Saudações Leitores!
Como pude ser tão relapsa em relação as Graphic Novels? Como pude demorar tanto para "me jogar" nesse tipo de leitura? Isso não deveria ter acontecido, mas já que aconteceu, agora estou numa vibe de quadrinhos e/ou Graphic Novels e minha aventura da vez foi com O Muro e necessito compartilhar essa experiência com vocês, espiem...
O Muro, Fraipont e Bailly, São Paulo: Nemo, 2015, 192 pág.
Traduzido por Fernando Scheibe
Le Muret trata-se de uma Graphic Novel escrita e desenhada por Céline Fraipont e
Pierre Bailly. É uma história que se passa na década de 80 e apesar do conteúdo
ser bastante pesado, foi repassado com bastante delicadeza.
Em O Muro acompanhamos a
história de Rosie, uma menina de 13 anos que se vê entregue a própria sorte:
sua mãe acabou de fugir com o amante, abandonando-a com o pai, que passa o
tempo todo trabalhando ou fazendo viagens de negócios, assim sendo, não
conversa com a filha sobre as enormes mudanças da vida.
"Será que estou em
perigo? Me sinto como um soldadinho numa trincheira e acho que estou
completamente sozinha neste combate." (p.12)
Rosie se vê cada dia mais e mais
solitária e passa esses momentos de solidão em cima de um muro: bebendo e
fumando, tentando ver a vida como uma pessoa adulta, sendo que é praticamente
uma criança ainda.
Nossa personagem conhece Jô, um
garoto – bem mais velho que ela – tão solitário quanto a personagem, mas ambos
aprenderam bastante um com o outro e passearam pela vida. É notável essa íntima
história.
"Não sei a quem devo
agradecer por termos nos encontrado. Ele é como uma parte de mim mesma. A parte
que eu gosto." (p.127)
Fica claro que Rosie está largada
a própria sorte e não sabe como pedir socorro, mas ela precisa de ajuda,
sente-se abandonada e está cansada de agir como adulta quando é apenas uma
criança.
O Muro emociona, não só pela história em si, mas também pelas batidas do punk
rock dos anos 80, além do traço artístico nos quadrinhos serem bastante
sentimentais: eles mostram uma fúria, uma angustia e um medo da solidão, mas
uma afinidade profunda com esse sentimento.
"Sei que o medo vive
em mim, mas estou começando a domá-lo. Acho que até posso dizer que agora tenho
necessidade de sentí-lo. O medo me prendeu em sua teia." (p.53)
Essa Graphic Novel é mais uma prova de que esse tipo de literatura pode,
sim, mexer com nossos sentimentos e colocar lágrimas nos olhos. É perfeita!
Acredito que, quem tiver a oportunidade de ler O Muro não deveria – de modo
algum – deixar a oportunidade passar.