Resenha: A Metade Sombria - Stephen King

A Metade Sombria, Stephen King, Rio de Janeiro: Suma, 2019, 464 pág.

Tradução: Regiane Winarski

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Saudações Leitores!
A Metade Sombria (original: The Dark Half, 1989) de Stephen King (Sob A Redoma, Mr. Mercedes, Achados e Perdidos, Último Turno, Celular) foi uma leitura de tirar o fôlego e arrepiar os pelos.

Misturando realidade, ficção e traços autobiográficos, King, surpreende seus leitores com uma estória macabra, de tirar o fôlego e revirar o estomago.

"Palavras no papel criaram ele, e palavras no papel são a única coisa que vão nos livrar dele."

Em A Metade Sombria vamos nos deparar com o seguinte: Thad Beaumont, é um escritor até certo ponto desconhecido, no entanto, o pseudônimo que ele criou - chamado George Stark - é muito famoso e arrebanhou uma quantidade surpreendente de fãs e leitores.

"... afinal, ele era escritor de ficção... e um escritor de ficção no fundo não passava de um sujeito pago para contar mentiras. Quanto maiores as mentiras, melhor o pagamento."

Entretanto, quando um de seus fãs descobre que o escritor por trás de Stark é Thad, Thad se vê desmascarado e, junto com sua esposa e editores, decide decretar a morte de Stark, pois não pretende mais escrever usando este pseudônimo.

That Beaumont quer escrever seus livros "reais" que há tempos estavam engavetados, pois necessitava escrever os livros de Stark, já que eram eles que vendiam e, consequentemente, colocavam "comida" na sua mesa.

"Mas aquilo era um sonho, um sonho ruim, e para ele a essência dos sonhos ruins era a falta de controle. Era como estar em uma montanha-russa que podia a qualquer momento pegar uma descida íngreme e jogar você em um muro de tijolos, onde morreria espalhando tanta sujeira quanto um inseto esmagado por um mata-moscas."

Porém, George Stark se recusa a "morrer" e isso fica evidente quando as pessoas que estavam por trás da morte ficcional de Stark aparecem assassinados das mais brutais formas. Todos os indícios e pistas levam os policiais a crer que o assassino é Thad Beaumont e este, está certo de que é Stark.

A narrativa de A Metade Sombria se torna frenética e o leitor não consegue largar o volume, pois precisa saber quem é Stark e seus motivos para fazer o que está fazendo. Além do mais a leitura tem uma carga dramática de mistério e apreensão pois a cada virar de página algo horrível e assustador pode estar prestes a acontecer.

"OS PARDAIS ESTÃO VOANDO NOVAMENTE."

King soube colocar a medida certa de suspense e terror em A Metade Sombria, tornando a leitura instigante do começo ao fim. Ademais a junção de ficção com fatos verídicos tornou o livro ainda mais coerente, o que já é de se esperar em uma obra do autor pois elementos fantásticos e sobrenaturais em seus livros são comuns e se tornaram sua marca registrada.

Acerca da edição da Editora Suma, não encontro palavras para expressar o quanto está maravilhosa, a tradução está sensacional e, para dar uma qualidade a mais ao conteúdo, temos a parte de extras em que o autor nos conta como surgiu a ideia de escrever o livro elencando que foi baseado em uma experiência que viveu. 

Essa informação fez meu queixo cair e eu só consegui admirar ainda mais Stephen King, pois criar um livro baseado em algo "corriqueiro" na vida de um escritor é... simplesmente... estarrecedor... sensacional!

"Mas escritores CONVIDAM fantasmas, talvez; junto com atores e artistas, eles são os únicos médiuns totalmente aceitos da nossa sociedade. Eles criam mundos que nunca existiram, populados por pessoas que nunca existiram e depois nos convidam para nós juntarmos a eles nas fantasias. E nós vamos, não vamos? Sim. Nós PAGAMOS para isso."