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Resenha: Circe - Madeline Miller

terça-feira, 18 de junho de 2019

Resenha Circe (Madeline Miller)
Circe, Madeline Miller, São Paulo: Planeta, 2019, 368 pág.
Tradução: Isadora Prospero
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Saudações Leitores!
Circe (2018) escrito pela romancista americana Madeline Miller, também autora de A Canção de Aquiles (2011, Ed. Jangada) traz a perspectiva de uma das personagens da Odisseia.

O livro, de cara, me chamou atenção por dar voz a uma personagem feminina, aparentemente vulnerável por não ter poderes mágicos como os de seus parentes Titãs e Olimpianos.

No volume, vamos acompanhar a narrativa em primeira pessoa, onde a própria Circe conta a sua história desde seu nascimento. Filha do deus Hélio (Sol) um dos titãs mais poderosos, ela deveria ter nascido com algum poder, mas isso não ocorre.

"Foi a minha primeira lição. Por baixo da face lisa e familiar das coisas, há outras que aguarda para rasgar o mundo em dois."
De modo que a personagem vive sendo subjugada e humilhada pelos outros titãs, no entanto, mas Circe, com sua aparente ingenuidade acaba sendo também curiosa e observadora dos comportamentos dos deuses e suas confabulações por poder e sede de vingança.

Quando já adulta Circe se apaixona por um humano e para torná-lo um deus, acaba descobrindo que mesmo sem poderes mágicos consegue usar de ferramentas (ervas, etc.) para conseguir transformar coisas e pessoas, manipular pessoas, matar, enfeitiçar.
"Quando jovens, pensamos que somos os primeiros a ter cada sentimento no mundo."
Desafiando a todos, Circe transforma o humano em um deus, entretanto, quando o segredo é descoberto, Zeus, temeroso dos poderes alcançados por ela, acaba punindo-a e exilando-a em uma ilha para sempre.
"Era isto que significava o exílio: ninguém estava vindo, ninguém jamais viria. Havia temor naquele fato, mas depois da minha longa noite de terrores, parecia pequeno e irrelevante. O pior da minha covardia fora suado durante a noite. Em seu lugar havia uma fagulha de empolgação. Eu não serei como um pássaro criado em uma gaiola, pensei, entorpecido demais para voar mesmo quando a porta está aberta."
Mesmo exilada nessa ilha, Circe continua a se tornar mais e mais poderosa, além disso, muitos outros deuses passam a visitar a ilha de Circe, para confabular com ela, para pedir ajuda. É nesse exílio também que a personagem conhece Odisseu e acabam dividindo muitas experiências, além de terem um relacionamento.
Ler Circe foi uma experiência inusitada para mim, pois não tenho muito conhecimento sobre a mitologia grega, mas passei a conhecer muito mais após esta leitura, sem contar que consegui me inserir dentro da história de tal forma que os sentimentos vividos por seus personagens eram sentidos por mim.

Admirei muito a forma como a autora, Madeline Miller, representou Circe, no principio insegura, obediente, temerosa e com o passar do tempo se tornando crítica, poderosa e uma observadora do comportamento humano e das consequências de cada ação.
"Deixe-me dizer o que a magia não é: não é poder divino, que vem com um pensamento e um piscar de olhos. Deve ser feita e trabalhada, planejada e procurada, desenterrada, secada, fatiada e moída, cozinhada, encantada e cantada. Mesmo depois de tudo isso, pode falhar, ao contrário dos deuses. Se minhas ervas não estiverem frescas o suficiente, se minha atenção vacilar, se minha vontade for fraca, as poções se tornam chocas e rançosas em minhas mãos."
"Ele não está dizendo que não dói. Ele não está dizendo que não sentimos medo. Só que estamos aqui. É isso que significa nadar na maré, caminhar na terra e senti-la tocar seus pés. É isso que significa estar vivo."
Circe  também tem uma forma interessante de mostrar que os deuses por mais poderosos que fossem tinham medo do poder uns dos outros ou mesmo que aparecessem alguém mais poderosos que eles, essa busca incessante por poder e vingança os tornavam intransigentes e infelizes.

Achei fascinante todas as reflexões trazidas por Circe e, mesmo tendo alguns adendos, em relação a algumas partes mais lentas e um tanto quanto cansativas durante a leitura, a leitura foi incrível e, definitivamente, despertou me interesse para ler A Canção de Aquiles. Madeline Miller se mostrou uma escritora fenomenal.
"No passado, já pensei que os deuses eram o contrário da morte, mas agora vejo que estão mais mortos que tudo, pois são imutáveis e não conseguem segurar nada nas mãos."

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