Saudações Leitores!
Você já sentiu pavor de ler um livro, mesmo sem ele ser de terror? Bem, eu me encontrava apavorada em relação a A Culpa é das Estrelas pelo simples fato de ter visto tantas manifestações sobre esse livro: tantas resenhas, tantos comentários, tantas frases e quotes compartilhados, e tanto zum zum zum com o filme. Tudo isso, para alguns, é motivo de devorar o livro, mas, para mim, é motivo de ficar com o pé atrás... Já faz um bom tempo que tenho o exemplar e vinha me preparando psicologicamente para o ler, vinha tentando não criar expectativa. Resultado? Bem... tá aí na minha resenha:
A
Culpa é das Estrelas, John Green, Rio de Janiero: Intrínseca, 2012, 288
pág.
Traduzido por Renata Pettengill
The Fault in Our Stars publicado originalmente em
2012, foi escrito pelo norte-americano John Green, autor best-seller e
queridinho da atualidade. A Culpa é das Estrelas tornou-se tão popular
que a Fox Filmes adquiriu os direitos para a adaptação cinematográfica que
acontecerá ainda neste ano (prevista para o dia 06 de junho de 2014). John
Green também é autor de Quem é Você, Alaska? (2005), O Teorema de
Katherine (2006), Deixe a Neve Cair (2008 – coletânea de contos com
outros escritores), Cidades de Papel (2008) e Will
& Will, Um Nome, Um Destino (2010).
Desde o lançamento, A Culpa é das Estrelas
ganhou um destaque enorme nos meios de comunicação: internet, revistas,
bate-papos literários entre outros, um grande golpe de marketing que
popularizou o livro de tal forma que muitas pessoas já o leram e quem não o
leu, certamente, já ouviu falar dele ou já leu algum de seus quotes e/ou
compartilhou.
Tenho esse livro há algum tempo, mas sempre que lia
resenhas percebia que elas me davam medo do livro, confesso que não li nenhuma
resenha negativa, mas enquanto umas exaltavam o livro, colocando-o num pedestal
outros dizem apenas que o livro era bacana, mas não era a 8ª maravilha do
mundo. Adiei a leitura, parei de ler resenhas dele, evitei quotes e o trailer
do filme a fim de me descontaminar de todo esse bombardeio de informações, e
veja bem, estou aqui bombardeando vocês com mais uma opinião do livro, que
creio não será muito diferente das muitas já escritas nas redes sociais. O fato
é que ACEDE (abreviação
popularizada do nome do romance) é um bom livro, mas não é essa Coca-Cola
toda.
Temos personagens cativantes e intensos, cada um com
seus problemas mórbidos e terrivelmente deprimidos – pelo menos foi assim
que os enxerguei – mas que fogem dos clichês da depressão: ao invés de se
afastarem e desistirem, procuram viver intensamente suas breves vidas.
Hazel é muito inteligente e desde que se descobriu
doente sabia que era um milagre por ainda estar viva a mais tempo do que o
esperado, mas mesmo assim, mesmo divertida e inteligente Hazel é triste e
solitária até conhecer Augustus que após ter a perna abortada de seu corpo
ficou parcialmente curado do câncer, mas eis que a doença prega peças e volta a
aparecer.
"Meu nome é Hazel, dizia na minha vez. Dezesseis. Tireoide, originalmente, mas com uma respeitável colônia satélite há muito tempo instalada nos pulmões. E está tudo bem comigo." (p.12)
Hazel e Gus se conhecem num grupo de apoio para pessoas
com câncer através de Isaac e após papos sobre livros se encantam pelo livro Uma Aflição Imperial do escritor Peter
Van Houten, cujo livro não tem um final, movidos por essa paixão e na
expectativa de descobrirem como termina o livro, Hazel e Gus decidem conhecer o
autor do livro que mora em Amsterdã e embarcam nessa aventura, por sorte ou
azar, o autor é terrivelmente antissocial e um alcoólatra agressivo que não diz
nada sobre o final do livro.
"Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam. E aí tem livros como Uma Aflição Imperial, do qual você não consegue falar - livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição." (p.36-37)
Para mim, o enredo de ACEDE é um pouco bobinho demais e superficial, mas tem uma mensagem
linda e envolvente. Foi o único livro do tipo que li que não aborda as fases
tortuosas do câncer e que não vem com aqueles termos técnicos para fazer o
leitor entender a doença, mas de uma forma humorada, leve e intensa vem tratar
de um assunto sério e trágico, mostrando também que o apoio dos familiares – os
pais de Gus e de Hazel são imensamente maravilhosos e admiráveis – e amigos
(amigos de verdade) são muito importantes. Além do mais ACEDE mostra que não há tempo certo e errado para descobrir o amor
e mostra o quanto o amor pode tornar o que é frágil algo mais forte e bonito.
"Estou apaixonado por você e não quero me negar o simples prazer de compartilhar algo verdadeiro. Estou apaixonado por você, e sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que o esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo o que fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir a única Terra que podemos chamar de nossa, e eu estou apaixonado por você." (p.142)
ACEDE é um bom livro, mas não cumpre com a frase de Markus
Zusak escrita na capa do livro [“Você vai rir, vai chorar e ainda vai querer
mais”], o livro não me fez rir, nem chorar e nem desejar mais. Claro que
percebi que havia muito senso de humor, sarcasmo e ironia nas páginas, mas não
consegui entrar no clima e rir nessas partes – a doença é triste mesmo e já
perdi pessoas para o câncer, não consigo rir de algo assim, nem quando se trata
de ficção – não me emocionei, talvez a culpa seja do próprio Green, tinha
partes na narrativa com um potencial enorme de me emocionar e até arrancar-me
muitas lágrimas, mas John não soube explorar a sensibilidade dessas passagens –
talvez ele não quisesse que as pessoas chorassem em cima de seu livro – e, por
fim, achei que a história deveria acabar onde realmente acabou, não é
necessário mais páginas para sabermos o que acontecerá depois, achei que o
livro terminou de uma forma doce e delicada, exatamente como deveria terminar
uma linda história de amor, mesmo que triste.
Pela minha pouca experiência em ler John Green – além de
ACEDE só li Will
& Will (escrito em parceria com David Levithan) – percebo
que o escritor não quer levar os leitores aos prantos, mas quer mostrar uma
realidade alternativa: que nem todos que sofrem preconceitos ou tem uma doença
terminal precisam ser tristes ou ficarem se lamentando, mas podem buscar força
e esperança um dia de cada vez e fazer de sua existência agradável.
Para finalizar, A Culpa é das Estrelas tem seus
méritos, trata-se de um bom livro, mas acredito que tem publicidade que auxilia
um livro, mas a de ACEDE, apesar de tê-lo
popularizado e o tornado um best-seller (o que é favorável para as editoras) não
ajudou, porque tem muita gente que vai lê-lo com altas expectativas e vai
acabar se decepcionando. Eu, por exemplo, estava com altas expectativas no
começo, por isso não o li assim que ganhei, esperei um tempo bem grande para me
preparar psicologicamente para uma decepção, daí quando fui ler soube apreciar
o livro, não obstante, acredito que se eu o tivesse lido assim que foi
publicado e choveu aquela onda de propagandas eu seria uma leitora
terrivelmente frustrada, porque ACEDE
é um livro que não tem nada de mais: não é genial de maneira nenhuma. Dica para
quem ainda não leu, mas pretende ler: não vá com muita sede ao pote, deixe-se
encantar paulatinamente, porque só assim está leitura valerá a pena.
Camila Márcia
Ps.: Espiem minhas nails inspiradas em ACEDE, sofri pra fazer viu, não sou muito boa em desenhar nas unhas, mas até que gostei do resultado \õ/
Infelizmente o livro não me ganhou, eu li ele a algum tempo atrás, mas não gostei, achei um livro muito apelativo, mas enfim, gosto é gosto!
ResponderExcluirEstandy Books - A Estante Da Andy
Olá Andy, obrigada pela visita e comentário.
ExcluirO livro não é a última coca-cola no deserto, não. Mas é legalzinho. Entretanto não achei apelativo, como você achou, pelo contrário achei-o doce demais, percebi que a intenção do autor nunca foi fazer com que seus leitores derramassem rios de lágrimas sobre seu livro, mas foi mostrar de uma forma humorada que todos iremos morrer e independente do dia e do porquê temos que viver a vida, os dias, os meses e os anos com toda a peculiaridade do mundo.
xoxo
Mila F
Pelo mesmo motivo que o seu, também não li o livro ainda. E to com muito medo de me decepcionar (apesar de estar bem curiosa, hahaha).
ResponderExcluirOlá Carol, vlw por sua visitinha e comentário.
ExcluirBem, eu tive muito muito muito medo e o que percebi foi que se eu tivesse lido assim que pipocaram comentários sobre esse livro eu teria me decepcionado tanto, mas o li preparada para uma possível decepção e isso foi bom porque eu consegui não me decepcionar e gostei do livro, embora não seja o meu favorito e nem vá favoritá-lo.
xoxo
Mila F.
Eu li A Culpa é das estrelas e gostei bastante, porém não tanto quanto a maioria.
ResponderExcluirSei que muita gente que ama e acha o livro o melhor da vida.
Para mim foi um livro muito bom e só.
Apesar disso estou curiosa para o filme.
Bjs
Tais
http://www.leitorafashion.com.br
Olá Tais
ExcluirRealmente ACEDE é um livro bom, não é - como falei na resenha - maravilhoso, nada disso a história é linda e fofa e chocante para quem vive ou já vivenciou alguém com câncer, mas existem livros que abordam esse assunto bem mais emocionantes e até melhor escritos.
xoxo
Mila F.
Oi,Mila!
ResponderExcluirComo assim não é essa Coca Cola toda? hahaha...adorei!
Olha, vou te falar uma coisa. Também tenho pavor só de pensar nesse livro. Ainda não o li justamente por sentir uma pressão absurda por conta da massificação exposta pela mídia em relação ao livro. Tenho medo de me decepcionar profundamente. E se eu não gostar tenho medo de ser linchada pelos leitores porque não irei segurar a língua. Mas de qualquer maneira espero lê-lo antes que o filme sai nas telonas.
Vamos torcer para que a experiência não seja traumática..rs
Excelente resenha! Adorei!
Zilda Peixoto
http://www.cacholaliteraria.com.br
Olá Zilda!
Excluirachei a história bem mediana mas sei que até poderia ter gostado mais se não fossem tantas pessoas falando muito bem desse livro, acho que isso fez o livro perder o encanto, sabe?
xoxo
Mila F.
Olá Mila õ/
ResponderExcluirEu gostei bastante de ACEDE, mas não é esse amor todo não... achei um livro muito bom, mas também não vamos exagerar há livros muito mais geniais. Até mesmo a narrativa é tão simples que percebemos que foi feita especial para um publico jovem, o que não impede de adultos gostarem, mas não vão considerar algo sensacional.
Beijos, flor.
Oi Ju,
ExcluirEu também gostei do livro. Estou confusa pode os leitores da resenha estarem pensando que não gostei. EU Gostei, de verdade, só que o que eu quero dizer é que ele não é o melhor livro que li e que existem livros que tratam do câncer de maneira muito mais emocionante, só que entendo que o John não queria fazer os leitores chorarem ou algo do tipo, acredito que ele cumpriu o objetivo: agradar ao público adolescente e jovem.
Quando a escrita do autor é convidativa e descomplicada, escreve com simplicidade o que é mais um ponto para conquistar os leitores mais jovens. É horrível ler um livro em que se tenha que ficar o tempo todo olhando no dicionário. E recomendo a leitura de ACEDE, só que não vou superestimar esse livro.
xoxo
Mila F.
Olá Camila, gostei bastante de sua resenha, se fosse eu a escrever teria até medo, tem tanta gente que atira pedra quando dizemos que não gostamos de um livro que TODO MUNDO diz gostar e ser o livro mais emocionante da face da terra... bem, é bom saber que há alguns leitores que ainda não se deixam influenciar pela cultura massificada, aquela que diz que temos que gostar dos mesmos livros, das mesmas roupas, calçados etc...
ResponderExcluirVocê deu sua opinião e merece respeito por ela, apesar de você não ter curtido tanto o livro vi que não desvalorizou o livro e muito mesmo quem leu e gostou.
Vai assistir ao filme?
Olá Joaquim,
ExcluirEu gostei de ACEDE, viu? Só não foi o gostar/amar loucamente. Tem livros melhores.
Obrigada pelo comentário e, sim, estou muito interessada em assistir ao fim que tenho quase certeza que será ainda mais emocionante que o livro.
xoxo
Mila F.