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Resenha: O Ódio que Você Semeia - Angie Thomas

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O Ódio que Você Semeia, Angie Thomas, Rio de Janeiro: Galera Record, 2017, 378 pág.
Tradução: Regiane Winarski
COMPRAR: Amazon

Saudações Leitores!
The Hate U Give no Brasil traduzido por O Ódio que Você Semeia é um livro que me tirou o fôlego e arrancou lágrimas, pois aborda um tema muito importante para ser debatido: o preconceito. Aqui: o racial. Logo no início do livro já percebemos que Angie Thomas, a escritora, se inspirou na história de vários negros que sofreram e ainda sofrem preconceito nos Estados Unidos e, logicamente, em todo o mundo.
"Já vi acontecer um monte de vezes uma pessoa negra é morta só por ser negra e o mundo vira um inferno. Já usei hashtags de luto no Twitter, reposteiro fotos no Tumblr e assinei todos os abaixo-assinado que vi por aí. Eu sempre disse que, se visse acontecer com alguém, minha voz seria a mais alta e garantiria que o mundo soubesse o que aconteceu. Agora, sou essa pessoa, e estou morrendo de medo de falar."
Quando Starr e seu amigo Khalil são parados por um policial após um tiroteio numa festa, tudo o que a garota espera é que Khalil não faça movimentos bruscos, obedeça as ordens do policial, como seu pai lhe ensinou, mas Khalil, se chateia com a situação, pois o policial foi evidentemente abusivo e quando ele se vira para perguntar se Starr está bem ele é alvejado pelas costas pelo policial, foram três tiros que o levaram a morte. Sem motivo, sem defesa, sem justificativa. Detalhe: ele não foi o primeiro a ser assassinado assim e provavelmente não seria o último também, infelizmente.

Todo um pesadelo começa na vida de Starr que tem que lidar com o trauma psicológico que o evento lhe causou e também tem que encontrar sua voz e denunciar o ato abusivo e injusto para que, assim, o policial pague pelo crime que cometeu. 
"Funerais não são para gente morta. São para os vivos. | Duvido que Khalil se importe com as músicas cantadas ou com o que o pastor diz sobre ele. Ele está em um caixão. Nada pode mudar isso."
O enredo gira em torno disso: o fato da comoção da população com a morte desnecessária de Khalil que não ofendeu o policial, não estava armado. Mas uma série de fatos fazem com que Khalil seja estereotipado como o traficante negro e o policial como o herói que diminuiu o numero de traficantes agindo em legítima defesa. Fatos deturpados. Corrompidos. Histórias falsas. Histórias reais. Manipulação da mídia. ONGs que buscam por justiça.

Como leitores vemos os dois lados da moeda, logo nos posicionamos e vemos o quanto o mundo ainda é injusto e preconceituoso, pois percebemos que o policial jamais agiria daquela forma se fosse um jovem branco. Mas o livro não para de chocar apenas com este evento, vemos todo o desenrolar e a impunidade.
"Esse é o problema. Nós deixamos as pessoas dizerem coisas, e elas dizem tanto que se torna uma coisa natural para elas e normal para nós. Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio nos momentos que não deveria?"
Também somos confrontados com nosso próprio preconceito e o fato de que muitos brancos tem preconceitos/medos dos negros, mas há também muitos negros que tem preconceito com brancos e isso fica evidente dentro da família de Starr, pois a jovem namora com um branco e o pai dela o trata como o vilão, ele caí no estereótipo de que os brancos são maus e preconceituosos e vilões, sendo que quem está fazendo isso naquele momento era o pai de Starr: um negro. É irônico. É assustador. É um grande tapa na cara.
"Às vezes, você pode fazer tudo certo, e mesmo assim as coisas dão errado. O importante é nunca parar de fazer o certo."
Devo confessar que meu coração não estava tão preparado para um livro com um assunto tão forte, chorei e fiquei angustiada em vários momentos quando me confrontei com meu próprio preconceito, quando me vi na pela dos muitos personagens do livro e experienciei esse livro durante a leitura. Chorei, ri, falei palavrões, quis abraçar, quis gritar... Foi um choque de emoções.

Portanto, obviamente que indico esta leitura, mas alerto para que preparem o coração, pois o objetivo do livro não é nos apresentar um romance fofo - quase não há romance - mas nos mostrar a dura realidade de milhares de pessoas pelo mundo a fora, uma realidade que não foi "adoçada" para não nos chocar. Ela nos bombardeia. Sem sombra de dúvida: O Ódio que Você Semeia, poderia se tornar facilmente uma obra clássica: o conteúdo é perene, é uma literatura que informa, que denuncia e choca.
"Quando uma pessoa luta, se expõe, sem se importar quem machuca e nem se vai se machucar também."

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