum deles mexeu tanto comigo. Um livro fabuloso para quem gosta de narrativas históricas e relacionadas ao nazismo, holocausto e Segunda Guerra Mundial.


Resenha: Maus - Art Spiegelman

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Saudações Leitores!
Se vocês gostam de Hqs eu só acho que precisam conferir essa resenha lindona que fiz de Persépolis* pois espero poder convencê-los a ler o exemplar.


Persépolis, Marjane Satrapi, São Paulo: Companhia das Letras (Quadrinhos na Cia), 2007, 352 pág.
Traduzido por Paulo Werneck

Persépolis inicialmente foi publicado em 4 volumes entre os anos 2000 a 2003, mas a versão que li é a coletânea da obra completa. Foi escrito por Marjane Satrapi e trata-se de uma HQ autobiográfica que passeia entre os anos de infância e maturidade da ‘personagem’.
Marji é uma iraniana que nasceu em uma família com a mente aberta, no entanto em seu país viviam em um ambiente opressor e conservador ao extremo, dessa maneira acompanhamos não só uma autobiografia simples, mas rica em contexto histórico, cultural e cheio de reflexões sobre os sentimentos, ideologias, religião e nacionalismo.


Marjane, desde os 10 anos até a sua maturidade, vai passar por muita coisa, e os diálogos e discussões com sua família, bem com as normas sociais estão em toda a parte (tal como a obrigação de usar véu e casar virgem). Quando as coisas começam a ficar realmente difíceis no Irã, Marjane é mandada para a Áustria aos 14 anos onde terá que aprender a viver sozinha, longe de casa, aprender por si mesma o que é certo e errado e a lidar com seus sentimentos e relacionamentos.
Marjane viu muita coisa (morte e destruição no Irã) e mesmo sabendo que na Áustria está segura ela não consegue se sentir em casa e sente-se culpada de ter fugido do Irã, de negar sua nacionalidade.


Sem dúvida Persépolis é uma leitura riquíssima e tem uma carga emocional e patriótica muito grande, acredito que é uma leitura que além de aspectos históricos – como já mencionei – entramos dentro de um ‘mundo’ e uma cultura diferente da nossa mas que é abordada de uma forma bem esclarecedora.

*Esse livro foi cortesia da Companhia das Letras, para saber mais informações clique AQUI.

Resenha: Persépolis - Marjane Satrapi

quarta-feira, 9 de março de 2016

Saudações Leitores!
Estou, particularmente, vivendo uma febre por HQs, simplesmente encantada e, portanto, não deixei passar a oportunidade de conhecer Dois Irmãos* em graphic novel e realmente estou ainda mais apaixonada.


Dois Irmãos, Fábio Moon e Gabriel Bá (baseado na obra de Milton Hatoum), São Paulo: Companhia das Letras (Quadrinhos na Cia), 2015, 232 pág.

Dois Irmãos em HQ é uma adaptação do romance de Milton Hatoum, um dos escritores contemporâneos de grande sucesso nacional. A HQ foi produzida pelos quadrinistas Fábio Moon e Gabriel Bá, que são ganhadores de vários prêmios artísticos.
Quando fazia Faculdade de Letras um dos professores me indicou a leitura de "Dois Irmãos" e me falou muito bem da obra, mas ainda não tive contato com a obra original, no entanto, quando foi lançado a HQ Dois Irmãos fiquei bastante curiosa e achei a oportunidade propícia para me apoderar dessa dupla experiência: ler uma HQ e conhecer a essência da obra de Hatoum.
Dois Irmãos aborda um drama familiar de rivalidade entre os irmãos gêmeos: Yaqub e Omar, que são filhos de um casal (Zara e Salim) de imigrantes libaneses e se passa em Manaus. Os quadrinhos repassam bem o carinho excessivo e a cobertura de mimos da mãe, Zara, pelo gêmeo mais novo Omar e a distância que o pai, Salim, mantinha dos filhos, de forma a ter um ciúme deles com a mulher.
Na HQ também somos apresentados de forma minuciosa e detalhista aos mistérios que estão girando em volta da família, da casa, dos filhos, de onde surgiu a rivalidade, os medos, os anseios e muitas pressuposições. Além disso, como a história se passa em torno de várias décadas ficamos a par da ascensão e declínio da própria família, de como o amor e o ódio, a verdade e as mentiras são fatores determinantes da vida dos personagens - acredito que de qualquer pessoa.
Sem dúvida alguma, a HD Dois Irmãos merece ser considerada a melhor Graphic Novel produzida no Brasil, cheia de detalhes, rica em sensações e acredito que faz jus a obra original, servindo com um complemento rico do que Hatoum escreveu. 

O trabalho de criação é tão magnânimo que contou com a colaboração de Hatoum através de detalhes e dicas quando Fábio Moon e Gabriel Bá necessitavam. Ao todo foram quatro anos para a obra ficar pronta e poder chegar a nossas mãos. Um trabalho rico dessas quadrinistas brasileiros.


*Esse livro foi cortesia da Companhia das Letras, para maiores informações acesse: AQUI.

Resenha: Dois Irmãos - Fábio Moon e Gabriel Bá (baseado na obra de Milton Hatoum)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Saudações Leitores!
Esse ano eu experimentei me "jogar" em estilos literários diferentes do que comumente leio, e foi assim que descobri um novo 'amor": HQs, a cada uma que leio fico mais e mais empolgada e hoje trago a resenha de Retalhos* que não é uma graphic novel fisicamente bonita, mas tem uma história real e bela... Confiram:


Retalhos, Craig Thompson, São Paulo: Companhia das Letras (Quadrinhos na Cia), 2009, 592 pág.
Traduzido por Érico Assis

Blankets publicado originalmente em 2003 é uma referência em se tratando de Graphic Novel e foi escrita pelo desenhista de quadrinhos Craig Thompson. Esse HQ também é uma autobiografia do artista e já ganhou inúmeros prêmios literários.
Aos poucos estou sendo fisgada por esse novo ‘planeta’ de HQs e estou me encantando cada vez mais, portanto, me deparar com Retalhos foi uma experiência incrível e que me deixou com a pergunta: “Como eu demorei tanto tempo para conhecer essa obra?”, muitas vezes obras maravilhosas passam desapercebidas pelos melhores leitores, por isso amo os blogs que sempre me apresentam a experiências novas.
"É sempre mais fácil suportar VERGONHA se você tem com quem DIVIDI-LA." (p.398)
Retalhos conta a história de Craig, desde sua infância à sua idade adulta e durante os quadrinhos somos apresentados a família dele altamente devota, o relacionamento distante entre o irmão mais novo e o primeiro amor de Craig.
Durante toda a obra nos deparamos com questionamentos que fazem parte do processo de crescimento de qualquer pessoa e é bastante atemporal, a gama de sentimentos aos quais somos inseridos nos fazem relembrar de nossa própria vida.
"Às vezes, ao acordar, as sombras do sonho são mais atraentes que a realidade, e relutamos em abrir mão. Você sente um fantasma por um tempo... intangível, talvez, incapaz de tocar no ambiente ao seu redor. Ou talvez, seja o sonho que o persegue. Você fica com a promessa do próximo. Mas o ato de acordar depende da lembrança." (p.572)
Pode parecer desinteressante um livro que trate bastante da fé, mas em Retalhos ficamos face a face com questionamentos, dúvidas, medos, a fé em diversos sentidos e o crescimento pessoal e espiritual do personagem, o ponto auge desse livro é a forma delicada e sensível com que o autor nos apresenta toda a história e o crescimento humano. Como situar os sentimento e como aceitar a si mesmo, se perdoar por pensar da forma como pensa.
O trabalho gráfico de Retalhos também é maravilhoso, a editora caprichou, além disso, o próprio traçado do ilustrador é de um talento e sensibilidade enormes que nos faz quase sentir o que vemos ao virar de páginas.
"Como é bom deixar uma marca na superfície branca. Fazer um mapa dos meus passos... mesmo que seja temporário." (p.581)

Sem dúvida alguma essa Graphic Novel tem um lugar cativo no meu coração e com certeza, merece ser lida por todos que apreciam literatura e não apenas por fãs de graphic novel. 


*Esse livro foi cortesia da Editora Companhia das Letras, para maiores informações acesse: AQUI.

Resenha: Retalhos - Craig Thompson

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Saudações Leitores!
Ultimamente tenho despertado meu interesse por novas leituras e resolvi adentrar nas HQs, já faz um tempão que não leio esse tipo de literatura, portanto, Mate Minha Mãe* despertou meu interesse. Corri para o abraço assim que o livro chegou e super gostei, quero dividir minha opinião com vocês...


Mate Minha Mãe, Jules Feiffer, São Paulo: Quadrinhos na Cia, 2015, 160 pág.
Traduzido por Érico Assis

Kill My Mother (2014) é uma Graphic Novel de Jules Feiffer, cartunista, dramaturgo, roteirista de cinema, autor e ilustrador de livros infantis e membro da American Academy of Arts and Letters, além do mais, Jules tem uma carreira premiada com um Pulitzer, um Oscar e um Obie Awards.
Uma das coisas que mais me chamou atenção foi o título de Mate Minha Mãe achei intrigante e, mesmo não tendo costume de ler HQs, ou melhor, Graphic Novels eu resolvi arriscar no gênero (gosto de me jogar em novas experiências literárias.
Mas como sou uma leitora que gosta de analisar o papel das personagens femininas em diversas obras, esse livro em particular, tem uma proposta que me ‘pegou’ além da característica do cinema noir ele traz muitas personagens e elas são o centro desse livro.
Outro ponto é que os personagens masculinos, geralmente machistas, ou sensíveis ao extremo, sempre estão dependentes das mulheres presentes nessa ficção, além disso a Graphic Novel faz um levantamento sobre os relacionamentos familiares, tem mistério, detetives, assassinatos e uma bagagem cultural estrondosa.
A Graphic Novel acontece em duas partes “Bay City Blues, 1933” e “Hurras Para Hollywood, 1943” é incrível como as duas partes estão tão conectadas e fazem com que todos os personagens (por mais distantes que estejam) se encontrem na culminância do que podemos chamar de ‘ato final’.
Quando nos deparamos também com as ilustrações rabiscadas de Jules Feiffer percebemos um traço tão original e rascunhado, como se fosse fácil colocar as emoções, ações e ideias no papel, sem dúvida essa qualidade aproxima o leitor da obra.
Particularmente, gostei da minha experiência com Jules Feiffer e com Graphic Novels, espero ter outras oportunidades de ‘navegar’ por esse estilo, parece uma opção maravilhosa para diversificar a leitura, abrir novos horizontes entre palavras e ilustrações.


*Esse livro foi cortesia da Companhia das Letras (Quadrinhos na Cia), para saber mais clique AQUI.

Resenha: Mate Minha Mãe - Jules Feiffer

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Instagram