Estava sabendo que o livro de Ruth Ware iria ser adaptado e quando o filme A Mulher da Cabine 10, que é a adaptação de um livro com o mesmo nome surgiu nas minhas recomendações decidi assistir primeiro e, se eu gostasse talvez pegaria o livro para ler. Reforçando, não li o livro, portanto esta é uma opinião baseada apenas no filme, embora já tenha visto alguns comentários de que a obra literária tem um suspense psicológico mais intenso.
No geral, achei o filme interessante e curioso, prende a atenção com seu clima de mistério e ambientação elegante, mas confesso que o final não tem muito impacto, soando um pouco amador se comparado à tensão criada até ali. Mas deixe-me explicar melhor...
Título Original: The Woman in Cabin 10Ano: 2025
Direção: Simon Stone
Duração: 92 min
Classificação: Livre
Gênero: Drama. Mistério. Thriller.
País de Origem: Estados Unidos
Avaliação: ⭐⭐☆ (2,5/5)
Sinopse: A bordo de um iate de luxo a trabalho, uma jornalista vê uma pessoa caindo no mar, mas ninguém acredita. Para descobrir a verdade, ela coloca a própria vida em risco.
Tensão, paranoia e dúvidas
Vou ser logo clara no início: o ponto mais interessante de A Mulher da Cabine 10 é o jogo psicológico que ele constrói com o espectador. A protagonista é uma narradora nada confiável, pois ela está sob estresse pós-traumático, o que nos faz duvidar o tempo todo do que é real ou não. Essa ambiguidade sustenta boa parte do suspense e é o que mantém o interesse na história. Pelo menos foi assim para mim, eu ficava o tempo todo me questionando se ela não estava paranoica.
A ambientação no navio é elegante, quase claustrofóbica, com câmeras fechadas e iluminação azulada que reforçam a sensação de isolamento e perigo. A cada novo personagem, o espectador se pergunta: Quem está mentindo? Quem é cúmplice? Eu olhava para cada personagem e não conseguia confiar em ninguém, porém tinha uns dois que mais me levantavam suspeitas (um deles eu acertei e olha que sou péssima em descobrir as coisas nos livros, mas aqui ficou tão escancarado).
Assim, o filme perde força quando chega ao clímax. A resolução parece apressada, sem o mesmo refinamento das pistas e tensões criadas no início. É como se toda a construção minuciosa do mistério fosse substituída por um desfecho previsível e simplificado. Não me surpreendeu, e perdeu muito o folego, achei, de fato, o final muito amador.
Atuações: boas, mas pouco exploradas
A atriz principal, Keira Knightley, que interpreta a Laura consegue transmitir bem o desespero e a confusão mental da personagem, o olhar paranoico, o medo constante, o isolamento emocional, mas tem algo que faltou... talvez seja em decorrência dos coadjuvantes serem pouco desenvolvidos, o que enfraqueceu o envolvimento com o mistério. Tinha personagem ali que não servia para nada, falava uma coisa aqui e outra acolá, sendo absolutamente desnecessário.
O que achei, de verdade, é que faltou um aprofundamento maior nas relações entre os passageiros, algo que desse mais densidade emocional e tornasse o suspense menos técnico e mais humano, que esses personagens tivessem uma relação mais próxima e não apenas o fato de serem riquinhos exóticos. Fatou um tempero. Sério.
Temas: medo, isolamento e credibilidade
O filme levanta reflexões interessantes sobre o medo de não ser acreditada e sobre como a verdade pode ser distorcida quando quem fala parece instável, sobretudo quando se é uma mulher. Há um tom simbólico ali, sobre a solidão feminina e a desconfiança que recai sobre mulheres que denunciam algo grave, como automaticamente são consideradas loucas, depressivas, transtornadas, invalidando tudo o que já viveram e sua sanidade.
Esses elementos são bem trabalhados na primeira metade, mas se diluem na segunda parte, quando o foco passa a ser apenas “resolver o crime”, principalmente quando aparecem mensagens e situações bizarras, ou quando pessoas não estão nem aí se estão colocando suas próprias vidas em risco, pois o mais adequado, quando você é desacreditada é você trabalhar por debaixo dos panos, né? E não se colocar em embate com um monte de rico e sobretudo quando você diz que um crime aconteceu ali. É ingênuo demais, não acham?
Livro vs Filme: o que ouvi falar
Não li o livro, mas ouvi que ele é mais profundo e tenso, explorando melhor os pensamentos da protagonista e o desconforto psicológico do confinamento. O filme, por outro lado, aposta mais em recursos visuais e na atmosfera, mas acaba perdendo intensidade narrativa.
Enquanto o livro parece conduzir o leitor ao limite da sanidade, o filme entrega uma versão mais superficial, ainda divertida, mas sem o mesmo impacto.
Não posso opinar sobre o livro porque não li, mas agora que assisti ao filme e não achei essas coisas não sei se me interesso por ler... É tão triste quando isso acontece, sempre acho que um filme pode ser uma coisa extremamente boa para abrir portas para as pessoas quererem ler os livros, mas às vezes a adaptação não proporciona essa vontade, aí fica ruim...
Conclusão
A Mulher na Cabine 10 é um filme de suspense interessante, com uma proposta instigante e uma ambientação visual muito bem-feita. A história prende, desperta curiosidade e cria boas expectativas, mas o final deixa a desejar, como se faltasse fôlego para um desfecho à altura.
Mesmo assim, vale assistir se você gosta de thrillers psicológicos com atmosfera tensa e visual elegante. É aquele tipo de filme que entretém e nos faz pensar: até que ponto podemos confiar no que vemos?
Espero que tenham gostado desse veredito, obrigada por terem lido e até a próxima postagem!
Caso você já tenha lido o livro e/ou assistido a película, me contem - nos comentários - o que você achou...
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