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Resenha: A Guerra que Me Ensinou a Viver - Kimberly Brubaker Bradley

segunda-feira, 9 de julho de 2018

A Guerra que Me Ensinou a Viver, Kimberly Brubaker Bradley, 
Rio de Janeiro: DarkSide Books, 2018, 280 pág
Tradução: Mariana Serpa
COMPRAR: Amazon

Saudações Leitores!
A Guerra que Me Ensinou a Viver (The War I Finally Won) é a continuação de A Guerra que Salvou a Minha Vida, escritos por Kimberly Brubaker Bradley, o primeiro volume me marcou profundamente, por tanto, era algo iminentemente natural eu buscar ler o segundo volume. Vale lembrar que essa resenha terá spoilers, por se tratar de um segundo volume é impossível não tocar em assuntos abordados no primeiro volume.

Os acontecimentos de A Guerra que Me Ensinou a Viver acontecem quase que imediatamente os eventos do livro anterior, ou seja, não há distância temporal, e apesar de estarem sem casa própria após a explosão da casa de Susan, Ada e seu irmão, Jamie, vão morar numa casa pertencente a família Thorton. Finalmente Ada irá operar o pé torno, que apesar de uma grande melhora nunca será perfeito. 
"É possível saber um monte de coisas e mesmo assim não acreditar em nenhuma delas."
A Segunda Guerra Mundial continua a todo vapor e a questão de bombardeios, racionamentos seguem preponderantes, inclusive, é nesses acontecimentos catastróficos que Ada e Jamie realmente ficam órfãos, pois sua mãe falece na explosão da fábrica em que trabalhava. Susan compromete-se em ser a guardiã legal das crianças.

"Eu estava apoiada nos dois pés, sem muletas, usando dois sapatos. Conseguia ler, conseguia cantar. Tinha ido até a igreja caminhando, mesmo sendo um pedação. Precisava me lembrar disso. Tentei me forçar a me sentir feliz, mas por sob a felicidade eu estava espinhosa, como se toda a pele do meu corpo estivesse esticada demais. Eu podia não ser uma aleijada, mas ainda não sabia quem eu era."
É impressionante vermos o quanto Ada ainda continua insegura sobre o amor de Susan, o quanto está ainda mais temerosa em ficar sozinha no mundo, mas ninguém pode julgar esse comportamento da menina, pois alguém que não tinha instrução nenhuma e sofria abusos e violência da mãe além da falta total de carinho, é difícil reconhecer bons sentimentos nas pessoas, ela tem sua própria autodefesa psicológica: o medo do apego.
Mas também é intensamente emocionante vermos o quanto Susan com muita paciência e jeito vai conquistando cada vez mais o coração de Ada e Jamie, e o quanto ela vai ensinando as crianças a terem suas ideias e saberem distinguir certo e errado, além de superarem seus medos.

"Se eu começar a tirar coisas do coração, se eu conversar com você, se for apanhar as fotografias... eu vou desmoronar. Não vou conseguir aguentar viver aqui. Não vou ser capaz de aprender o que preciso aprender para ajudar a minha família. Se eu me abrir, vou me desmantelar."
Um elemento surpresa nesse volume é a surgimento de Ruth, uma menina alemã que é acolhida por Lorde Thorton no seu chalé, juntamente com Susan, Jamie, Ada e a lady Thorton, pois sua mansão foi requisitada para a guerra e eles teveram que cedê-la para o exército.
Com todas essas pessoas morando na mesma casa e todas com personalidades diferentes, é natural que o clima e algumas situações fiquem tensas e beirando a crises. Mas com jeitinho Susan vai resolvendo todos os problemas.

Em A Guerra que me ensinou a Viver vamos conhecer um pouco mais sobre Ada e Jamie, além de ver a evolução dos dois em relação a convivência com outras pessoas, com crianças, com cavalos, etc. É incrível também perceber que as crianças em sua inocência não entendem muito bem as causas da guerra, o que é perfeitamente razoável, já que EU mesma às vezes acho tudo o que ocorreu uma loucura, mas foi emocionante ver o quanto elas, mesmo sem entenderem e sem terem suas próprias ideias, acabavam aceitando acepções dos outros.
"A Maggie começara a vida com mais privilégios que qualquer pessoa que eu conhecia. A guerra só lhe trouxe perdas. Eu sempre fora aleijada e ignorante, e passara a vida atrás da janela de um apartamento xexelento em Londres. Agora andava com os dois pés, sabia ler e dividia o quarto e os livros com a filha de um barão. Exceto pela morte da Mãe, eu só havia ganhado. A morte da Mãe contava como perda ou ganho?"
Obviamente houve diversos momentos em que as lágrimas encheram meus olhos e ver alguns sentimentos tão profundamente retratados nas páginas desse livro, não só os dos personagens principais como também dos secundários - todos perfeitamente trabalhados pela escritora - me deixaram com o coração apertadinho, principalmente porque lidar com algumas perdas de guerra foi impossível não sofrer e se perguntar o porquê, coisa que se formos refletir, na época, quem passou por isso deve ter tido os mesmos pensamentos e questionamentos, principalmente: o sofrimento real.

Sem dúvida alguma, A Guerra que me ensinou a Viver, é um livro incrível e marcante, do tipo que carregaremos em nossa mente para sempre. Apesar da história ser de um tempo triste e revoltante é um livro que emociona também pela quantidade de esperança e pequenas vitórias e recomeços que ele proporciona através de reflexões. 
"O amor não é tão raro quanto você pensa, Ada. Podemos amar todo tipo de gente, de todas as maneiras possíveis. E o amor não é de forma alguma perigoso."

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