Não lembro se eu já sabia que o livro A Vida em Tons de Cinza (Ruta Sepetys), que li recentemente, tinha uma adaptação, mas sei que depois de realizar a leitura e preparar a resenha descobri/relembrei a existência dessa adaptação. Obviamente que iria querer conferir a película, até porque gostei bastante do livro e queria ver como tinha ficado a adaptação, afinal o livro já tem um impacto bem grande e, portanto, o filme com toda a parte visual deveria repassar ainda mais os impactos da temática e da situação representada.
Título Original: Ashes in the Snow
Ano: 2018 (no Brasil 2020)
Direção: Marius A. Markevicius
Duração: 115 minutos
Classificação: + 14 anos
Gênero: Drama. História.
Países de Origem: Estados Unidos. Lituânia
Minha Avaliação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse: Em 1941, um aspirante a artista e sua família são deportados para a Sibéria em meio ao desmantelamento brutal de Stalin na região do Báltico. Em um lugar aparentemente sem esperança, o amor é o único meio de sobrevivência.
FILME vs LIVRO
Como é que posso fazer um comparativo entre o filme e o livro? Já é bem padrãozinho eu dizer para vocês que as adaptações não são a cópia fiel do livro, até porque no livro é mais completo (tem mais espaço para desenvolvimento do que 115 min. de um filme) e como o esperado por mim, Retratos de uma Guerra traz, sim, uma abordagem visual bastante rica e impactante da história que encontrei nas páginas de Uma Vida em Tons de Cinza.
No entanto, o filme, de maneira inevitável omite certos detalhes e subtramas que são bastante interessantes para a profundidade do livro, que até ajudam a entendermos e nos conectarmos mais com o que foi narrado, porém o filme não apresentou. Em outras palavras, o filme não é fidedigno e faz um remanejo de várias situações, omitindo diversas partes que tinham no livro e que explicavam melhor a relação e as confusões de alguns personagens, coisas que não ficaram tão claras ao assistir ao filme (a não ser para quem já tivesse lido ao livro).
Vendo por essa perspectiva, mesmo reconhecendo que o livro poderia ter trazido mais profundidade e riqueza em detalhes em vários momento, inclusive, tenho a percepção que o filme trouxe bem mais profundidade em algumas partes, acredito que, no geral, senti que a película simplificou alguns aspectos da narrativa e dos personagens, perdendo nuances importantes. Um exemplo disso é que no livro, o irmão e a mãe da protagonista são muito mais presentes e tem certo protagonismo, mas no filme eles estão total e completamente em segundo plano, isso me incomodou. Além do mais, o pai da protagonista quase não é relevante no filme, mas ele tem relevância no filme e, inclusive, ela o reencontra num determinado momento no livro e que foi um verdadeiro marco para a história, mas no filme esse momento não existe.
Por outro lado, o filme consegue, sim, capturar a essência e os temas centrais do livro e oferece, de fato, uma versão condensada e acessível da história do romance. Acredito inclusive que o filme pode ser uma boa porta de entrada (muita gente pode assistir e procurar o livro para ler a posteriori).
ATORES E ATUAÇÕES
As atuações em Retratos de Uma Guerra são um dos pontos fortes do filme. Os atores principais entregam performances convincentes e emocionantes, trazendo profundidade e autenticidade aos seus personagens. A química entre o elenco é palpável e contribui para a imersão do espectador na história. No entanto, alguns personagens secundários podem não receber o mesmo nível de desenvolvimento ou destaque, resultando em atuações que parecem superficiais ou subutilizadas.
Quero, no entanto enaltecer a atuação de Bel Powley como a protagonista Lina Vilkas, achei ela sensacional e repassou os sentimentos que senti ao ler o livro, era como se eu não visse a pessoa da atriz, apenas a personagem Lina, o que fabuloso para poder imergir na narrativa.
ATMOSFERA, FOTOGRAFIA ETC.
A atmosfera do filme é eficazmente criada através de uma combinação de fotografia deslumbrante que são capazes de nos transportar para o mesmo ambiente angustiante que aconteceu essa história, a fotografia consegue passar toda a atmosfera da história de maneira impressionante. A cinematografia captura tanto a beleza quanto a devastação dos cenários, criando um contraste poderoso. A gente sentia a dor e o frio que fizeram parte de toda a narrativa.
No entanto, quero apenas tocar num ponto que acabou sendo um pouco negativo para mim: o ritmo do filme. Por vezes, foi muito difícil acompanhar a história porque os melhores momentos - que eu considerava - foram abordados de maneira rápida e leviana e outros momentos que nem dei muita importância tiveram um destaque que eu achei desnecessário. Sei que o propósito do livro, bem como do filme é trazer o tema à tona, já que ele foi muito silenciado, mas se iam fazer mudanças - como houveram - poderiam ter acrescentado coisas que dessem mais agilidade, mais empolgação.
VEREDITO
Por fim, quero deixar bem claro que Retratos de Uma Guerra é uma adaptação digna e consegue capturar a essência da história original, oferecendo uma experiência visualmente impressionante e emocionalmente envolvente. No entanto, o filme enfrenta os desafios comuns de adaptar uma obra literária complexa para a tela grande, resultando em algumas simplificações e omissões que podem desagradar os fãs do livro.
Apesar de suas falhas, o filme oferece performances fortes e uma atmosfera realista, tornando-o uma adição valiosa ao gênero de filmes de guerra. Para aqueles que apreciam narrativas emocionantes sobre os horrores da guerra este filme é uma obra que vale a pena ser assistida.
Espero que tenham gostado dessa crítica e, caso você já tenha assistido, ou tenha intenção de assistir e quiser compartilhar nos comentários, fique a vontade. Até o próximo post!
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