A Fortuna mantêm o ritmo e entrega tudo o que promete. Amei!
Saudações, Leitores!
A Fortuna (The Fortune, 1983), de Michael McDowell, dá continuidade a essa saga sulista que mistura drama familiar, horror atmosférico e um toque de realismo mágico de forma tão única, trata-se do 5º volume da série Blackwater. Para quem ainda não sabe, o autor foi um escritor norte-americano conhecido por transitar com facilidade entre o terror gótico e o horror cotidiano.
Aqui no blog temos resenha dos volumes anteriores: A Enchente, O Dique, A Casa e A Guerra. Se você ainda não conhece a saga, recomendo que leia a primeira resenha que não traz spoiler, mas esta aqui, trará, ok?
Neste quinto volume, A Fortuna, retornamos à Perdido acompanhando o desdobramento daquilo que sempre moveu esta série: poder, dinheiro, segredos e as consequências de escolhas feitas décadas antes. McDowell continua entrelaçando passado e presente de forma tão fluida que nem percebemos quando estamos, de fato, sendo puxados para dentro da teia emocional dos Caskey. Aqui, vemos os personagens lidando com o peso de suas heranças materiais e imateriais, enquanto velhas tensões retornam com força. Sem entrar em spoilers, posso dizer que a narrativa passa por acontecimentos que só fazem sentido para quem percorreu toda a jornada até aqui, incluindo pequenas pistas que lá no início pareciam detalhes descartáveis, mas que agora se revelam engrenagens essenciais da construção dramática.
Esse livro tem um duplo sentido até no nome, porque a fortuna pode ser o dinheiro dos Caskey que só aumenta, sobretudo após a descoberta de um poço de petróleo e também pode ser a valorização da família como a verdadeira fortuna e é isso o Frances vai nos mostrar de forma bem sobrenatural.
Os temas centrais continuam sendo apresentados com uma sutileza elegante: maternidade em suas múltiplas camadas, o impacto silencioso do poder feminino, a luta por controle dentro das dinâmicas familiares, as sombras que teimam em seguir determinadas linhagens e, claro, aquela gota de sobrenatural que se torna mais intensa justamente quando você já achava que tinha entendido tudo. Mas o mais interessante é que McDowell não trabalha com sustos, mas com atmosferas que grudam e nos deixam extremamente curiosos, mesmo sem "dizer" claramente. Além disso, em A Fortuna isso fica ainda mais evidente, especialmente porque começamos a ver o peso de decisões antigas recaindo sobre personagens que acreditavam estar seguros.
Preciso dizer que gostei muito da fluidez deste volume. A leitura parece deslizar, como as águas do rio Blackwater, sempre calmas na superfície, mas carregando algo inquietante lá no fundo e que nunca sabemos o que é. Os personagens evoluem de maneira coerente e ao mesmo tempo surpreendente, e é exatamente essa combinação que torna a experiência tão envolvente. A trama, que já vinha preparando terreno desde início, finalmente mostra suas intenções, e por mais que o fim deste livro estivesse sendo conduzido pela narrativa de maneira muito clara eu fiquei em choque.
A Fortuna consegue manter o fôlego da série e ainda ampliar o impacto do que já foi construído. Michael McDowell faz aqui o que faz de melhor: pega uma história que poderia ser apenas mais um drama familiar e transforma em algo visceral, denso e cheio de camadas. É impossível não sentir que estamos nos aproximando de um desfecho maior e isso só torna tudo mais tenso.
Estou extremamente curiosa para o livro de conclusão dessa série, Chuva, para ver como McDowell amarrará todas as pontas soltas. Se você ainda não começou Blackwater, pare tudo o que estiver fazendo e vá ler!
Obrigada por ter lido e até a próxima postagem!
| FICHA TÉCNICA |
| Título Original: The Fortune (Blackwater, v.5) Autor: Michael McDowell Tradutor: Fabiano Morais Gênero: Ficção. Suspense. Mistério. Editora: Arqueiro Ano: 1983-2025 | 272 págs. País de Origem: Estados Unidos. Classificação: +14 Aviso de Conteúdo: Sobrenatural. Assassinato. Monstros. Minha avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐(5/5) |
Postar um comentário
Muito obrigada pelo Comentário!!!!