Ruína e Ascensão é o fim de uma jornada que pode deixar o leitor bem dividido, mas fecha bem a trilogia
Saudações Leitores!
RUÍNA E ASCENSÃO (Ruin and Rising, 2014) trata-se do terceiro volume da Trilogia Grisha de Leigh Bardugo, precedido pelos volumes Sombra e Ossos e Sol e Tormenta.
Chegar ao fim da Trilogia Grisha é bem conflitante porque é dar adeus e descobrir como a história irá terminar, certo? É sentir ansiedade para descobrir todas as respostas e ao mesmo tempo ler sentindo saudade de todo o universo incrível e mágico criado pela autora.
Sinto-me nostálgica toda vez que falo ou escrevo resenhas de último livro de uma série ou trilogia, mas vamos ao que interessa, lembrando que nessa minha opinião terá spoilers, pois jamais conseguiria falar de um último livro sem mencionar fatos de livros anteriores e até mesmo detalhes superficiais sobre esse volume, ok?
"Haviam se passado dois meses desde a minha batalha contra o Darkling e eu não tinha me recuperado totalmente. As maçãs do meu rosto cortavam os sulcos da minha face como exclamações raivosas, e o caimento branco do meu cabelo era tão quebradiço que parecia flutuar como teias de aranha.
O que falar do terceiro volume? O primeiro fato é que ele começa exatamente da parte do fim do segundo volume onde nossos "heróis" são salvos pelos Soldat Sol, ou seja, o exército do Apparat que luta pela Sankta Alina, a Conjuradora do Sol.
Mesmo sendo salvos de Darkling após o confronto no final de Sol e Tormenta, não parece que Alina está a salvo de pessoas que querem controla-la, por isso, ela, Maly e os poucos Grishas sobreviventes são "aprisionados" na catedral no subsolo de Os Alta, sem poderem ter liberdade de se reunirem ou de irem para a superfície, já que o Apparat controla a tudo e todos por meio de "lavagem" religiosa.
RUÍNA E ASCENSÃO não fala exatamente quanto tempo eles ficaram nessa Catedral do Apparat, porém muita coisa acontece lá e esse processo é importante porque o Apparat além de salvar Aline e seu grupo, ajuda e dá um ambiente "seguro" para Alina se recuperar, do combate direto com Darkling, afinal ela ficou muito fraca, modificada psicológica e fisicamente, além de ter seus poderes reduzidos (por algum motivo).
"Eu havia sentido falta dele. O modo como falava. A maneira como lidava com um problema. O jeito de trazer esperança aonde quer que fosse. Pela primeira vez em meses, senti o nó no meu peito afrouxar."Sem dúvida, em RUÍNA E ASCENSÃO, acontecem muitas coisas esclarecedoras, muitas revelações e personagens desaparecidos que voltam a aparecer (para nossa alegria), e uma das coisas legais na leitura é percebermos que Bardugo está mais primorosa em sua escrita, de modo que fornece mais detalhes, em contra partida também aprendeu a protelar o enredo e durante todos os acontecimentos importantes como a busca pelo pássaro (que é o terceiro amplificador) é entremeada com muita coisa desnecessária, diálogos que não são relevantes e situações sem importância alguma, pelo contrário, algo bem vazio (como um monte de vestidos ricos em pleno uma guerra definitiva e enquanto muitas pessoas sofrem por toda a Ravka).
Você pode até contextualizar e interpretar que isso reflete a realidade mostrando que independente de guerras sempre irá existir desigualdades sociais e o privilégio de uma parcela da população. Sim. Mas eu não gostei dessa parte e não achei relevante, além do mais é perceptível que coisas relevantes ficaram sem tanto destaque assim, ou seja, algumas prioridades foram invertidas
"Eu não estava com medo de você, Alina. Eu tinha medo de perder você. A garota que estava se tornando não precisava mais de mim, mas ela é quem você sempre esteve destinada a ser."
O que quero dizer é que ao invés de falar minuciosamente sofre detalhes fúteis, teria sido interessante que a autora detalhasse melhor os fatos importantes, pois não posso passar pano para o fato de que mais da metade do livro tinha se passado e pouca coisa realmente relevante para o enredo tinha acontecido. Na verdade, a escritora deu relevância demais aos sentimentos e dúvidas de Alina a respeito de Maly, Darkling e Nikolai.
Porém, mesmo assim o volume traz um enredo fascinante, um universo eletrizante e cheio de detalhes e sutilezas que me agradam muito, além do mais como já mencionei, Bardugo está escrevendo muito melhor do que antes e nos presenteou com descrições incríveis, principalmente, de cenas de batalhas e ações.
"O poder dentro de mim tinha parecido tão miraculoso, mas a cada confronto com o Darkling as limitações das minhas capacidades ficavam mais claras. Não há luta alguma para travar. Apesar das mortes que presenciei e do desespero que senti, não estava mais próxima de entender ou utilizar o merzost. Eu me peguei ressentindo-me da calma de Maly, da certeza que parecia carregar em seus passos."
RUÍNA E ASCENSÃO é um volume que fechou muito bem a Trilogia Grisha, mas vamos combinar que um ponto fraco de toda a trilogia é a protagonista Alina: ela é indecisa, dependente e insegura desde o primeiro livro e, aparentemente, quando se trata de relacionamento ela quer que todos a desejem e isso é insuportável, ela não sabe quem amar, ela quer a atenção de todos e quer depender de todos mesmo que tenha poderes incríveis. Eu queria muito que ao longo da trilogia ela tivesse se tornado mais forte, autônoma.
Uma coisa que me incomodou muito nesse terceiro volume foi o fato de que nosso vilão Darkling vai desaparecendo da narrativa de Bardugo, o primeiro livro é, sem dúvida, aquele em que ele mais aparece e depois dele, aparentemente, sua presença na maior parte das vezes é através de visões rápidas de Alina, e isso é bem frustrante, porque mesmo que estejamos a par de várias descobertas sobre Darkling, a autora vai apagando ele - o vilão - da história, o que faz as motivações dele se apagarem também.Apesar de tudo, como fazia tanto tempo que não lia uma série ou trilogia de fantasia, sinto-me feliz e orgulhosa por ler a Trilogia Grisha, foi ótimo mergulhar nessas páginas. A trilogia é perfeita? Não é, mas é gostosinha de acompanhar e fascinante em seu universo criado. Talvez o final não agrade a todos, particularmente, a mim não agradou tanto o quesito da escolha de Alina para seu par romântico, mas como as coisas definitivamente aconteceram foi relativamente interessante.
Espero que se você ainda não tenha lido essa trilogia dê uma oportunidade para ela. Caso você já tenha lido, me conta o que achou! Boas Leituras!
"Toda vez que tentava prever meu destino, minha vida tinha virado de cabeça para baixo."
Ruina e Ascensão
Autor: Leigh Bardugo
Tradutor: Eric Novello
São Paulo: Planeta | Minotauro
Ano: 2021 | 336 págs.
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