Persuasão é um lembrete lindo de que o amor verdadeiro resiste ao tempo e às escolhas erradas, é uma história de segunda chances que fazem totalmente a diferença.
Saudações, Leitores!
Hoje, voltamos ao universo atemporal e cheio de ironia de uma das maiores escritoras de todos os tempos: Jane Austen (1775–1817). A autora inglesa é aclamada por sua capacidade de fazer uma crítica social perspicaz, costurando dramas e comédias de costumes, tudo isso com um foco cirúrgico na vida e nos dilemas das mulheres da nobreza rural inglesa do século XIX.
Austen nos deixou pérolas que continuam sendo lidas, estudadas e adaptadas no mundo todo. Aqui no blog, já temos resenhas dos icônicos Orgulho e Preconceito (1813), Razão e Sensibilidade (1811) e Emma (1815), então não deixem de conferir esses clássicos! E agora é a vez de falar de Persuasão (Persuasion, 1817), o último romance completo de Jane Austen, publicado postumamente, e que carrega uma doçura melancólica diferente de suas obras mais efervescentes e, de antemão, confesso que me surpreendeu muitíssimo e que se tornou um dos melhores livros que li da autora inglesa.
Em Persuasão, acompanhamos a história de Anne Elliot, uma jovem sensata e gentil que, aos 19 anos, foi convencida por sua amiga Lady Russell a romper seu noivado com o Capitão Frederick Wentworth, um oficial da Marinha, por considerá-lo de posição social e fortuna insuficientes. Oito anos se passaram, e o cenário mudou drasticamente: a família de Anne, fútil e endividada, precisa alugar a propriedade, e o Capitão Wentworth retorna, agora rico, famoso e solteiro e sendo foco de interesse de muitas moças solteiras.
O volume delineia a jornada de Anne ao reencontrar o amor que ela nunca esqueceu. A narrativa, sutil e intimista, nos mergulha nos seus sentimentos reprimidos e na sua dor silenciosa, enquanto ela é forçada a conviver no mesmo círculo social do homem que ama e, como já mencionei, agora é cortejado por outras jovens. Mais do que um simples romance, Austen usa Anne para explorar temas como o peso das convenções sociais, o valor da lealdade e da perseverança, e o preço da influência externa nas decisões mais íntimas da vida, deixar-se persuadir por pessoas que não conhecem de fato seu interior por mais que externamente sejam para o seu bem, pode lhe causar ressentimento e o sentimento do "e se..." eu tivesse seguido o meu real desejo?
Persuasão, sem dúvida, é uma história de amor que não está na juventude inocente, mas na maturidade e na segunda chance, mostrando que o verdadeiro valor de uma pessoa não está em seu título ou riqueza, mas em seu caráter.
Eu amei demais essa história e, Persuasão, está entre as minhas obras preferidas da autora! A maneira como a Jane Austen constrói a narrativa, focando na resignação quieta de Anne e na tensão palpável de cada reencontro, é de uma beleza singular. É um romance mais introspectivo e melancólico, o que o torna único em sua bibliografia. Além do mais os demais personagens também tem suas tramas e trazem reflexões importantíssimas, como o jovem. sr. Elliot que visivelmente tem posturas muito bonitas, honestas e louváveis, mas seu caráter real está camuflado no que ele deixa transparecer. Sim, cada personagem e cada reviravolta que a autora nos coloca tem um impacto e uma reflexão muito a frete de seu tempo, por isso que Austen é ainda tão reconhecida e lida.
Porém, preciso fazer uma ressalva sobre a edição que li, da Martin Claret faz tempo que tenho essa edição e, claro que iria ler nela, pois é a que tenho (lembro inclusive que comprei porque gostei da cada e os livros seguiam o padrão da coleção), mas é um pouco difícil a linguagem e o início de cada capítulo é com uma fonte como se fosse manuscrita que também dificulta a leitura... No início da leitura isso foi bem árduo, por isso procurei amostras grátis de outras edições no site da Amazon e achei as da Zahar e Antofágica com linguagem um pouco mais acessível na tradução. Esta edição que li tem uma linguagem e construção frasal mais clássica e menos usual que as de hoje. Achei um pouco mais difícil de ler no começo, demorei mais para engrenar, mas no final, isso não foi um problema, sabe?
A gente lê tanta coisa contemporânea com uma tradução modernizada que, quando pega um clássico na sua linguagem mais fiel à época, já tem um impacto inicial. Mas com o virar das páginas, você vai se acostumando e se adequando à cadência mais formal. Mais acho importante deixar essa ressalva, sabe? Se você é um leitor que não se incomoda em ler um livro com esse sabor mais arcaico e mais próximo do século XIX, a edição é boa. Mas se busca fluidez total, talvez valha a pena pesquisar outras traduções para facilitar a imersão.
Por fim, Persuasão é um lembrete lindo de que o amor verdadeiro resiste ao tempo e às escolhas erradas. A forma como Austen nos mostra a vida da própria Anne, uma mulher que se torna uma observadora perspicaz do mundo após a desilusão, é o que torna este livro tão atemporal e profundo. Se você ama romance de época, mas quer algo mais maduro e silenciosamente emocionante, este é o livro certo. Terminei a leitura querendo mais.
Espero que você tenha gostado desse veredito e até a próxima leitura!
| FICHA TÉCNICA |
| Título Original: Persuasion Autor: Jane Austen Tradutor: Roberto Leal Ferreira Gênero: Ficção. Romance de Época. Clássico. Editora: Martin Claret Ano: 1817-2012 | 310 págs. País de Origem: Inglaterra. Classificação: +14 Aviso de Conteúdo: Capacitismo. Misoginia. Sexismo. Luto. Elitismo. Morte. Confinamento. Colonização. Doença crônica. Manipulação. Morte parental. Abuso emocional. Relacionamento tóxico (amizade e amoroso). Guerra (mencionado). Minha avaliação:⭐⭐⭐⭐✨(4,5/5) |
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