O Quarto de Jacob é um clássico da literatura inglesa e só por isso já vale a leitura, mas por ser uma narrativa fragmentada sua leitura é absolutamente desafiadora
Saudações Leitores!
Se tem uma escritora que há tempos eu queria muito ler essa é a britânica Virgínia Woolf e, não faço ideia se comecei pelo livro certo, mas iniciei minhas aventuras pela escrita da autora pela novela O Quarto de Jacob (1922) por ser um livro pequeno (com menos de 200 páginas) e agora venho dar meu parecer de forma breve e suscinta (espero).
Pra começar, Virgínia Woolf é uma das precursoras dos romances de fluxo de consciência (ou romances psicológicos), um estilo de livro que sempre acho muito complexo a leitura, pois exige do leitor uma atenção redobrada e, portanto, sabia que teria dificuldade de acompanhar o raciocínio fragmentado desse tipo de narrativa; para completar, este ser meu primeiro contato com as obras de Woolf também é um ponto a ser levado em consideração no meu parecer.
O estilo psicológico de O Quarto de Jacob é muito elogiado e vai trazer para o leitor, em vários recortes a vida de Jacob Flanders: fragmentos de sua infância, sua educação, sua vida adulta, seus romances e também abordará assuntos que vão de íntimos, filosóficos, existencialistas e até assuntos mais triviais na vida desse personagem.
Algo que me chamou bastante atenção em O Quarto de Jacob é o fato do volume ser contado através do ponto de vista externo de Jacob Flanders, ou seja é um fluxo de pensamentos sobre esse personagem mas sob a ótica e percepções das mulheres da vida de Jacob. São bastante raro os momentos de "vozes" masculinas no texto e isso inclui a do personagem.
Não foram raras as vezes que, durante a leitura, senti que estava deixando passar alguma coisa ou de que O Quarto de Jacob era um livro que exigia uma leitura de apoio (que essa edição, lamentavelmente, não oferece), percebi que o volume queria nos apresentar Jacob, mas a autora mostrou a impossibilidade de conhecermos a fundo alguém, pois a percepção que temos de um sujeito muda de pessoa para pessoa e que esse sujeito se mostra único para cada pessoa.
Também durante a leitura percebi que a narrativa literária modernista visava provocar um incômodo no leitor ao passo que nos fazia questionar e refletir sobre os costumes e a educação da época.
Ao final do volume, devo admitir que já estava um pouco mais acostumada com a escrita de Virgínia Woolf, porém, ainda assim, não fui capaz de desvendar ou responder ao questionamento: Quem é Jacob Flanders? Talvez seja essa a intenção da autora: nos deixar "cegos" a respeito do personagem.
Vou ser bem honesta, não sei se Jacob era interessante o suficiente para render quase 200 páginas; achei a leitura difícil e a exigência de concentração fez com que eu não conseguisse me envolver tanto com o que estava sendo narrado. em contrapartida, nessa primeira leitura "perdi" muita coisa, que numa possível releitura poderei capturar mais e talvez seja capaz de mudar minha opinião acerca do livro (ou não).
Para resumir minhas sensações durante a leitura, creio que um sentimento que me sobrepairou enquanto eu lia foi a angústia da brevidade da existência humana e, inclusive, em vários momentos da narrativa de forma direta ou indireta é apresentado uma imagem ou referência à morte, acredito que esse tópico é também uma das grandes questões do livro, da vida em si e inclusive um dos assuntos que Woolf costuma abordar em seus livros.
Acredito que em um próximo livro de Virgínia Woolf que eu ler se torne uma leitura mais prazerosa e consiga apreciar mais por estar mais "íntima" do estilo de escrita da autora. Apesar de não ter apreciado muito a leitura, acredito que vale a pena pela experiência em si.
Boas Leituras e até o próximo post!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: Jacob's Room (1922) Autor: Virginia Woolf Tradutor: Lya Luft Gênero: Ficção, Romance Psicológico Editora: Novo Século Ano: 2021 | 192 págs. País de Origem: Inglaterra Minha avaliação:⭐⭐(2/5) |
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