O Dique mantém aquele equilíbrio entre o drama familiar e o inexplicável, o que dá à história uma força viciante
Saudações, Leitores!
O Dique (Blackwater, v.2, série publicada originalmente em 1983) foi escrito por Michael McDowell, um autor norte-americano que, apesar de não ser tão conhecido do grande público, é um nome de peso na literatura de horror gótica e sobrenatural, talvez você o conheça mais pelos bastidores do que pelos holofotes, ele foi um dos roteiristas por trás de Beetlejuice e O Estranho Mundo de Jack. Mas aqui, com a série Blackwater como já pude perceber desde primeiro volume: A Enchente, o autor nos entrega uma narrativa de horror gótico que mistura o realismo histórico com um toque de sobrenatural sombrio e elegante, sempre transitando entre o macabro e o estranho, com um toque muito humano e psicológico em suas tramas.
Nesse segundo volume, O Dique, acompanhamos mais de perto os rumos da família Caskey, que já no primeiro livro (A Enchente) foi apresentada em meio a mistérios e águas lamacentas de Perdido. Aqui, a narrativa continua explorando as tensões dessa família do Alabama, com destaque para a misteriosa e enigmática Elinor, que segue sendo um enigma fascinante.
No decorrer desse volume, inclusive, vários anos se passam, e tudo acontece de forma tão natural e envolvente que ficamos completamente envolvidos na trama familiar dos Caskey e vendo que Elinor, esposa de Oskar Caskey é contra a construção do dique, vemos Mary-Love apoiando a construção porque sabe que Elinor a condena - essas duas mulheres são forças que se chocam uma contra a outra com tanta classe e fineza que para quem está de fora quase não percebe. Nesse meio tempo, May-Love acaba por receber em sua casa o engenheiro Early para fazer raiva a Elinor, mal sabendo que ele irá protagonizar uma relação inesperada na trama.
Anos se passam e parece que o dique nunca será concluído. Elinor e Oskar tem outra filha, chamada Frances. Intrigas, heranças, disputas de poder e, sobretudo, aquele clima de suspense que paira sobre cada página permeiam os anos que acompanhamos em O Dique e, durante todo o livro, é como se houvesse algo oculto à espreita, algo que não se revela por completo, mas que sabemos estar ali e que nos envolve enquanto leitores, porque ficamos intrigados se até o final das páginas do volume algo a mais será nos revelado.
Apesar de ser um livro publicado há décadas, a narrativa de McDowell é surpreendentemente fluida e envolvente. A escrita é leve, ágil e viciante, o que faz com que esse volume seja lido em pouquíssimo tempo (Sim, dá para o ler em um dia!). E o mais curioso é que, embora seja um livro curto, ele entrega uma aura tão densa de mistério e sobrenatural que parece expandir na mente do leitor, deixando aquele gostinho irresistível de “preciso ler o próximo volume agora!”.
Gostei muito de O Dique, talvez até mais do que esperava. Ele mantém aquele equilíbrio entre o drama familiar e o inexplicável, o que dá à história uma força viciante. É o tipo de leitura que prende porque mexe tanto com as emoções humanas quanto com os mistérios que fogem da nossa compreensão. Para completar o final, trazendo Frances um pouco mais crescida - com seus cinco anos - nos dá uma espécie de prelúdio para algo que podemos esperar no próximo volume, cujo título é agora bem sugestivo: A Casa.
Por fim, posso dizer que mergulhar na escrita de McDowell é como entrar num rio turvo: a gente sabe que não enxerga tudo que está lá embaixo, mas não consegue parar de nadar. Estou ansiosa para continuar a saga Blackwater e descobrir que outras surpresas (ou assombrações) me aguardam nas próximas páginas e se haverá alguma revelação.
Obrigada por ter lido até aqui, espero que tenha gostado e nos vemos na próxima postagem!
| FICHA TÉCNICA |
| Título Original: The Levee (Blackwater, v.2) Autor: Michael McDowell Tradutor: Fabiano Morais Gênero: Ficção. Suspense. Mistério. Editora: Arqueiro Ano: 1983-2025 | 272 págs. País de Origem: Estados Unidos. Classificação: +14 Aviso de Conteúdo: Morte de animal cruel. Magia Negra. Monstros. Sobrenatural. Escravidão. Assassinato de Criança. Esquartejamento.. Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐(4/5) |
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