Saudações Leitores!
A Casa Torta (Crooked House, 1949) de Agatha Christie é mais um livro que leio dentro do #PJLendoAgathaChristie2020 de modo que já tem bate-papo em vídeo no canal sobre o volume e eu ficaria bem feliz se conferissem.
Antes de iniciar meu veredito sobre A Casa Torta preciso dizer que essa minha experiência se trata de uma releitura e, ao contrário de outras releituras que já fiz de Agatha Christie, esse livro foi tão marcante quando o li que nunca esqueci a resolução do caso, o que quer dizer que já sabia quem era o assassino dessa história, no entanto, não deixei de me surpreender com vários detalhes que havia esquecido.
"Alguma coisa estalou na minha cabeça. Lembrei-me da citação de Sophia. De repente recordei o verso inteiro da canção de ninar. Era uma vez um homem torto que andou por uma estrada torta/ E achou uma moeda torta junto a uma porteira torta/ Ele tinha um gato torto que caçou um rato torto/ E viveram todos juntos numa casinha torta."
É impressionante como acabamos esquecendo detalhes de uma história no decorrer dos anos, não é mesmo? Mas devo admitir para vocês que há livros tão impactantes que por mais detalhes que esqueçamos esses detalhes, sempre vamos lembrar da resolução desses livros e, quando falo de livros de Agatha Christie, preciso dizer que de todos os que já li da autora A Casa Torta e Assassinato no Expresso do Oriente são os livros que jamais consegui esquecer o desfecho, para mim, são os mais impactantes e marcantes da autora (pelo menos dos que já li).
Dito isso, vamos ao enredo de A Casa Torta que considero um dos melhores livros de Agatha Christie e, inclusive, a própria dama do crime o considerava assim. Além do enredo interessantíssimo, neste volume vamos ter vários elementos bem distintos de outros livros da autora: um deles é que não temos os detetives e personalidades famosas de outros volumes da autora, como Poirot ou Miss Marple.
Em outras palavras, A Casa Torta, traz personagens únicos que aparecem apenas neste livro da autora, para completar a "cena", temos não só personagens mais idosos e jovens, mas também crianças, algo que dificilmente vemos nos livros da dama do crime (pelo menos nos que já li, caso eu esteja engana me avisem nos comentários, ok?).
"Olhe, somos uma família muito estranha.. Há muita crueldade em nós... várias formas de crueldade. Isso é o que mais me aflige. As diversas formas de crueldade."
A trama, basicamente se trata da morte por assassinado do velho Leonides, o rico patriarca de uma família grande que, praticamente, depende de seu dinheiro para viver, porém, a família parece ser bastante unida e, por isso, quando Leonides morre por envenenamento todos passam a suspeitar da jovem e atual esposa do velho milionário, contudo, mesmo a suspeita recaindo na jovem esposa, ninguém de fato acredita que ela teria a coragem para praticar o crime.
O mais incrível e inusitado nesta trama é que ela vai contra aquele clichê de que todos os entes da família teriam um motivo para quererem que o velho patriarca morresse, pois, pelo contrário, para todos os membros, seria muito melhor que Leonides permanecesse vivo, pois ele nunca negou dinheiro e ajuda a nenhum dos familiares.
No entanto, mesmo assim Leonides é assassinado, então, o grande mistério é descobrir quais motivos poderia haver por traz desse crime.
"Eu também não podia imaginar. Supus que éramos de fato incrivelmente idiotas. Mas estávamos olhando, é claro, pelo ângulo errado."
Outro grande diferencial de A Casa Torta, como até já mencionei é que não traz os personagens característicos de Agatha Christie para a condução da investigação, aqui a narração é em primeira pessoa e justamente por alguém que vai auxiliar na investigação: Charles.
Charles também é o jovem que conheceu Sophia, a neta mais velha de Leonides, durante a guerra, e por quem se apaixonou, portanto, ao voltar para Londres, entra em contato com Sophia para poder pedi-la em casamento, porém, a encontra em luto pelo avô e também esperando o inquérito e investigações da Scotland Yard sobre a morte do patriarca.
O detalhe é que Charles é filho de um dos policiais que está cuidado do caso de Leonides e, por conta disso, também irá ajudar nas investigações se infiltrando na Casa Torta, justamente por ter pretensão de casar com Sophia. Sophia também conversa com Charles que só poderá aceitar o pedido de casamento quando o mistério sobre a morte do avô for desvendado e, dependendo do que for descoberto, Charles ainda a queira como esposa.
"_ Como são os assassinos? Alguns deles _ um leve sorriso melancólico apareceu em seu rosto _ foram sujeitos muito simpáticos. [...] Oh, sim, foram mesmo _ disse ele_ Camaradas simples e simpáticos, assim como você e eu..."
Não vou entrar em mais detalhes a respeito da trama, até porque foi uma releitura e já sabia qual seria a resolução desse caso, mas, confesso que esqueci boa parte das pistas, no entanto, quando elas apareciam na obra, consegui identificar muito melhor que da primeira vez. Aliás, da primeira vez que li A Casa Torta não identifiquei o assassino.
Contudo, lembro que - na primeira leitura - fiquei estarrecida com o final, achei cruel e muito engenhoso, até porque na época eu nunca tinha lido um livro com esses contornos, porém, observando a literatura policial hoje, acho que é bem mais comum uma resolução de crime como essa. Fico pensando também que a resolução de A Casa Torta deve ter causado um grande impacto na época de sua publicação, pois os elementos que encontramos aqui não eram tão comuns assim. Acho que foi bem revolucionário da parte de Agatha Christie e, não é à toa que ela considere o volume um de seus melhores livros e eu, claro, concordo com a dama do crime. Uma de suas obras mais impactantes!
Fica aqui minha recomendação de A Casa Torta tenho certeza que se você procura um bom livro da dama do crime ou está procurando começar a ler a escritora este volume pode ser uma boa pedida. Boas Leituras!
Bom dia,estou assistindo o filme A casa torta,que nem sabia que tinha ,vim procurar para ver se é baseado no livro de Ágatha Christie,e achei teu blog , não lembrava o enredo , mas ao começar a ler lembrei - me todo . Já li mais de 5o livros de Ágatha Christie , e os meus preferidos também são os que citaste , pelo aspecto humano que os envolve . Obrigada pelo excelente trabalho que fizeste nesse blog .
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