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Eu, Robô - Isaac Asimov (resenha)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

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Eu, Robô é altamente recomendado para quem busca uma ficção científica mais cerebral, que se apoia na lógica e na filosofia

Saudações, Leitores!

Eu, Robô (I, Robot, 1950) é uma das obras mais influentes e canônicas da ficção científica (Sci-fi), escrita pelo lendário Isaac Asimov (1920-1992). Confesso que, apesar de conhecer a importância histórica do livro, a experiência de leitura superou minhas expectativas, inclusive, admito que iniciei meio cética e no final amei a maneira como o autor constrói seu universo e sua prosa absolutamente fluída. Não conseguia soltar o livro! É vergonhoso eu ter começado a leitura com essa expectativa, pois antes já tinha lido um conto do autor e tinha amado: O Homem Bicentenário.

Eu, Robô é uma coletânea de contos, esses contos estão interligados (mas também podem ser lidos separados, porque tem começo, meio e fim), até mesmo porque Isaac Asimov foi publicando os contos um de cada vez em periódicos e depois coletou-os num livro fazendo algumas edições para que se conectassem ainda mais e, assim, deu-se a gênese de uma ideia que moldou a ficção científica moderna, e o principal: esse é considerado por muitos o melhor livro para iniciar a leitura de séries de robôs de Asimov.

(Vou abrir um parêntese para dizer que aqui no site temos o Guia para Leitura do universo de robôs criado por Isaac Asimov, não deixe de conferir!)

Isaac Asimov dispensa apresentações, mas quero falar um pouco sobre ele, afinal pretendo iniciar uma jornada lendo algumas de suas obras, ok? O autor não foi apenas um prolífico escritor russo-americano, mas também foi professor de bioquímica. É considerado mestre de Ficção Científica, um dos "Três Grandes", junto com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke. Sua obra é abrangente, escrevendo não só ficção, mas ensaios científicos. Destacou-se com as Sagas da Fundação, dos Robôs e do Império Galáctico e, claro, a criação das Três Leis da Robótica., unificando todos esse universo explorando temas complexos como psicohistória, inteligência artificial e o futuro da humanidade. 

Contudo, a vida pessoal de Asimov não passou imune a escrutínio; após sua morte, vieram à tona alegações e relatos em biografias sobre seu comportamento inapropriado em público e em eventos de ficção científica, onde ele era conhecido por apalpar e fazer comentários indesejados para mulheres, um tema que gera debate sobre como separar a genialidade de sua obra de suas condutas controversas. Eu sou do time que consegue separar autor da obra, mas reconheço o comportamento deplorável e desrespeitoso do autor. 

Esclarecendo tudo isso, vamos à obra.

Eu, Robô, como já mencionei, é uma coleção de nove contos interligados (1. Robie; 2. Andando em círculos; 3. Razão; 4. É preciso pegar o coelho; 5. Mentiroso; 6. Um robozinho sumido; 7. Evasão!; 8. Evidência e 9. O conflito evitável) que formam um panorama coeso sobre a evolução da robótica e seus problemas morais e lógicos. 

A narrativa é costurada pela figura da Dra. Susan Calvin, uma psicóloga de robôs que, já idosa, com 82 anos, está concedendo uma entrevista e esses contos nada mais são do que a Dra. Calvin revisitando a história da U.S. Robots and Mechanical Men e narrando alguns momentos nessa entrevista, porém uma curiosidade é que a psicóloga de robôs só aparece, de fato, em 5 dos 9 contos, mas os outros 4 subentende-se que ela teve conhecimento dessas histórias por trabalhar e atuar fortemente na empresa.

Os Contos foram postos neste volume de modo que se desenrolassem cronologicamente, mostrando os dilemas enfrentados por engenheiros e psicólogos à medida que os robôs se tronavam mais avançados e complexos. O cerne de todas as tramas desse livro são as famosas Três Leis da Robótica criadas por Asimov.

Lei 1: Um Robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal;

Lei 2: Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto se estas ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei;

Lei 3: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Lei.

Desse modo, em cada conto, a trama reside em uma "falha lógica" ou o que podemos chamar de interpretação ambígua dessas leis, afinal toda lei pode dar margens a múltiplas interpretações, não é mesmo? Isso fica em evidência em todos os contos, mas para ilustrar vou citar o conto Mentiroso, onde um robô supostamente consegue ler mentes ou em Robbie, que aborda a relação de afeto entre uma criança e seu robô. 

É a complexidade das Três Leis da Robótica e a maneira como Asimov as testa que comprova que a leitura de Eu, Robô é uma vasta experiência mental sobre a ética das máquinas. E foi incrível ver que cada lei tem uma brecha que cada robô ao avançar e evoluir pode interpretar de um modo totalmente diferente o que proporciona muito trabalho para os humanos porque tudo tem que ser pensado de maneira lógica e literal. 

Como disse lá no início, Eu, Robô superou minhas expectativas e a experiência não poderia ter sido melhor. A forma como Asimov utiliza os nove contos para construir um único arco narrativo, explorando as consequências filosóficas de cada nova invenção robótica, é simplesmente genial. Uma análise mais profunda sobre esse livro me faz refletir que ele é uma investigação sensível e intelectual sobre a moralidade, a lógica e o que significa ser humano. Tem muitas partes filosóficas e reflexivas não apenas sobre o comportamento e a evolução das máquinas, mas sobre o comportamento dos humanos.

O que eu quero dizer com isso? O comportamento do homem de, verbalmente, querer a paz, mas suas ações girarem em torno de guerras e poder, sobre a maneira como a humanidade trata as máquinas ou como propriedade ou com medo e desconfiança e isso pode levantar questões e discussões implícitas como o preconceito, a submissão e o tratamento dos outros.

Em suma, Eu, Robô é uma obra que consegue ser atemporal. É altamente recomendada para quem busca uma ficção científica mais cerebral, que se apoia na lógica e na filosofia. É um livro que me fez questionar a própria natureza da moralidade e, por isso, o considero um volume inesquecível. Já estou preparada para continuar lendo as ficções do autor (não tenho interesse nos artigos científicos).

Outro pequeno detalhe que ia esquecendo de mencionar é que existe uma adaptação cinematográfica datada de 2004 desse livro com o mesmo nome: Eu, Robô e foi estrelada por Will Smith. Eu já assisti há muitos anos atrás e não lembro direito o que achei, mas já posso assistir novamente e fazer um comparativo, né? Aguardem!

Obrigada por ler até aqui e nos "vemos" no próximo post!

FICHA TÉCNICA
Título Original: I, Robot
Autor: Isaac Asimov
Tradutor: Aline Storto Pereira
Gênero: Ficcão Científica. Sci-fi.
Editora: Aleph
Ano: 1950-2014 | 320 págs.
País de Origem: Rússia. Norte-Americano (naturalizado)
Classificação: +15
Aviso de Conteúdo: Capacitismo. Morte. Sexismo. Misoginia. Violência. Acidente de carro. Escravidão (menção). Relacionamento adulto/menor (menção). Doença mental (menção).
Minha avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐(5/5)

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