Nunca Mais Rachel é uma história que traz muitos temas adjacentes, mas aborda a temática principal de forma emocionante trazendo uma sensação de superação e esperança
Saudações, Leitores!
Nunca Mais Rachel (Left Neglected, 2011) foi escrito pela norte-americana Lisa Genova, autora que conquistou o público ao unir sua formação em neurociência à ficção literária. Já conhecida e admirada por mim por seu livro mais famoso, Para Sempre Alice, que trata com sensibilidade e profundidade sobre o alzheimer precoce, Genova voltou a explorar o funcionamento do cérebro em Nunca Mais Rachel, dessa vez abordando a negligência hemisférica esquerda, um distúrbio neurológico raro e impressionante.
Mas, antes de tudo, é importante mencionar que este livro agora está nas prateleiras com uma nova edição e, pasme: mudaram o título e até o nome da protagonista! E o mais engraçado disso é que só descobri porque uma seguidora no Instagram me falou, para completar eu tenho a edição nova porque comprei pela autora e imaginava se tratar de outro livro dela e não deste mesmo (será que choro ou rio?). Agora, Nunca Mais Rachel atende pelo nome de A Outra Metade de Sarah, o que pode causar certa confusão em leitores que, como eu, conheciam a primeira versão. Apesar da mudança de nome soar estranha à primeira vista, a essência da história deve continuar intacta, suponho.
Nesse volume, especificamente, temos uma narrativa que mescla drama familiar, crítica à sociedade produtivista e reflexões sobre maternidade, identidade e prioridades. A trama gira em torno de Rachel (ou Sarah, dependendo da edição - rsrsrs), uma mulher que, aparentemente, tem tudo sob controle: carreira de sucesso, casamento estável, três filhos, uma rotina corrida e uma ambição desmedida. Mas tudo muda quando um acidente de carro provoca um trauma cerebral que a faz perder a percepção de todo o lado esquerdo do seu corpo e do mundo ao redor.
A partir desse evento, acompanhamos sua dura (e muitas vezes frustrante) jornada de reabilitação, ou tentativa de reabilitação, reconstrução e redescoberta. De uma mulher multitarefas e viciada em produtividade, Rachel/Sarah precisa aprender a desacelerar, a depender dos outros, principalmente da mãe, com quem tem uma relação conturbada e a ressignificar o que é ser “completa”.
Lisa Genova, mais uma vez, entrega uma história que nos faz pensar sobre a fragilidade da mente e a força do cotidiano. O embasamento científico da autora é nítido, mas o mais bonito é que ela não se limita a dados ou diagnósticos: ela nos convida a mergulhar nas emoções de quem vive uma condição neurológica incapacitante, nos mostrando não apenas os sintomas, mas o que há por trás deles: medos, lembranças, inseguranças e afetos.
No entanto, Nunca Mais Rachel tem seus altos e baixos. Em alguns momentos, a narrativa parece um pouco repetitiva, especialmente nas descrições da rotina de reabilitação e no principio das terapias Rachel ser intransigente com quem quer ajudá-la, o que pode tornar a leitura menos ágil.
Ainda assim, o saldo é extremamente positivo. A história consegue ser tocante sem ser piegas, e a forma como a protagonista vai (re)aprendendo a enxergar o mundo com “outra metade de si” é, no mínimo, simbólica. Rachel (ou Sarah) é uma personagem que desafia o leitor a repensar o modo como lidamos com o tempo, com as pressões sociais e com aquilo que realmente importa.
Se em Para Sempre Alice mergulhamos no esquecimento, em Nunca Mais Rachel somos levados a encarar o apagamento parcial da realidade e como isso nos transforma de maneira irreversível, embora não chegue a ser tão emocionante e envolvente como o livro anterior que li da autora, Para Sempre Alice, ainda assim é extremamente significativo.
Definitivamente, Nunca Mais Rachel (ou A Outra Metade de Sarah) é um livro que merece ser lido, principalmente por quem busca histórias que unem ciência, empatia e autoconhecimento. Pode não ser perfeito, mas, como a própria Rachel nos mostra, a vida também não é e nem precisa ser para ser significativa.
Espero que você tenha gostado e até o próximo post!
| FICHA TÉCNICA |
| Título Original: Left Neglected Autor: Lisa Genova Tradutor: Maria Luiza X. de A. Borges Gênero: Ficção. Drama. Editora: Nova Fronteira Ano: 2011-2012 | 296 págs. País de Origem: Estados Unidos. Classificação: +15 Aviso de Conteúdo: Acidente de Carro. Problema Neurológico. Negligência Esquerda. Luto. TDAH Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐(4/5) |
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