Se Ela Fosse Minha flui com facilidade e o livro avança rapidamente, um verdadeiro clichê, mas mesmo gostando de clichê esperei que tivesse ao menos uma reviravolta mais diferenciada e foi aí que me frustrei
Saudações, Leitores!
Hoje venho compartilhar minhas impressões sobre Se Ela Fosse Minha (Kiss Her Once for Me), da norte americana Alison Cochrum, um young adult e new adut que se passa na época do Natal e eu amo fazer leituras temáticas natalinas, já faz alguns anos que faço, mas o volume acabou sendo apenas razoável para mim. Não é um livro ruim, mas é uma obra que caminha por terrenos bastante conhecidos da literatura romântica contemporânea, o que fez com que a experiência fosse previsível desde as primeiras páginas. E é porque gosto de um clichê, mas acho que até mesmo eles devem trazer um temperinho a mais, sabe?
Antes de falarmos sobre o livro preciso dizer que este foi meu primeiro contato com a autora Alison Cochrum que é uma autora queer de Portland e cujo trabalho está focado em histórias que exploram a identidade LGBTQIA+ e a forma como a aceitação se choca com as expectativas sociais e familiares.
A leitura de Se Ela Fosse Minha flui com facilidade e o livro avança rapidamente, mas justamente por seguir uma estrutura tão familiar, torna-se fácil antecipar os acontecimentos e o destino dos personagens. O enredo trabalha o clássico amor que nunca tinha acontecido até que aconteceu, timing errado, encontros e desencontros, segredos, romance falso, e arrependimentos, elementos que já vimos muitas vezes em romances do mesmo gênero que funcionam muito bem juntos, mas tem que ter um quê a mais, talvez tenha faltado um humor, uma conexão, uma personagem que se sobressaísse mais. Faltou algo.
A história acompanha Ellie Oliver, que um ano após se mudar para Portland em busca de uma nova vida, se encontra sem emprego e com sérias dificuldades financeiras. O único ponto alto do último ano foi uma noite de paixão e conexão no Natal passado com uma mulher misteriosa, Jack, que desapareceu sem deixar rastros.
Quando Andrew Kim-Prescott, o dono da cafeteria que Ellie trabalhava, faz uma proposta impensada e um pouco bêbada, diga-se de passagem, a vida de Ellie muda: um casamento de conveniência para que Andrew possa receber uma herança. Em troca, Andrew resolveria os problemas financeiros de Ellie. Essa primeira parte, foi realmente divertida, engraçada, fofa e deixou-me com boas expectativas sobre o volume, juro.
Para convencer a família Kim-Prescott da legitimidade do relacionamento, Andrew e Ellie viajam para passar as festas de fim de ano na "cabana" da família, em uma espécie de fake dating natalino. O grande choque, e o cerne da trama, acontece quando Andrew apresenta sua irmã a Ellie, e imediatamente ela se dá conta de que a Jacqueline de quem Andrew tanto falava é, na verdade, Jack, a mulher por quem ela se apaixonou na única noite do Natal anterior.
Agora, Ellie se vê presa entre a segurança financeira de um noivado falso e o risco de confrontar Jack e a possibilidade de viver um amor real, além disso outras revelações sobre outros personagens vão também impactar a narrativa e os rumos de toda a história, mas já na exposição é bem previsível o andar da carruagem.
Eu achei Se ela fosse minha um livro razoável. Ele cumpre a promessa de ser um comfort read de Natal com um toque sáfico muito bem-vindo, mas, em termos de enredo, não conseguiu me surpreender.
Minha impressão é que a história é muito clichê, especialmente ao usar o trope do noivado de conveniência e do reencontro forçado. Desde o momento em que Ellie descobre a identidade de Jack, sabemos exatamente que rumo a história vai tomar: o relacionamento falso será posto à prova pelo amor verdadeiro. A falta de grandes reviravoltas ou desvios da fórmula tornou a experiência previsível, apesar de a premissa ser inegavelmente fofa e o clima de Natal ser envolvente.
Além disso, estranhei a linguagem neutra presente em certos momentos da narrativa. Embora eu reconheça e apoie a importância de usar pronomes e estruturas que garantam a representatividade e a inclusão de identidades não-binárias, algo relevante no contexto do livro e da autora, a fluidez da leitura foi impactada pela introdução dessa linguagem no texto em português, porque eu demorava para entender o que estava lendo, vai ver foi só a falta de hábito! Foi um desafio estilístico que exigiu uma pausa e uma adaptação do meu ritmo, pois foge ao padrão gramatical com o qual estamos acostumados. Essa estranheza inicial me tirou um pouco da imersão.
Apesar de ser previsível, a autora brilha ao tratar das dinâmicas familiares complexas dos Kim-Prescott e dos conflitos internos de Ellie e Jack. Ellie lida com questões de autoestima e a sensação de ser uma fracassada, enquanto Jack enfrenta a pressão familiar e a necessidade de viver a sua verdade. O livro é uma ótima reflexão sobre o que estamos dispostos a sacrificar e a fingir em nome da segurança financeira e como, no final, a autenticidade é sempre o caminho mais arriscado, porém mais gratificante.
É um livro que vale a leitura se você ama o trope do noivado falso, o clima de Natal e busca representatividade, mas vá com a expectativa de que a jornada romântica será direta e sem grandes desvios da rota já traçada por esse tipo de comédia romântica. Uma leitura ok, que provoca alguma reflexão, mas que dificilmente permanecerá na memória por muito tempo.
Obrigada por ter lido até aqui e até o próximo post!
| FICHA TÉCNICA |
| Título Original: Kiss Her Once for Me Autor: Alison Cochrun Tradutor: Mariana Mortani Gênero: Ficção. Romance Sáfico. LGBTQIAP+ Editora: Paralela Ano: 2022-2023 | 336 págs. País de Origem: Estados Unidos Classificação: +15 Aviso de Conteúdo: Triângulo amoroso. Trapézio amoroso. Traição. Negligência familiar. Minha avaliação:⭐⭐✨(2,5/5) |

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