Saudações Leitores!
Já tinha ouvido falar em Batendo à Porta* e o título já tinha despertado minha curiosidade, portanto, quando surgiu a oportunidade para ler este livro, abracei-a e mergulhei em suas páginas. Hoje trago a resenha e espero que você, leitor, sinta-se motivado a lê-la e decidir se embarca ou não para a Índia com Silvia, a personagem principal da obra.
Batendo à Porta do
Céu, Jordi Sierra i Fabra, São Paulo: Biruta, 2013, 312 pág.
Traduzido por
Catarina Meloni
Llamando a las puertas del cielo (2006), foi escrito por Jordi Sierra i Fabra, um dos escritores infanto-juvenis mais
conhecidos da Espanha. Com o livro Batendo
à Porta do Céu, Jordi, ganhou o Prêmio Edebê de Literatura Juvenil.
Logo de
início somos apresentados a Silvia, uma espanhola estudante de medicina que
parte como voluntária para um hospital na Índia em suas férias de verão.
Logo em
sua chegada à Indía, ela se depara com o choque cultural, é tudo bem diferente
desde a vestimenta e os costumes indianos. Contudo ela é muito bem recebida por
Elisabet Roca, médica responsável pelo hospital (RHT) em que Silvia irá passar
o verão e adquirir experiências para sua futura profissão.
"Muitas pessoas têm um
sonho, passam a vida lutando por ele, quando conseguem realizá-lo... percebem
que estão vazias, porque o que lhes permitia viver e continuar era o sonho em
si, não o fato de alcançá-lo. Enquanto estavam em busca dele eram felizes.
Quando o conseguem, não sabem o que fazer." (p.158)
Silvia
logo passa a conhecer outras pessoas e apesar de não conhecer o idioma nativo
ela desenrola-se no inglês e espanhol. Conhece também Lorenzo Giner, médico
cirurgião e Leo, outro voluntário. O interessante desse livro é que todos os
personagens que aparecem nele tem direito a sua própria história e cada uma
traz um conflito e uma reflexão. Todos os personagens de Batendo à Porta do Céu são incrivelmente bem elaborados.
Nessa
família do hospital RHT, Silvia vai crescer profissionalmente e pessoalmente,
porque ela se depara com muitas dificuldades e falta de recursos, além de
pessoas com vários tipos de doenças e problemas. Logo ela fica muito amiga da
Dra. Elisabet Roca, que vê todo seu entusiasmo e dedicação para a medicina.
Silvia também se dá muito bem com Lorenzo. Mas nem tudo são flores, Leo – o outro
voluntário – se torna uma pedra no sapato de Silvia, ele tem seus motivos e
Silvia tem os seus para não desistir dessa possível amizade, embora
conflituosa.
"Conte-me de que cor é
o nosso céu porque a terra nem sempre é sólida sob nossos pés, e se perdermos o
céu... o que nos sobra?" (p.238)
Como eu
dizia, Silvia é uma personagem maravilhosa, porque ela tem verdadeira vocação e
desejo para a medicina, gosta e se identifica tanto com a profissão que não
mede esforços para se realizar, mesmo que tenha que ir contra a vontade de seus
pais e até mesmo deixar seu “namorado”, Arthur, para ir para a Índia, na
verdade, seu relacionamento com Arthur vive altos e baixos e é muito complexo.
Intenso e real.
Nesse
ínterim, Silvia também conhece Mahendra, um personagem que mora próximo ao RHT
e que vive perturbado com as sombras de seu passado, consequentemente vive
preso aos fantasmas de seus filhos e esposa que morreram de forma tão trágica.
Silvia irá transformar a vida de Mahendra, lhe dar um novo começo, que pode ser
interpretado de forma equivocada pelo mesmo, mas é um passo.
O que me
envolveu mais no livro é a intensidade como Silvia vive e abraça as oportunidades,
além de estar sempre tentando vencer seus medos, a forma como a Índia a mudou
foi grande, há uma Silvia antes da Índia e uma depois da viagem. A forma como
ela se envolveu com alguns dos pacientes ao ver seus sofrimentos foi real, foi
humana e emocionante. A forma como Silvia lidou com costumes, leis e cultura
diferente da sua também foi louvável, e o quanto ela se esforçou para se inserir
nesse novo ambiente foi realmente uma forma autêntica.
"Não corra tanto,
calma. Se não viver primeiro sua própria vida, não vai conseguir dar uma parte
para os outros." (p.295)
Batendo à Porta do Céu me envolveu
bastante, não tenho palavras para descrever meus sentimentos durante a leitura,
só afirmo que fluiu maravilhosamente e a fiz de maneira muito rápida, não
sentia as páginas serem constantemente viradas, embora isso tenha acontecido,
devo confessar-lhes que esperava que o livro trouxesse mais descrições sobre a
Índia, sobre a cultura, costumes, tradições e políticas, mas nesse ponto foi
vago, o que focou mais foi a postura e tomadas de atitudes de Silvia. A
personagem brilhou.
De maneira
geral Batendo à Porta do Céu é um
livro incrível, delicado, envolvente, doloroso e real, além de ser
esteticamente lindo! (*.*) Um dos pontos fortes dessa editora é esse cuidado e
capricho com seus livros, sempre lindos e cheios de detalhes que enchem nossos
olhos. Estão esperando o quê para ler? Aventurem-se!
*Este livro foi cortesia da Editora Biruta, para mais informações sobre o mesmo, clique
AQUI.