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Resenha: Fique Comigo - Ayòbámi Adébáyò

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Fique Comigo, Ayòbámi Adébayò, Rio de Janeiro: Harper Collins Brasil, 2018, 240 pag.
Tradução: Marina Vargas
COMPRAR: Amazon  |  Saraiva

Saudações Leitores!
Fique Comigo (Stay with me, 2017) é o livro de estreia da nigeriana Ayòbámi Adébáyò, teve ótimas críticas, além de ter sido finalista do Baileys Women's Prize for Fiction. Esse é um romance ambientado na Nigéria, fala sobre a cultura e costumes nigerianos na medida em que destrinchamos com o enredo a relação de um casal que tem seu casamento posto a prova.

O romance dá voz ao marido e a mulher, ou seja, temos capítulos contados a partir pelo marido, Akin, e outros capítulos contados pela esposa, Yejide, devo assumir que não sabia muito o que esperar do volume, mas, definitivamente, não era o que encontrei aqui. O enredo traz uma estória pungente, poderosa e de partir o coração sobre vários aspectos.

Em Fique Comigo estaremos acompanhando Yejide e Akin, que estão casados há quatro ano e tudo o que querem é um filho, pois toda a família e a própria sociedade cobra isso dos casais, mas dado o grande tempo de casamento e a falta de concepção, toda a culpa recai sobre Yejide e ela fica desesperada, pois a família de seu marido consegue uma nova esposa para ele, uma que fosse capaz de lhe dar um filho.
"Antes de me casar, eu acreditava que o amor podia tudo. Porém, logo descobri que ele não era capaz de suportar o peso de quatro anos sem filhos. Quando o fardo é pesado demais e o carregamos por muito tempo, até mesmo o amor se verga, racha, fica prestes a se despedaçar, e às vezes se despedaçar de fato. Mas, mesmo quando está em mil pedaços aos nossos pés, não significa que não seja mais amor."
É nesse ponto que o casamento começa a se deteriorar, a pressão social, a pressão da família, os próprios desejos, tudo entra em colapso e Yejide passa a ter uma série de problemas para aceitar essa nova constituição familiar. O próprio Akin se sente pressionado também e angustiado, tendo que tomar uma série de decisões e atitudes que irão repercutir em todo o futuro.

No meio tempo em que acompanhamos os acontecimentos do "presente" também ficamos a par das memórias dos personagens, de como o casal se conheceu, se apaixonou e decidiu casar. Ayòbámi Adébáyò conta uma estória de amor extremamente sensível e com grande sabedoria, pois retoma conceitos e várias perspectivas para essa busca do amor e da felicidade.
"As razões pelas quais fazemos as coisas que fazemos nem sempre serão lembradas."
É muito incrível todas as reflexões que Fique Comigo me proporcionou, o quanto ficava com o coração apertado, o quanto me sensibilizava com a situação tanto de Akin quanto de Yejide que tiveram que fazer coisas que colocavam o amor e a família à prova para poderem cumprir seus papeis sociais, e mesmo assim, parece que o fim não chegou a justificar os meios e, quanto temos todo o desenlace do enredo, é impossível não se surpreender com todas as manipulações, segredos, mentiras e perdas.

Acredito que vale a pena frisar um ponto: no começo do livro fui muito crítica pelo fato do casal se amar tanto e por conta da influência e pressão da família ambos aceitarem que uma terceira pessoa se juntasse a família, fragilizando ainda mais a relação de todos; mas então, fui pesquisar sobre a cultura e costumes nigerianos e consegui entender muitos fatos apresentados e tanta cobrança da sociedade, porque são questões culturais e para que possamos entender as situações de todo o desenvolvimento e até mesmo as atitudes de TODOS os personagens precisamos ver o "olhar da fala", saber onde o enredo está inserido, todo o contexto histórico e cultural da Nigéria.
"Mas as maiores maiores mentiras são na maioria das vezes as que contamos a nós mesmos. Eu mordia a língua porque não queria fazer perguntas. Não fazia perguntas porque não queria saber as respostas. Era cômodo acreditar que meu marido era digno de confiança; às vezes, confiar é mais fácil do que duvidar."
Em suma, Fique Comigo, foi um livro que mexeu muito com meus sentimentos, me deixou com o coração apertado e me proporcionou muitas reflexões, além de ter me colocado diante de uma cultura completamente nova, me fez conhecer a Nigéria, seus costumes, suas particularidades e a experiência foi tão surreal que durante a leitura me vi pesquisando sobre o país, sobre as cidades citadas, sobre a cultura, o idioma. Recomendo.

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