Em Pedra Papel Tesoura o potencial estava ali, a premissa, o ritmo rápido, a ambientação, mas a execução não conseguiu me conquistar
Saudações, Leitores!
Pedra Papel Tesoura (Rock Paper Scissors, 2021) foi escrito pela britânica Alice Feeney, uma autora e ex-jornalista que já publicou outros thrillers psicológicos, mas este foi o primeiro (até onde tenho conhecimento) que foi publicado no Brasil em 2024, pela Darkside Books. Este foi meu primeiro contato com uma obra da autora e, antes de mais nada, acho interessante ressaltar que Feeney possui uma escrita de linguagem acessível e, de certa forma, boa, o que facilita bastante a leitura para quem aprecia histórias de suspense e mistério, porém como o livro foi vendido com um suspense é claro que esperei por isso e acho que essa expectativa me deixou um pouco frustrada, pois já li thrillers bem melhores.
Nesse volume, especificamente, encontramos uma narrativa contada sob múltiplas perspectivas: acompanhamos capítulos narrados por Amélia, Adam, Robin e também nos deparamos com misteriosas cartas que parecem lançar luz sobre a relação conturbada do casal protagonista. Essa escolha narrativa, que alterna pontos de vista e vozes, poderia criar um efeito instigante e envolvente, principalmente porque a autora trabalha com capítulos curtos que tornam a progressão da leitura mais ágil.
Em Pedra Papel Tesoura, temos a premissa de um casamento em crise, onde o casal decide passar um final de semana em uma antiga igreja transformada em hospedagem, isolada no interior da Escócia. Adam sofre de prosopagnosia (cegueira facial) e é roteirista, enquanto Amélia parece guardar ressentimentos e segredos. Ao longo das páginas, percebemos que há algo de sinistro nessa viagem e nas cartas intercaladas, sugerindo que a verdade sobre esse relacionamento é muito mais obscura do que aparenta.
Porém, mesmo com todos esses elementos que costumam caracterizar bons thrillers: a ambientação misteriosa, os segredos, os capítulos curtos e as múltiplas perspectivas, confesso que esse livro nunca conseguiu me prender verdadeiramente. Em nenhum momento senti aquele envolvimento que me faz “comprar” a história e torcer genuinamente pelos personagens ou temer por seus destinos.
Outro detalhe que me chamou muito a atenção é que todas as páginas parecem ter sido escritas com o propósito de conter frases de efeito, daquelas que parecem “prontas” para grifar, marcar e compartilhar. E foi exatamente isso que aconteceu comigo: o meu exemplar está inteirinho tomado de post-its porque, de fato, as frases chamam atenção e, num primeiro momento, empolgam. No entanto, depois de um tempo, essa estratégia se torna repetitiva, um tanto cansativa e previsível, como se o impacto das palavras fosse calculado demais, tirando parte da naturalidade da narrativa e, de certa forma, nos tirando o foco também.
Além disso, percebi pontos inconsistentes na trama que me fizeram questionar as motivações e o desenvolvimento de alguns acontecimentos. Ainda que a autora tente construir reviravoltas e climas de tensão, muito do enredo soou artificial, como se cada revelação fosse inserida apenas para impressionar, mas sem a solidez necessária para convencer o leitor.
Outro ponto que me distanciou da obra foi a construção dos personagens. Apesar de termos acesso ao ponto de vista de cada um, senti que eles não foram suficientemente profundos ou carismáticos para criar empatia ou provocar reflexões mais genuínas ou trazer mais medo ao leitor. O desfecho também me deixou a desejar, só cumpri a leitura, sem ânimo nenhum.
Para resumir, a experiência de leitura acabou sendo um tanto frustrante, pois o potencial estava ali, a premissa, o ritmo rápido, a ambientação, mas a execução não conseguiu me conquistar e eu só consigo lamentar muito pela minha experiência não ter sido das melhores, porque faz tanto tempo que não lia um bom thriller e ansiava por um que conseguisse me prender e Pedra Papel Tesoura não foi uma escolha assertiva, no momento.
Definitivamente, Pedra Papel Tesoura pode agradar leitores que buscam um suspense com leitura fácil, ágil, cheio de frases de impacto e reviravoltas, mas, para quem espera uma trama mais bem amarrada, envolvente e menos calculada, talvez não seja uma leitura tão memorável. Para mim, ficou a sensação de que a história prometeu mais do que conseguiu cumprir. Esperei mais do que o que encontrei nessas páginas, mas é isso...
Obrigada por terem lido até aqui, caso tenham lido e queiram compartilhar sua experiência, fiquem a vontade. No mais, até o próximo post!
FICHA TÉCNICA |
Título Original: Rock Paper Scissors Autor: Alice Feeney Tradutor: Letícia Ribeiro Carvalho Gênero: Ficção. Drama. Jovem. Suspense. Mistério. Editora: Darkside Ano: 2021-2024 | 288 págs. País de Origem: Reino Unido/Inglaterra Classificação: +15 Aviso de Conteúdo: Assassinato. Acidente de Carro. Manipulação. Psicopatia. Minha avaliação:⭐⭐(2,5/5) |
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