Eu sei que existem na blogosfera muitas resenhas sobre essa trilogia e sinto-me feliz por postar essa resenha, provavelmente não irei dizer muitas novidades, mas vou tentar passar minhas impressões sobre a leitura que me surpreendeu muito, confesso que estava com medo de lê-lo porque eu poderia ficar frustrada, mas o Clube do Livro do qual faço parte combinou de ler para a discussão então foi a melhor oportunidade de todos os tempos para eu fazer a leitura, e agora eu me derreti pelo livro...
Antes quero me desculpar pela resenha ser enorme, mas eu jamais conseguiria fazer uma menor e tenho a ligeira impressão de que eu poderia continuar escrevendo sobre esse livro por muitas e muitas páginas:
Jogos Vorazes, Suzanne Collins, Rio de Janeiro: Rocco, 2010, 397 pág. (traduzido por
Alexandre D’Elia)
Jogos Vorazes (como todos devem saber) é o
primeiro livro de uma trilogia com o mesmo nome e foi originalmente publicado
em 2008 nos Estados Unidos. O livro já tem uma adaptação cinematográfica sob o
título homónimo e foi dirigido por Gary Ross.
A história se passa num período pós-apocalíptico onde
depois de guerras e catástrofes o lugar que hoje fica a América do Norte se
transformou em um país chamado Panem que inicialmente era composto por 13
distritos governados pela Capital, mas após uma rebelião do Distrito 13 a
Capital ‘extermina’ esse distrito e a partir daí, para provar que está no
comando de todos os demais distritos ela cria um reality show chamado Jogos
Vorazes:
"As regras dos Jogos Vorazes são simples. Como punição pelo
levante, cada um dos doze distritos deve fornecer uma garota e um garoto -
chamados tributos - para participarem. Os vinte e quatro tributos serão
aprisionados em uma vasta arena a céu aberto que pode conter qualquer coisa: de
um deserto em chamas a um descampado congelado. Por várias semanas os
competidores deverão lutar até a morte. O último tributo restante será o
vencedor." (p.24)
Parece assustador, não é mesmo? Bem, às vezes, aquilo
que parece realmente é. Assim sendo, todo ano há um dia em que a Capital
decreta o dia da colheita em que representantes vão até cada distrito e
recolhem os dois tributos. Para infelicidade geral, a irmã de Katniss (nossa
narradora personagem), moradora do Distrito 12, é sorteada logo na primeira vez
e como ela ainda é uma criança Katniss se oferece para ir no lugar dela. Peeta
(o filho do padeiro) é o escolhido para ser o tributo masculino do Distrito 12.
Ambos os tributos são levados para a Capital para se
juntarem aos outros tributos. No total a septuagésima quarta edição dos Jogos Vorazes
trazem 24 participantes em que apenas um será o ganhador. Isto é: ao final do ‘jogo’
deverá haver uma taxa de mortalidade de 23 pessoas. Assustador?! É sim e muito,
mas ainda nem começou o jogo.
Na arena (local onde acontece o jogo) é tudo muito
assustador, pois é cada um por si, embora aconteçam algumas alianças,
entretanto, acredito que isso é ainda mais assustador.
O livro é divido em três partes (Parte I: Os tributos,
Parte II: Os Jogos e Parte III: O Vitorioso) a narrativa é envolvente e muito
viciante, é como se a autora tivesse a capacidade de nos teletransportar para dentro da
arena (ao lado de Katniss) apenas com as palavras. Devo salientar que o livro
além de inteligente e ter uma narrativa viciante é muito bem escrito.
Não posso deixar de falar que os personagens são
realmente bem desenvolvidos, sem querer, nos deixamos cativar por quase todos,
inclusive por alguns que sabemos que irão morrer já que essa é a única regra do
jogo.
Também não posso deixar de falar da personagem
principal: Katniss, pois ela me agradou e muito – apesar dela ser meio bobinha –,
mas veja: ela não é aquela personagem principal que precisa de proteção,
inclinada a cometer bobagens que lhe levem a morte ou que precise de um clã
tentando salvar sua vida, mas ela luta com todas as forças e mesmo que tenha
meda e dúvidas e remorso ela tenta se vestir de coragem. Isso me fascinou muito
nela.
"Se eu tiver que chorar, agora é o momento para isso. De manhã já
terei sido capaz de enxugar os estragos causados pelas lágrimas em meu rosto.
Mas não há nenhuma lágrima. Estou cansada e entorpecida demais para chorar. A
única coisa que sinto é um desejo de estar em qualquer outro lugar." (p.61)
Ademais, Katniss tenta aparentar ser dura e forte, mas
tudo isso não passa de uma forma de autodefesa, afinal desde pequena que ela
sofre, principalmente depois da morte do pai, pois começa a carregar nos ombros
a responsabilidade de cuidar da família: de sua mãe e de sua irmã, Prim. De
certa forma, eu consegui entender tão bem essa personagem... Era como se eu
estivesse vivendo os sentimentos conflitantes que ela vivia. Tinha momentos na
leitura que eu ficava devastada com a sua dor e eu tinha que dar aquela parada
para respirar e recuperar minhas forças.
Peeta Mellark (o filho do padeiro) também me deixou
muito confusa e desconfiada, na verdade eu não conseguia entender o jogo dele,
mas acredito que isso se deu porque eu o estava vendo pelos olhos da Katniss
(afinal ela é quem estava contando a história), mas desde o começo eu fiquei a
suspirar por ele, mesmo diante do caos dos jogos ele tem por objetivo manter a
sua integridade e isso me fez admirá-lo. Muito.
Claro que também me envolvi com o Gale (melhor amigo
de Katniss) apesar de ele ter uma participação quase insignificante neste livro
– ele só aparece no começo –, mas ele é daqueles personagens que quando
aparecem já lhe cativa e rouba a cena... Enche as páginas do livro...
Aceitei Gale facilmente e o admirei desde o principio,
logo ele sofreu como a Katniss e suas histórias se entrelaçam e se unificam. Já
em relação ao Peeta, minha ‘relação’ com ele nasceu cheia de conflitos, gostei
dele no principio, depois o odiei, depois comecei a gostar de novo e senti muitas
dúvidas. Acho que posso afirmar que o admiro e gosto do jeito dele é cativante.
Confesso que eu sempre tive vontade de ler Jogos Vorazes, mas tinha muito medo de
me decepcionar, pois tinha sérias dúvidas se a Suzanne seria capaz de narrar de
forma dinâmica e agradável um reality show, mas agora vejo que é possível e que
a autora me deixou de queixo caído, pois além de narrar com maestria o reality
ela soube criar uma história fantástica e viciante.
Não vou falar mais, porque é impossível fazer uma boa
resenha desse livro, pois nada do que eu disser não chegará nem próximo do que
é esse livro, a conselho a leitura, tenho certeza que esse tipo de livro irá
agradar a qualquer tipo de leitor: dos mais novos aos mais adultos. JV além de viciante, tira o fôlego e te coloca diante de vários
questionamentos sobre o abuso do poder, a falta de respeito pelas pessoas, a
dignidade, o amor e a amizade, enfim, proporciona reflexões fantásticas acerca do ser humano e da sociedade. Só posso desejar a todos os leitores: “Feliz
Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre a seu favor!”.
Camila Márcia