A Vida em Tons de Cinza foi uma leitura fluída, mas nem por isso deixou de ser dolorosa devido a temática que aborda
Saudações Leitores!
Já faz anos que tenho o volume de A Vida em Tons de Cinza em minha estante e não tenho desculpas para não o ter lido, inclusive, já li outro livro da autora lituana-americana Ruta Sepetys chamado O Sal das Lágrimas e me encantei, lembro que na época decidi que iria ler o volume que já tinha na estante, mas somente agora mergulhei nele.
De antemão quero comentar que já sabia que a escritora escrevia livros de ficção histórica e, portanto, muita da história contada neste livro é baseada em fatos reais e em relatos verdadeiros. A propósito, o volume foi relançado no Brasil com o título Cinzas na Neve, pois a edição anterior tinha esgotado. Tem mais, o livro ganhou (em 2020) uma adaptação intitulada no Brasil Retratos de uma Guerra, filme ao qual pretendo assistir.
Agora vamos ao que realmente interessa: aqui vamos acompanhar de pertinho uma história muito série e de denúncia sobre o que realmente acontecia nos gulags soviéticos, que eram uma espécie de campo de concentração, porém de trabalhos forçados.
Certamente você já ouviu falar de Stalin, mas conhece a história dele contra o povo da região Báltica? Acredito que os horrores de Hitler com os judeus são bem mais propagados, certo? Pois então, ao mergulhar em A Vida em Tons de Cinza saberemos um pouquinho mais sobre os horrores que Stalin proporcionou para um grande número de pessoas, sendo que suas ações foram camufladas e, podemos dizer, pouco reveladas porque as pessoas não são autorizadas a falar livremente sobre o que de fato aconteceu, o que torna este volume extremamente necessário e com poder de denúncia.
Mas o que isso tem a ver com A Vida em Tons de Cinza? TUDO. Neste volume vamos acompanhar os relatos de Lina Vilkas (personagem fictícia, mas que poderia ser real) sobre toda a tragédia que aconteceu com ela e sua família e uma grande parcela da população dos países Balísticos (Estônia, Letônia e Lituânia).
Lamentavelmente, no volume não temos muitos detalhes dos fatos históricos sendo narradas pois nossa protagonista vai nos relatar apenas aquilo que sabe e o que está vivendo, mas tudo o que li no livro gerou uma vontade de pesquisar sobre o ocorrido (é assustador! Pois após se livrarem da tirania da União Soviética os países Balísticos caem nas garras de Hitler). Além disso, temos Lina fazendo sutis revelações que podemos encontrar na internet como fatos que ocorreram.
Dessa maneira, ficamos a par que Stalin fez uma lista com os nomes de todas as pessoas influentes da época como advogados, estudiosos, professores, engenheiros, etc. e os deportou, juntamente com suas famílias, acusadas de crimes que - obviamente - não cometeram. Essas pessoas iam para os gulags trabalhar em condições inacreditáveis e impossíveis de sobreviverem, sem alimentação suficientes e sem cuidados médicos.
Lina é uma adolescente bastante forte e viu os horrores de ter sido deportada, com sua mãe e seu irmão de 10 anos para os gulags soviéticos, enquanto não sabia o paradeiro de seu pai, um professor influente. Lina e sua família passam muito tempo em uma viagem terrível para chegar ao gulags, na Sibéria, onde muitas pessoas morreram e após chegar ao gulags muitas outras morreram nas condições precárias de trabalho, de fome, frio e outras doenças.
A Vida em Tons de Cinza é uma história desoladora, mas que nos prende e nos transporta para essa situação tão trágica, fazendo sentir asco, pena, medo, impotentes. É desesperador saber que milhares de pessoas sofreram nessa situação e é ainda mais absurdo quando vemos as estimativas de que Stalin matou mais de 20 milhões de pessoas e hoje ainda não se fala muito desse genocídio. Fico pensando que talvez nesse mundo tão grande algo aterrorizante assim possa acontecer novamente ou esteja acontecendo. Dói.Estou dando um review de maneira bem mais superficial, porém a proporção do que de fato aconteceu é gigantesca: pessoas em pele e osso, pessoas morrendo de doenças que tem cura, mas que não foram tratadas, crianças morrendo, pessoas sendo assassinadas, mulheres estupradas, mães, pais e filhos em depressão e tem muito, muito mais que aconteceu na época.
O fato é que Ruta Sepetys deixou muita coisa de lado, mas a proposta era contar a história de vida e luta de Lina e sua família, nos fazer refletir e denunciar os acontecimentos históricos pouco propagados e isso ela faz extremamente bem, pois é impossível não sair do volume - ou durante a leitura - não irmos fazer pesquisas e investigar sobre tão tenebroso período histórico.
Pra finalizar, deixo aqui minha recomendação para quem gosta de ficção histórica, pois esta é uma excelente obra, no entanto, o volume não aborda só essa temática específica, mas traz muitas outras camadas como a fé, o amor incondicional de uma mãe, os sacrifícios que todos podem fazer, a empatia que todos merecem, entre muitos outros tópicos. Foi lindo ler que, mesmo diante de toda a perversidade humana, a esperança não se apagou dos corações das pessoas que foram torturada e que o amor foi capaz de brotar no meio desse horror.
Espero que tenham gostado e até o próximo post!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: Between Shades of Gray Autor: Ruta Sepetys Tradutor: Fernanda Abreu Gênero: Ficção. Romance histórico Editora: Arqueiro Ano: 2011 | 240 págs. País de Origem: Estados Unidos Classificação: +12 Aviso de Conteúdo: Morte. Assassinato. Tortura. Genocídio. Luto. Violência. Estupro. Abusos. Trabalhos forçados. Fome. Doenças. Trabalho infantil. Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐(4/5) |
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