Saudações Leitores!
Pense em um livro que mexeu comigo e me deixou angustiada, com medo, com raiva: Garotas de Vidro. A autora abordou um tema muito forte e de uma forma tão verdadeira que foi assustador ler. Eu não conseguia me dedicar muito tempo a essa leitura porque eu ficava muito angustiada, mas vou admitir foi uma das leituras que mais me surpreendeu no ano. Confiram a resenha:
Garotas de
Vidro. Laurie Halse Anderson, Ribeirão
Preto: SP: Novo Conceito, 2012, 272 pág. (traduzido por Ana Paula Corradini)
Garotas de
Vidro, cujo título original é Wintergirls
foi publicado em 2009. É um romance escrito pela americana Laurie Halse
Anderson, que ganhou reconhecimento por tratar em seus livros de temas difíceis
como estupro, disfunções familiares, questões do corpo, doenças entre outras
temáticas.
Neste livro, narrado em primeira pessoa, pela
personagem Lia, ficamos sabendo de sua história. De inicio sabemos que a melhor
amiga de Lia, Cassie, morreu misteriosamente em um Motel. Lia e Cassie estavam
sem se falar há algum tempo, mas na noite de sua morte Cassie ligou 33 vezes
para Lia, no entanto esta não atendeu.
Após a morte de Cassie, Lia começa a ver o fantasma de
sua amiga e suspeita que ele quer levá-la. Lia e Cassie sofriam de distúrbios alimentarias
e foi esse problema que levou Lia a ser internada. A personagem principal é um
perigo para si mesma, pois ela não quer se alimentar e vê a comida como algo
ruim, para completar tem toda a situação com os pais, pois eles se separaram e
visivelmente Lia não se dá bem com a mãe, a Dr. Marrigan, uma mulher muito
ocupada, é por isso que ao sair da clinica em que foi internada decide morar
com o pai, sua madrasta Jennifer e sua meio irmã Emma.
"Os fantasmas estão à espera nas sombras da sala, luzes trêmulas
fracas e pacientes. Os outros conseguem vê-los também, eu sei. Todo mundo tem
medo de falar sobre aquilo que nos observa fixamente da escuridão." (p.21)
Logo que comecei a ler Garotas de Vidro percebi que seria um livro forte, confesso que não
consigo lembrar uma leitura tão angustiante como essa. Eu precisava parar
constantemente a leitora, por não ter condição de aguentar mais ver Lia se
matando aos pedaços. Eu passei todo o livro odiando a personagem narradora e,
no entanto, eu consigo compreender que ela era uma jovem doente e que esse tipo
de doença existe, mas é tão doloroso isso. De fato, Lia além de ser uma garota
atormentada e muito imatura é incapaz de lidar com seus sentimentos, sem contar
que é masoquista e irritante.
"É um espelho antigo, com pequenas ondas sobre a
superfície. Às vezes ele pode fazer você parecer uma princesa elegante presa no
tempo. Em outras, faz você parecer uma porca." (p.49)
Em uma palavra eu poderia definir o livro de Laurie
Halse Anderson como Forte e Intenso, é praticamente impossível não ter algum
sentimento ao ler: raiva, medo, inconformismo, frustração por não poder fazer
nada. Meus sentimentos ficaram tão confusos com a leitura que nem sei dizer ao
certo se realmente gostei do livro ou não, porque mexeu muito com meu
psicológico.
Garotas de
Vidro, para mim, se converteu também
em uma surpresa, pois eu jamais tinha lido um romance que abordasse anorexia e
nem bulimia e posso dizer com toda a certeza que ele é muito bem escrito e
ajuda ao leitor a conhecer a mente de alguém que sofre dessas doenças.
A autora foi fabulosa ao escrevê-lo e tornar sua
personagem tão palpável, nos possibilitando conhecer os conflitos e neuroses
internas de Lia.
"Eu como no carro: refrigerante diet (0)
+ alface (15) + 8 colheres de sopa de molho de tomate (40) + uma clara de ovo
cozida (16) = Almoço (71)." (p.77)
O livro também vem escrito maravilhosamente bem
através de uma linguagem poética e cheio de metáforas, fiquei completamente
encantada com a forma como a autora o escreveu. Acredito que por ser um tema
amplo e forte sua leitura irá agradar e chocar os leitores, mas tenho que dizer
que não recomendaria esse livro para menores de 16 anos, não por ter cenas de
sexo ou algo parecido, pois não há, mas por mexer com os nervos e o psicológico
do leitor.
Camila Márcia