O Planeta dos Macacos é aquele livro que merece ser lido por todo mundo que já parou pra pensar se realmente estamos no topo da cadeia alimentar por mérito ou por pura conveniência histórica.
Saudações, Leitores!
O Planeta dos Macacos (La planète des singes, 1963) foi escrito pelo francês Pierre Boulle, autor que não economizou no fator plot twist e que já deixou sua marca tanto na literatura quanto no cinema com outras obras impactantes, como A Ponte do Rio Kwai (sim, aquele filme clássico de guerra que toca um assovio inesquecível até hoje). Mas foi com esse planetinha muito louco, repleto de símios falantes e humanos meio caladinhos demais, que ele colocou seu nome entre os grandes da ficção científica com toque filosófico e existencialista.
Esse foi meu primeiro contato com uma obra de Boulle, e antes de mais nada, preciso dizer: que mente GENIAL! Não apenas pela ideia em si, que já é poderosa, mas pela forma como ele desenvolve uma crítica ácida à humanidade usando, ironicamente, macacos. E olha, funciona. Funciona muito bem embora eu tenha deduzido algumas coisas durante e a leitura a forma como as coisas acontecem é que é o brilho dessa obra.
Em O Planeta dos Macacos, somos levados a uma viagem interplanetária que começa bem pacífica, até que BUM, os personagens pousam em um planeta onde tudo parece estranho e onde os humanos são tratados como animais irracionais, enquanto os macacos (gorilas, orangotangos e chimpanzés) dominam a ciência, a política, a cultura e até o preconceito institucionalizado. Um verdadeiro mundo invertido que não só nos intriga como nos obriga a olhar para o espelho evolutivo com certa vergonha na cara.
No centro da trama, temos o jornalista Ulysse Mérou, que escreve suas memórias após ser capturado por símios cientistas. Ao lado de outros humanos, ele experimenta na pele o que é ser silenciado, encarado como um experimento, e ter que provar que pensa, raciocina e sente. A narrativa é construída como um relato escrito, ou seja, tem esse tom de diário com reflexões e observações e, mesmo sendo uma ficção científica dos anos 60, o texto é surpreendentemente fluido, direto e nada enferrujado. A leitura flui como se estivéssemos ouvindo um amigo contando um caos absurdo que aconteceu com ele numa viagem interestelar.
Sem dúvida Pierre Boulle encontrou uma forma brilhante e um tanto debochada de criticar nossa sociedade, usando como metáfora esse universo invertido em que os macacos são os pensantes e os humanos são os brutos. É como se ele dissesse, com um leve tapa na cara do leitor: “E se fosse você no zoológico? Encarre como seria."
A crítica ao especismo, ao racismo, ao autoritarismo científico, à superioridade cultural e até ao negacionismo estão todos lá, bem encaixados, com diálogos filosóficos entre símios que fariam qualquer professor de sociologia se emocionar. E o final? Sem entrar em spoilers, só posso dizer: é de explodir o cérebro. Sério. Você termina a leitura repensando sua existência, sua espécie e a confiança que a evolução humana é positiva ou não.
E, claro, não dá pra falar de O Planeta dos Macacos sem citar o impacto cinematográfico da obra. O livro foi adaptado algumas vezes para o cinema, a mais icônica sendo a versão de 1968 com Charlton Heston (aquele final virou meme de cultura pop, pelo que pesquisei). Depois tivemos uma releitura de Tim Burton em 2001 (com mais maquiagem do que conteúdo, diga-se de passagem - pelo que pesquisei também) e, mais recentemente, a trilogia iniciada em Planeta dos Macacos: A Origem, de 2011, que reinventou a franquia com efeitos de tirar o fôlego, mas tudo isso tem como raiz o livro de Boulle, que já entregava muito além da ação: ele entregava crítica social. Só um adendo, já que estamos falando nos filmes: anseio por assistir alguma dessas adaptações e se o fizer venho compartilhar aqui no site.
Para finalizar, O Planeta dos Macacos é aquele livro que merece ser lido por todo mundo que já parou pra pensar se realmente estamos no topo da cadeia alimentar por mérito ou por pura conveniência histórica. É também o tipo de obra que, dependendo da fase da vida em que a lemos, traz novas camadas de interpretação. Às vezes parece uma sátira engraçada, outras, uma profecia desconcertante. E em todos os casos, permanece atual. Mais atual do que gostaríamos, inclusive.
Se você gosta de livros que provocam, que brincam com o absurdo e te fazem rir desconfortavelmente da própria espécie esse é o seu planeta. Ou melhor, o seu livro. Juro que finalizo o exemplar querendo conversar sobre o mesmo e incentivar a leitura.
E um último aviso: ao terminar a leitura, tente não olhar para um macaco no zoológico do mesmo jeito. Eles podem estar só esperando a nossa queda para reescrever a história.
Espero que tenha gostado desse veredito e até o próximo post!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: La planète des singes Autor: Pierre Boulle Tradutor: André Telles Gênero: Ficção Científica. Sci-Fi. Editora: Aleph Ano: 1963-2015 | 216 págs. País de Origem: França Classificação: +14 Aviso de Conteúdo: Morte Animal. Violência. Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐⭐ (5/5) |
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