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Resenha: O Tempo Entre Costuras - María Dueñas

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

O Tempo Entre Costuras, María Dueñas, São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2017, 480 pág.
Tradução: Sandra Martha Dolinsky
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Saudações Leitores!
O Tempo Entre Costuras (El Tiempo entre costuras, 2009) foi escrito pela espanhola Maria Dueñas, inclusive este foi o livro de estreia da escritora e converteu-se em  uma das obras mais vendidas da literatura espanhola.

De início já quero dizer que essa resenha será bastante difícil, porque não creio que o que eu possa dizer fará realmente jus ao que todo esse livro é. Já está com praticamente um mês que o li, mas não conseguia me expressar sobre ele, foram muitas emoções vividas nessas páginas.
"E descobri, também, com o mais imenso desgosto, que a qualquer momento e sem causa aparente, tudo aquilo que julgamos estável pode se desajustar, desviar, entortar o rumo e começar a mudar."
Logo no início de O Tempo Entre Costuras somos situados na Espanha de 1930 onde vamos acompanhar Sira Quiroga, já uma jovem mulher, porém sabemos que ela é de natureza humilde, desde muito jovem aprendeu a costurar com sua mãe em um atelier e, no início do livro sabemos que está noiva de Ignacio.
Porém, fica visível que ela não ama seu noivo, apenas está com ele por comodismo e porque a mãe aprova a relação, entretanto, sua vida sofre uma verdadeira reviravolta, quando conhece Ramiro e se pega avassaladoramente e irremediavelmente apaixonada por ele, a ponto de largar seu futuro certo por um relacionamento incerto.

Ramiro é um garanhão, conquistador e tem boa lábia, de modo que foi praticamente impossível Sira não se apaixonar e ir contra todos os seus princípios para ficar com ele. Os dois fogem para ficar juntos em Madri, e tem uma vida boemia e cheia de privilégios.
"Lutei com todas as minhas forças para resistir. Lutei e perdi. Nada pude fazer para impor um mínimo de racionalidade na atração incontrolável que aquele homem me havia feito sentir. Por mais que tenha buscado ao redor, não consegui encontrar recursos, forças ou apoio em que me agarrar para evitar que me arrastasse. nenhum projeto de marido com quem previa me casar em menos de um mês, nem a mãe íntegra que tanto havia se esforçado para me criar como uma mulher decente e responsável. Não me deteve nem sequer a incerteza de mal saber quem era aquele estranho e o que me reservava o destino ao lado dele."
Contudo, um dia a mãe de Sira aparece em seu apartamento dizendo que o pai apareceu e quer conhecê-la, o que é verdade, mas sobretudo, a intenção do pai de Sira era lhe dar algum dinheiro como "reparação" pelo abandono.
Com o desenrolar dos acontecimentos já estamos no ano de 1936 e a Espanha vive momentos de tensão política, e, pouco antes de estourar a Guerra Civil Espanhola, Sira e Ramiro se mudam para o Marrocos.

É tudo muito novo, muito intenso, porém a relação de Sira e Ramiro fica estremecida e de um dia para o outro Ramiro foge com todo o dinheiro e jóias de Sira e a deixa com um arsenal de contas. Sira vê seus sonhos e seu coração destroçados e sem saber lidar com tantos problemas, tantas desilusões e perdas.
"Minha angústia era tão imensa quanto meu medo. Eu me sentia incapaz de enfrentar, por mim mesma, uma realidade desconhecida. Nunca havia feito nada sem ajuda, sempre tiver alguém que marcasse meus passos: minha mãe, Ignácio, Ramiro. Eu me sentia inútil, inepta para enfrentar sozinha à Vida e seus embates. Incapaz de sobreviver sem uma mão que me levasse, que me segurasse com força, tem uma cabeça decidindo por mim. Sem uma presença próxima em que confiar e da qual depender."
Para completar, as fronteiras são fechadas entre Espanha e Marrocos e ela fica impedida de voltar para a única pessoas que a aceitaria de braços abertos: sua mãe. São momentos de tensão no livro e de muita tristeza acompanhar uma mulher sozinha, sem dinheiro e em um país estranho e com a cultura completamente diferente da sua.
Enquanto estava lendo O Tempo Entre Costuras me vi completamente absorta na estória e envolvida com os dramas da Sira, ela tão ingenua e inocente no começo do livro sofre uma transformação enorme e imensurável: aprendeu a dar a volta por cima e montou seu próprio atelier, porém, definir Sira apenas como costureira é injusto, ela é bem mais que isso.

Não quero falar muito para não dar spoiler do livro, mas é impressionante todos os acontecimentos e por vezes ficamos de queixo caído com as revelações. Simplesmente achei genial toda a pesquisa bibliográfica e a construção de cada personagem e a ambientação do enredo.
"A retidão e a honradez eram conceitos lindos, mas não enchiam a barriga, não pagavam as dívidas nem protegiam do frio nas noites de inverno. Os princípios morais e a impecabilidade da conduta haviam ficado para outro tipo de gente, não para duas infelizes com a alma em frangalhos como éramos nós duas por aqueles dias."
Não obstante, devo admitir que esperei encontrar cenas românticas e O Tempo Entre Costuras não traz um romance propriamente dito, mas apenas algumas sugestões, o que pode ser frustrante para alguns leitores (e foi um pouco para mim que esperei).

O fato é que, após ler O Tempo Entre Costuras, já estou ansiosa para ler outras obras de Maria Dueñas, amei a forma como ela conduziu seu livro de tal forma que a obra se entranhou em mim, se tornou tão marcante que mesmo quando não estava lendo eu ficava pensando na estória e ainda hoje fico me vendo pensando sobre os personagens.

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