Saudações Leitores!
Embora com medo de me decepcionar, resolvi encarar a leitura de Extraordinário e houve vários sentimentos, menos o da decepção. Não é um livro extremamente elaborado, mas é perfeito e cheio de momentos incríveis que levarei para a minha vida.
Extraordinário, R.J. Palacio, Rio de Janeiro:
Intrínseca, 2013, 320 pág.
Traduzido por Rachel Agavino
Wonder (2012) foi escrito pela norte-americana R.J. Palacio (Raquel Jaramillo Palacio) e não se trata de um livro tão novo: foi lançado originalmente em 2012 lá fora e no Brasil em 2013 com o título
Extraordinário. Tenho esse livro desde a época do lançamento (é por isso que a cada do meu livro é essa versão branca, atualmente tem uma versão capa azul), mas como tinha uma enorme comoção em relação a ele, resolvi adiar a leitura para que desse tempo para eu esquecer tudo o que li e limpar minha mente para não criar altas expectativas.
Posso afirmar que agora entendo porque
Extraordinário conseguiu cativar os leitores e apesar de ser um livro destinado ao público infantojuvenil e de caráter instrutivo e com mensagem para a vida o livro caiu no gosto dos adultos também.
"Se eu
encontrasse uma lâmpada mágica e pudesse fazer um desejo, pediria para ter um
rosto comum, em que ninguém nunca prestasse atenção. Pediria para poder andar
na rua sem que as pessoas me vissem e depois fingissem olhar para o outro lado.
Sabe o que acho? A única razão de eu não ser comum é que ninguém além de mim me
enxerga dessa forma.” (p.11)
O enredo de
Extraordinário por mais que pareça simples aborda temas de uma grandiosidade enormes: preconceitos,
bullying, amizade, família, dilemas infantis e juvenis, só que nem o fato de ter temas pesados torna o livro pesado, pois R.J. Palacio usou uma linguagem e elementos narrativos que tornaram esses temas em algo fácil de ser digeridas e incutidas mudanças pessoais no próprio leitor.
August Pullman, ou melhor: Auggie nasceu com uma deformidade genética que é bem peculiar e única e, ser diferente ainda é um grande desafio e muitas vezes quando não é digno de pena é atingido por preconceitos, piadas e maldades. A criança tem por volta de 10 anos e nunca foi a escola, no entanto, seus pais decidem que o filho precisa enfrentar o mundo, ainda sob a proteção dos pais.
"As coisas
que fazemos sobrevivem a nós; São como os monumentos que as pessoas erguem em
honra dos heróis depois que eles morrem. Como as pirâmides que os egípcios
construíam para homenagear os faraós. Só que, em vez de pedras, são feitas das
lembranças que as pessoas têm de você. Por isso nossos feitos são nossos
monumentos. Construídos com memórias em vez de pedra." (p.72)
A escola é uma experiência aterrorizadora para August, pois mesmo acostumado com os olhares das outras pessoas ele terá que conviver diariamente com isso, com crianças que são, sim, maldosas, com um mundo que se torna um leque de oportunidades, sentimentos, ações, reações. Contudo por mais difícil que algumas situações sejam (e algumas bem dolorosas) August tenta ser engraçado e levar tudo de maneira leve, só que tem vez que ele não consegue (ele é só uma criança!).
Extraordinário é uma leitura bastante educativa e tem uma lição de vida, moral e ética durante a narrativa, além do mais, a forma como ele é narrado é bastante interativa e dá para passearmos pelos sentimentos de vários personagens que convivem com August e pelos do próprio August. Temos como narradores dessa aventura "extraordinária" em partes alternadas: August, Via, Summer, Jack, Justin e Miranda. Cada um deles contam suas experiências de vida com August e seus sentimentos em relação ao personagem.
"Se cada
pessoa nesse auditório tomar por regra que, onde quer que esteja, sempre que
puder, será um pouco mais gentil que o necessário, o mundo realmente será um
lugar melhor. E, se fizerem isso, se forem apenas um pouco mais gentis que o
necessário, alguém, em algum lugar, algum dia, poderá reconhecer em vocês, em
cada um de vocês, a face de Deus." (p.303)
O fato é que achei interessante a abordagem multifacetada e poder acompanhar tanto os personagens principais como os secundários, fazendo com que todos tenham um papel fundamental e tenham, também, suas histórias separadas.
Esse livro, Extraordinário, encantou-me profundamente e me envolveu de uma forma que derramei lágrimas e fiquei sensibilizada com a história de August, sabendo que existem milhares por aí que passam por uma situação tão triste como a que August passou, sobretudo nesse mundo em que vivemos onde a beleza e o status socioeconômico sobrepõem os valores das pessoas. Por mais amor e meus bullying é a principal mensagem de Extraordinário.
Ah, uma parte que me fez chorar litros foi a morte da cachorrinha Daisy, pois me apeguei a ela e também pelo fato de, recentemente, ter perdido minha cachorrinha (Fadinha) e estar bem sensibilizada com o assunto, portanto, a cena me comoveu bastante... deixei as lágrimas caírem, elas precisavam dessa liberdade.