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Laços - Domenico Starnone (resenha)

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

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Laços é tão impactante e cheio de nuances que fiquei encantada, não esperava algo tão genial como o que encontrei aqui.

Saudações, Leitores!

Devo ser honesta e confessar que apesar de Laços ter sido publicado em 2017 eu não tinha ouvido falar desse livro (onde eu estava? Chocada!) escrito pelo italiano Domenico Starnone que tem outros livros publicados no Brasil, mas também não conhecia o autor. A parte boa é que esse livro me surpreendeu tanto que agora quero embarcar em outros livros do escritor.

Laços foi uma leitura que fiz de maneira despretensiosa, achei a capa, o título e a sinopse intrigante e (ainda bem) dei uma chance e percebi de início que se tratava de um romance de ficção muito alicerçado na realidade, algo visceral, impactante que retrata laços familiares, laços que construímos, sentimentais, que nos conectam a lembranças, a pessoas, a emoções. Esse livro ecoa muitos sentimentos reais e por isso não são de todo bonitos e puros.

O volume é dividido em três partes que, sim, apesar de não pareceram, pois são relativamente partes independentes, elas se entrelaçam de uma forma bastante peculiar: a ruína de uma família e isso é bastante chocante e real, pois só o que vemos são famílias se dissolverem e aqueles laços que pareciam permanentes mostram-se frágeis, desmancháveis.

A primeira parte de Laços e formada por cartas, sendo narrada por Vanda, uma esposa que está extremamente arrasada por ter sido abandonada pelo marido que de um momento para o outro estava largando-a, e a seus filhos, para ficar com sua amante muito mais jovem. Os relatos de diversas situações e o descontrole de Vanda mostra claramente o ressentimento dela que há mais de uma década vivia apenas em função da família e se vê agora sem chão e desestruturada pelo abandono, sem contar que os filhos ficam nesse "fogo cruzado" tendo as relações com o pai e a mãe fragilizada devido a separação conturbada.

A segunda parte vamos acompanhar a narrativa (também em primeira pessoa) de Aldo, um homem já idoso, com setenta e quatro anos, que está casado há mais de cinquenta anos, não demora muito para compreendermos que Aldo é o marido de Vanda (a Vanda da primeira parte deste livro), que agora tem setenta e seis anos e vive a relativa paz de um relacionamento maduro, mas que mesmo tendo aceitado Aldo de volta após sua traição, os laços que tinha com o marido nunca mais se refizeram e ambos mantinham a relação por um fio, e o casamento está com cicatrizes falsas, porque não houve ( não havia como ter) o real perdão e esquecimento do ocorrido. Eis que fica uma série de reflexões sobre a fragilidade dos relacionamentos e como algumas coisas não conseguem voltar ao seu devido lugar mesmo que aparentem (externamente) estar no lugar. Tudo isso sempre acaba voltando e, neste livro, volta com toda a força quando o casal retorna de uma viagem de férias e encontra seu apartamento absolutamente revirado e é ao colocar as coisas no lugar que o passado vem à tona.

A terceira e última parte traz como foco Sandro e Anna, filhos de Aldo e Vanda, as outras pontas desse laço familiar, pois os dois filhos tem uma relação péssima e são ambos os responsáveis por cuidar do apartamento e do gato dos pais quando eles saem de férias e ambos acabam tendo outras percepções de sua infâncias e de alguns  eventos que viveram sob a perspectiva do outro e não de si mesmos, percebem, inclusive, como esses eventos foram marcantes em suas vidas, mesmo que no momento não tenham percebido esse virar da chave.

No final da leitura de Laços nem sei dizer qual foi a parte que mais gostei e/ou fiquei mais sensibilizada, porque o livro inteiro me comoveu, dói vermos que construímos relações por sermos seres sociáveis e que necessitamos do outro, mas que qualquer laço que construímos são tão frágeis, por mais que tenhamos passado anos para construir em um piscar de olhos esses laços podem se desfazer, ou até mesmo quando somos ligados por laços com outras pessoas que foram nos impostas pelo destino e não porque escolhemos isso não significa que os laços determinam que essas relações sejam boas e saudáveis (como no caso de ser ligado aos pais ou aos irmãos). 

Pra finalizar quero só reforçar que esse livro traz muitas camadas e nuances a serem refletidas e analisadas, por isso não é de se admirar que o volume tenha sido o vencedor do Prêmio Strega (2011), um dos mais importantes prêmios literários na Itália, por isso e por tudo que elenquei neste veredito fica minha recomendação de leitura. vale super a pena, sem contar que o volume é bem curto, apenas 144 páginas.

Espero que tenham gostado, obrigada por terem lido e até o próximo post!

FICHA TÉCNICA
Título Original: Lacci
Autor: Domenico Starnone
Tradutor: Maurício Santana Dias
Gênero: Ficção. Drama. Romance.
Editora: Todavia
Ano: 2011/2017 | 144 págs.
País de Origem: Itália
Classificação: +14
Aviso de Conteúdo: Traição. Roubo. Envelhecer. Separação.
Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐⭐(5/5)
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