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Resenha: As Brumas de Avalon: A Grande Rainha (Livro 2) - Marion Zimmer Bradley

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

As Brumas de Avalon (Volume Único), Marion Zimmer Bradley, São Paulo: Planeta, 2017, 970 pág
Livro 2: A Grande Rainha (pág 261-498),
Tradução: Marina Della Valle
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Saudações Leitores!
Sigo acompanhando as fantásticas aventuras de As Brumas de Avalon (The mists Of Avalon), desta vez, após a leitura do primeiro tomo: A Senhora da Magia, embarquei no segundo volume A Grande Rainha e já antecipo minha total curiosidade pelos próximos tomos: O Gamo-Rei e O Prisioneiro no Carvalho. De antemão já quero alertar que esta resenha pode ter SPOILER, por se tratar de um segundo volume fica impossível não mencionar fatos que ocorreram dentro do primeiro volume.

Vale a pena frisar também que, além destas resenhas escritas, estou fazendo um Diário de Leitura lá no canal e já tem a Parte I e a Parte II para quem quiser conferir.

O Segundo tomo de As Brumas de Avalon: A Grande Rainha conseguiu ser ainda mais surpreendente que o primeiro volume, quando comecei a ler se tornou impossível largar o volume e quando precisava "pausar" a leitura eu ficava pensando na estória.
"Talvez, e penso mais nisso à medida que envelheço, o que chamamos de passagem do tempo ocorra apenas porque adquirimos o hábito, arraigado em nosso sangue e em nossos ossos, de contar as coisas: os dedos de um recém-nascido, o nascer e o pôr do sol, pensamos com tanta frequência em quantos dias faltam ou quantas estações antes que o nosso milho esteja pronto para a colheita ou nossa criança cresça no útero e nasça, ou que algum encontro muito desejado aconteça; e observamos tais coisas pelo correr do ano e do sol, como o primeiro dos segredos sacerdotais."
A Grande Rainha começa pouco tempo depois dos fatos narrados no primeiro tomo: Morgana está no reino de Lot, vivendo com sua tia Morgause e esperando o nascimento de seu filho. Nascimento este que é completamente difícil e doloroso, o que já torna a narrativa desse segundo livro angustiante e ao mesmo tempo envolvente.

A ação do volume não para por aí, como o próprio título do livro diz, teremos um foco na Grande Rainha, ou seja, após a coroação de Artur como o Grande Rei da Bretanha, há uma guerra se aproximando e o rei tem que conseguir aliados e fazer acordo políticos para combater os Saxões, é nesse ínterim, que Lancelote acaba visitando o reino de Gwenhwyfar e o pai dela acaba por negociar o casamento de sua filha com o rei Artur em troca da aliança política e de cavalos, bem como cavaleiros, para a guerra.
"Ela era uma mera parte de tudo aquilo, em meio aos equipamentos de cavalos e homens com seus apetrechos e uma mesa. Era apenas uma noiva com seus pertences, roupas, vestidos e joias, um tear e uma chaleira e alguns pentes e cardas para fiar linho. Não era ela mesma, não havia nada para ela, era apenas a propriedade de um Grande Rei que não havia nem se dado ao trabalho de ir ver a mulher que lhe enviavam com todos os cavalos e acessórios. Era outra égua, uma égua parideira, dessa vez para a reprodução do Grande Rei, para, com sorte, providenciar-lhe um filho real."
Contudo quando Gwenhwyfar conhece Lancelote e ele à ela, ambos se apaixonam, mas cada um tem que obedecer seus respectivos destinos. Gwen se casa com Artur. Lancelote sofre e ao mesmo tempo respeita seu grande rei e adorado amigo Artur.

A Grande Rainha  vai mexer muito com os sentimentos do leitor, pois teremos aqui um quarteto amoroso e ao mesmo tempo que torcemos, também não torcemos, pois vemos todas as tramoias e os jogos de interesses sendo delineados.
Nesse segundo tomo temos muitos acontecimentos importantíssimos para os rumos da Bretanha e que irão repercutir nos próximos volumes. Sob a influencia de Gwen, que é uma cristã fanática, Artur acaba quebrando seu juramento com o povo de Avalon, bem quando a Guerra está a ponto de acontecer e isso irá dividir os povos e opiniões.

Desse modo, a corte de Artur se torna cada vez mais cristã e Gwen, se vê cada vez mais pecadora por ter sempre em mente um amor adultero com Lancelote, ao passo que se sente frustrada por não conseguir dar um herdeiro ao rei Artur. É com o passar dos anos que Gwen também começa a alimentar um ódio por Morgana, que após uma série de acontecimentos volta para a corte de Artur. As principais motivações para o ódio de Gwen é o fato de perceber que Morgana ama Lancelote, que a ex-sacerdotisa é livre e pagã.
"Vocês cristão gostam demais da palavra "impróprio", especialmente quando se trata de mulheres. Se música é uma coisa maligna, então ela também o é para os homens; mas, se é benéfica, as mulheres não deveriam fazer tudo o que fosse possível de coisas boas para compensar seu suposto pecado no início do mundo?"
Um dos pontos sensacionais em A Grande Rainha é que a estória se passa ao longo dos anos e, assim, podemos ver as transformações não só físicas como também psicológicas de todos os personagens, além do mais vemos a história por trás da Távola Redonda, a formação dos Cavaleiros do Rei Artur. Vemos também, a morte de alguns personagens, alguns segredos sendo mantidos, algumas revelações. É absolutamente eletrizante e viciante.
Algo que me chamou bastante atenção na narrativa foi o destaque que a escritora Marion Zimmer Bradley deu aos acordos políticos e a utilização de uma mulher para efetivar esses acordos, como se fosse uma moeda de troca. Durante todo o volume também os deparamos com as cobranças sobre Gwen para gerar um herdeiro ao trono e o quanto ela vai se transformando ao passar dos anos e não conseguir, levantando também a questão de que o próprio Artur talvez fosse estéril, já que o próprio desconhecia o nascimento do seu filho com Morgana.

Essas cobranças por um herdeiro, afetam profundamente Gwen, sem dúvida, mas afetam também Artur que acaba dando permissão para que sua esposa o traia com seu grande amigo Lancelote. E tudo só tende a melhorar durante a narrativa e os eventos que vão acontecer.
"Mas há aqueles que amam sua bandeira do Pendragon da mesma maneira que você ama a cruz de Cristo... Largaria ele suas coisas sagradas, senhora? Os que são de Avalon, druidas, sacerdotes e sacerdotisas, saberão que o estandarte apenas um símbolo, e que um símbolo é nada, enquanto a realidade é tudo. Mas o povo está querendo não, ele não vai entender, e deve ter o dragão como símbolo da proteção do rei."
Há vários temas e assuntos que Marion Zimmer Bradley abordou nesse volume que podem estar ali meio camuflados, mas que saltam aos olhos dos leitores, temas e assuntos muito espinhosos para o conservadorismo e isso chega a ser envolvente de se ler, toda essa forma de construção do enredo, da narração e a exposição de várias reflexões políticas, filosóficas e religiosas. Absolutamente sensacional.

Pra finalizar, A Grande Rainha, fechou com chave de ouro, deixando o leitor com um gostinho de "preciso saber o que me espera nos próximos volumes", sim, cá estou ansiosa para as próximas leituras e recomendando essa série loucamente para todos os amigos, seguidores, leitores... Recomendando GERAL.

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