Casas Estranhas é um livro para quem gosta de horror psicológico e de finais abertos, para quem não se importa de sair de uma leitura com mais perguntas do que respostas
Saudações, Leitores!
Lá estava eu no Aeroporto de Congonhas (SP) por volta de 15:00h da tarde e a espera de um voo que sairia apenas as 21:00h com destino ao meu Estado Fortaleza, então fui na livraria (porque acho mais chique ler no livro do que no kindle, mesmo estando com o kindle abastecido de ebooks) e um dos livros cujo o preço estava disposta a dar e que me chamou atenção foi Casas Estranhas de um autor e youtuber japonês que usa o pseudônimo de Uketsu e que ficou conhecido por suas histórias curtas de horror psicológico, além do mais o autor aparece em seus vídeos sempre usando uma máscara branca e roupas pretas e usa um efeito para distorcer sua voz.
Quem me acompanha sabe que não costumo ler muito esse tipo de livro, mas sou eclética e ao ler a sinopse fiquei curiosa, portanto, este foi meu primeiro contato com uma obra do autor, que vem sendo cada vez mais comentado entre os fãs de terror e horror contemporâneo por sua capacidade de criar atmosferas desconcertantes, utilizando elementos do cotidiano para gerar inquietações profundas, seu livro é um fenômeno e já vendeu mais de 1,8 milhões de exemplares ao redor do mundo.
A sinopse de Casas Estranhas me chamou atenção e o começo da narrativa também, mas algo inesperado, para mim, aconteceu: a proposta foi perdendo um pouco o ritmo conforme eu avançava as páginas e o enredo em si apresenta muitos pontos soltos, carecendo até de uma certa coerência por ser simples e os personagens criarem uma relação de confiança rápido demais.
Como mencionei, a proposta inicial de Casas Estranhas é instigante: residências aparentemente normais que, ao serem observadas com mais atenção, revelam incoerências arquitetônicas, como portas inúteis, cômodos deslocados, espaços que desafiam a lógica. O diferencial está justamente na possibilidade de visualizar essas distorções através das plantas das casas, que são colocadas nas páginas dos livros sob diversas perspectivas, o que torna a experiência quase interativa. Confesso que foi bastante prazeroso ver as plantas, pois lembrei da época que minha casa estava em construção e eu ficava olhando e desenhando a planta baixa daqui.
No entanto, uma vez decifrado o padrão por trás dos casos, o enredo perde um pouco da força. Os relatos começam a seguir uma estrutura repetitiva e previsível, esvaziando parte do mistério que sustentava o interesse inicial. A uniformidade no desenvolvimento dos episódios acaba deixando a leitura monótona.
Em contrapartida, a leitura é ágil e os diálogos, pois o livro se conta através deles, dá ainda mais fluidez, a presença das plantas baixas e a escrita direta (bem comum com livros asiáticos) torna o volume ideal para quem busca leituras curtas, de certo modo envolvente e até mesmo impactante, pois mesmo quando a narrativa perde o ritmo, como leitores já estamos envolvidos o suficiente para querermos saber como vai se desenrolar a história.
Sei que essa resenha está parecendo que não gostei do volume, não é? Mas é um equivoco, eu gostei, só que não correspondeu com minhas expectativas (criadas pela sinopse) e inclusive, recomendo a leitura, mas também quero alertar para outro detalhe que me incomodou bastante: o final, considero aberto e achei que terminou de forma abrupta, deixando aquela sensação "era só isso?" ou "cadê o final?". É como se o autor nos jogasse dentro de uma casa estranha e nos deixasse lá, com a porta entreaberta, mas sem uma chave para sair.
Casas Estranhas é, portanto, um livro para quem gosta de horror psicológico e de finais abertos, para quem não se importa de sair de uma leitura com mais perguntas do que respostas. É um volume que pode ser devorado em poucas horas — como foi o meu caso, durante o voo finalizei a leitura — e que, mesmo com suas lacunas, permanece reverberando na mente após a última página — tipo fiquei pensando se tinha lido direito, se tinha entendido o final. Ele pode não agradar a todos, mas sem dúvida se encaixa bem entre as leituras perturbadoras que merecem ser comentadas.
Uma leitura curta, incômoda e, ao mesmo tempo, fascinante.
Obrigada por ter lido até aqui e até a próxima postagem!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: 変な家 (Hen na Ie) Autor: Uketsu Tradutor: Jefferson José Teixeira Gênero: Ficção. Terror. Horror. Suspense. Editora: Intrínseca Ano: 2021-2025 | 170 págs. País de Origem: Japão. Classificação: +15 Aviso de Conteúdo: Assassinato. Esquartejamento. Incesto. Clausura. Criança assassina. Ocultismo. Minha avaliação:⭐⭐⭐(3/5) |
Postar um comentário
Muito obrigada pelo Comentário!!!!