A Última Batalha é o tipo de livro que permanece, reverbera e ecoa, mesmo depois da última página
Saudações, Leitores!
A Última Batalha (The Last Battle, 1956) foi escrito por C. S. Lewis, autor britânico que além de ficcionista foi também professor universitário e teólogo, tendo uma carreira marcada por obras de grande profundidade moral e simbólica. Este volume encerra a série As Crônicas de Nárnia com maestria e emoção, e mesmo sendo uma releitura, posso afirmar que a experiência foi tão marcante quanto da primeira vez que tive contato com essa história, talvez até mais. Reencontrar os personagens, revisitar a mitologia criada por Lewis e embarcar mais uma vez nesse último ato de fantasia e fé me fez perceber o quanto A Última Batalha continua atual, potente e reflexiva.
Neste sétimo e último volume da série, acompanhamos o fim do mundo de Nárnia, sim, o desfecho tão aguardado (e temido) pelos leitores. A narrativa é centrada em um momento de grande caos: um macaco chamado Manhoso manipula um pobre jumento, Vestígio, a se disfarçar de Aslam, criando uma falsa religião e instaurando uma tirania perversa. A decadência de Nárnia é retratada com clareza simbólica, evocando discussões sobre engano, poder, idolatria e resistência.
Ao lado desse cenário sombrio, reencontramos personagens queridos como Tirian, o último rei de Nárnia, e, claro, os antigos protagonistas das histórias anteriores: Eustáquio e Jill, que retornam à terra encantada para defender o que restou do bem. Outros personagens importantes da saga também aparecem, dando ao livro um tom nostálgico e de encerramento, como se Lewis costurasse todos os fios que teceu ao longo dos volumes anteriores.
O que mais me impressionou nessa releitura foi a forma como Lewis trabalha temas universais como o fim, a justiça, o juízo e a esperança de maneira acessível, mas ao mesmo tempo profundamente simbólica. Ele não esconde suas inspirações cristãs, mas ao mesmo tempo, constrói uma fábula que pode ser interpretada de várias formas, permitindo que o leitor encontre ressonância com seus próprios valores e crenças. Há uma tensão muito rica entre o bem e o mal, entre fé e dúvida, entre o que é aparência e o que é essência — e isso dá à história uma densidade que conversa com leitores de diferentes idades.
A Última Batalha, ao mesmo tempo em que fecha um ciclo, abre espaço para uma reflexão sobre finais e recomeços. A forma como o autor constrói a transição do mundo narniano para o que está além do que os olhos podem ver é emocionante e, de certo modo, reconfortante. A leitura provoca uma sensação de saudade instantânea assim que se chega às últimas páginas, porque é como se nos despedíssemos de um lugar que realmente existiu para nós durante toda a jornada.
Sem dúvida, A Última Batalha é um dos volumes mais densos, simbólicos e impactantes de toda a série. Lewis consegue encerrar sua saga com coragem, sensibilidade e, acima de tudo, com uma entrega literária que eleva a fantasia à categoria de ferramenta filosófica.
Definitivamente, esta é uma obra que merece ser relida em fases diferentes da vida. Ao relê-la agora, percebi nuances que me escaparam na primeira vez, e acredito que a cada retorno a Nárnia, mesmo em sua despedida, há algo novo a se descobrir, sentir e refletir. Para mim, A Última Batalha é o tipo de livro que permanece, reverbera e ecoa, mesmo depois da última página.
Espero que tenham gostado e obrigada por terem lido até aqui, até o próximo post!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: The Last Battle (The Chronicles of Narnia) Autor: C. S. Lewis Tradutor: Ronald Kyrmse Gênero: Ficção. Fantasia. Infantojuvenil. Editora: HarperCollins Ano: 1952-2023 | 209 págs. País de Origem: Reino Unido / Inglaterra Classificação: +10 Aviso de Conteúdo: Aventuras. Morte. Mentiras. Acidente. Guerra. Manipulação psicológica. Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐⭐❤️(5/5) |
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