Definitivamente, O Menino da Lista de Schindler é um livro que merece ser lido, relido e partilhado.
Saudações, Leitores!
O Menino da Lista de Schindler (The Boy on the Wooden Box, 2013), escrito por Leon Leyson, com colaboração de Marilyn J. Harran e Elisabeth B. Leyson, foi uma leitura profundamente comovente, e antes de mais nada, gostaria de reforçar que este é um relato autobiográfico que nos transporta para um dos períodos mais sombrios da história mundial: o Holocausto.
Este foi meu primeiro contato com a história de Leon, e mesmo sem conhecê-lo previamente, sua narrativa me cativou profundamente. Aliás, já fazem anos que tenho o volume na minha estante e o comprei porque, na época, estavam lançando e eu estava lendo bastante livros sobre o Holocausto, inclusive assisti A Lista de Shindler e li o livro (AQUI) e fiquei com vontade de ler este. O Menino da Lista de Schindler nos apresenta à infância de um menino judeu na Polônia e à brutalidade do regime nazista, tudo por meio de uma escrita acessível e sensível, que nos toca sem ser sensacionalista — o que, para mim, foi um dos aspectos mais positivos da leitura.
Neste volume, especificamente, acompanhamos Leon desde sua infância simples em Narewka, passando pela mudança para Cracóvia, as humilhações e privações impostas pelos nazistas, até o momento em que sua vida é literalmente salva por estar na lista de Oskar Schindler. É quase inacreditável pensar que uma criança de apenas 10 anos precisou lidar com a fome, o medo, a perda e o trauma de viver sob o terror constante. A forma como Leon nos conta tudo isso, no entanto, não é agressiva: ele nos entrega a dor com dignidade, sem esconder os horrores, mas também sem se perder em descrições extremamente gráficas. Isso torna o livro ainda mais poderoso, pois a dor transborda nas entrelinhas e nossos olhos ficam marejados de lágrimas em diversos momentos.
Ainda que saibamos, desde o início, que se trata de uma autobiografia e que Leon sobreviveu — o que dá à leitura um certo alívio —, não é possível sair ileso das páginas. A história de Leon nos fere, nos inquieta, nos transforma. E mesmo que, ao final, o protagonista consiga reconstruir sua vida, é impossível ignorar as cicatrizes que ficaram, não apenas nele, mas em toda uma geração de vítimas, inclusive, apesar dele ter sobrevivido devido a lista de Shindler, muitos de seus familiares e amigos não tiveram a mesma sorte.
Um dos aspectos mais impactantes da narrativa é o reconhecimento dos heróis anônimos do cotidiano — figuras que, mesmo em meio ao caos e à barbárie, mantiveram a humanidade viva. Oskar Schindler é o nome mais conhecido, mas ao longo da leitura vamos percebendo que pequenas atitudes de resistência e solidariedade também foram atos heroicos. São esses detalhes que tornam O Menino da Lista de Schindler uma leitura essencial: ela nos lembra que, em tempos de escuridão, gestos de compaixão podem ser literalmente a diferença entre a vida e a morte.
Além disso, o livro nos convida à reflexão sobre a importância de conhecermos e darmos voz a histórias como a de Leon. Quando temos contato com narrativas reais de sobreviventes, conseguimos compreender melhor a profundidade da dor causada por um evento como o Holocausto. E mais do que isso, somos desafiados a manter viva a memória dessas atrocidades, para que jamais se repitam. A dor de termos registrado na história mundial um episódio tão cruel precisa ser lembrada, estudada e sentida, pois o esquecimento pode ser ainda mais perigoso do que a dor, no entanto, dói muito quando vemos governantes e pessoas de poder negligenciarem esses episódios e os danos terríveis de guerras, a prova disso é que em vários lugares do mundo ainda pessoas vivem em guerra e sofrendo muito em decorrência.
Mas vamos falar voltar a falar sobre O Menino da Lista de Schindler, a estrutura narrativa de Leon é simples, direta e honesta — não há floreios literários ou artifícios dramáticos, e talvez por isso mesmo o livro funcione tão bem. Ele escreve como quem compartilha um testemunho, e é exatamente isso o que faz: um relato de vida. A escrita fluida, com capítulos bem delimitados, também torna a leitura acessível para leitores jovens, sem comprometer a profundidade da experiência.
Definitivamente, O Menino da Lista de Schindler é um livro que merece ser lido, relido e partilhado. Não é apenas uma história de sobrevivência; é um chamado à empatia, à memória e à humanidade. Leitores que se interessam por relatos históricos e que buscam leituras reflexivas, mas sensíveis, certamente encontrarão neste volume um espaço de aprendizado e emoção. E, ainda que a história seja triste, termina com a esperança de que resistir é possível — e que até mesmo os menores entre nós, como o pequeno Leon, podem deixar marcas eternas no mundo.
Um adendo que quero fazer é que mesmo o livro tendo sido preparado em parceria com Marilyn J. Harran, Elisabeth B. Leyson, infelizmente Leon Leyson faleceu antes de vê-lo publicado, mas o importante é que ajudou no processo e fez com que sua "voz" fosse lida e essa história registrada.
Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima postagem!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: The boy on the wooden box Autor: Leyson, Marilyn J. Harran, Elisabeth B. Leyson Tradutor: Pedro Sette-Câmara Gênero: Autobiográfico. Narrativas Pessoais. Memórias. Editora: Rocco Ano: 2013/2014 | 256 págs. País de Origem: Polonês-Americano Classificação: +13 Aviso de Conteúdo: Segunda Guerra Mundial. Judeus. Nazismo. Campos de Concentração. Assassinato. Humilhação. Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐⭐ (5/5) |
Postar um comentário
Muito obrigada pelo Comentário!!!!